segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Grevistas são hostilizados em carreata no Sul da Bahia

População argumenta que salário de policiais, de R$ 2.400, é equivalente a de médico iniciante; comerciantes temem Carnaval esvaziado
Grupos de policiais militares que saíram no início da tarde desta segunda-feira, 6, em carreata por cidades do litoral sul baiano puderam constatar que o movimento grevista não tem apoio algum da população. E a indignação não é só pelo caos causado em uma região turística, às vésperas do Carnaval.
O piso salarial da PM na Bahia chega a R$ 2.400 mensais, mais que o dobro do salário médio da região, o que tem gerado revolta contra a greve em todos os setores da sociedade, do empresário do ramo hoteleiro ao feirante.
O salário dos policiais é citado em qualquer conversa de padaria em cidades como Itabuna, Nova Ibiá, Itamarí, Teolândia, Wenceslau Guimarães e Gandu. Era visível a vontade que feirantes tinham de vaiar ontem a carreata de PMs que passou em frente à Centrais de Abastecimento de Ilhéus. “Eu vendo manteiga e queijo há mais de 30 anos e nunca consegui tirar R$ 2.400 por mês. É um aburdo o que esses policiais estão fazendo de novo com a gente, justo agora que o Carnaval tá chegando”, disparava no entreposto a sergipana Ednéia Francisca de Oliveira, de 61 anos. Ela iniciou a primeira de uma leva de desaforos disparados por outros feirantes contra o grupo de policiais.
No interior e em municípios pobres do sul baiano, onde 2.200 PMs estão parados, a renda média mensal da população não passa de R$ 910 mensais, segundo dados do Censo 2011 do IBGE. O vencimento de um policial baiano é quase igual ao piso de R$ 2.600 pago aos professores da rede municipal paulistana de ensino. Nos postos de saúde da rede estadual da Bahia, o vencimento de um médico plantonista em início de carreira é inferior ao salários dos policiais – são R$ 2.500 mensais por 40 horas por semana.
Até uma tímida vaia chegou a ser ensaiada por vendedores de coco contra os PMs que passaram no entreposto de Ilhéus para pedir apoio à paralisação. “Policial ganha melhor do que qualquer comerciante aqui em Ilhéus. Todos eles têm carro zero, casa, salário bom, trabalham 12 horas e descansam 36. E ainda fazem greve perto do Carnaval, quando todo mundo precisa fazer dinheiro para garantir o ano”, reclamava Francisco Antonio Teixeira, de 57 anos, dono de uma barraca de coco.
Cientes do clima hostil, os policiais nem chegaram a descer das motos para conversar com os feirantes, como estava previsto inicialmente. Pelo centro de Ilhéus também houve xingamentos. “Tem hóspede do Brasil inteiro me perguntando sobre reembolso de reservas. Isso vai quebrar a economia da cidade. Uma categoria que já foi tão valorizada nos últimos anos, que tem uma condição bem melhor que a maioria das famílias da cidade, não poderia fazer isso”, disparou Elton Pacheco de Souza, de 61 anos, dono de três hotéis em Ilhéus e em Porto Seguro.
No Estadão

Um comentário:

Luciano disse...

O correto seria demitir todos eles e abrir novo concurso.
Taí a receita!