sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Petrobras é técnica? É política? É nossa!


Segunda-feira, a Petrobras troca de comando, com a entrada de Maria das Graças Foster no lugar de José Sérgio Gabrielli na presidência da empresa.
Troca de comando, mas não troca de política. A ordem é acelerar os investimentos da empresa e coube a Gabrielli enfrentar a etapa mais pioneira deste processo.
A conversão de uma enorme empresa, com estrutura, rotina e capacidade para ser uma das grandes petroleiras do mundo numa empresa gigantesca, com a vocação de ser a maior petroleira do mundo.
Porque Gabrielli chegou à Petrobras antes do pré-sal. E o pré-sal, até 2020, significa uma Petrobras com o dobro da produção que, sem ele, se poderia esperar para este mesmo prazo.
Porque o pré-sal ser um achado, uma dádiva providencial ao povo brasileiro não é um fato em si, e pronto. É resultado de um processo de acumulação de conhecimento da empresa – onde brilhou Guilherme Estrella, o lider dos ousados que decidiu ir além do horizonte petrolífero convencional – e tem como consequência uma mudança de qualidade na própria organização da atividade petrolífera no país.
Um número resume magistralmente esta mudança: em 2007, a empresa – já então líder no segmento exploratório de águas ultraprofundas – possuía duas sondas de águas ultraprofundas, com capacidade de perfurar em lâminas d´água acima de 2,5 mil metros de profundidade. Hoje, opera 26 e terá 65 delas em 20o2, metade delas produzida aqui, como as 26 que se contratou, definitivamente, ontem.
Quando se considera que cada uma destas sondas custa meio bilhão de dólares, é possivel compreender a complexidade de tamanha decisão empresarial.
Agora, extrapole isso para terminais, gasodutos, navios, barcos de apoio, refinarias, equipamentos, tecnologia, especialistas, logística e tudo o mais e verifique se seria tarefa simples para o melhor administrador da face da terra.
Dizer que Gabrielli era “um político” à frente da empresa é verdade, mas apenas meia-verdade. Não apenas porque é um economista de qualificação extraordinária como porque, também e por isso, compreendeu que a reestruturação necessária para fazer frente ao desafio fazia parte de um embate político de mais de 70 anos no Brasil: termos a capacidade de controlar – e controlar – a grande fonte da riqueza mundial, ao lado do trabalho, que é a energia.
Mas sim, ele foi político e não poderia ser um bom administrador se não o fosse. Porque o desafio da Petrobras é permanentemente político, por fazer parte essencial de um projeto de país que ainda está por se realizar e que, por cinco séculos, esbarra nas forças terríveis que drenaram nossas riquezas e que construíram – aqui e com brasileiros – uma camada de beneficiários deste saque e a ideologia da incapacidade de nos condiserarmos capazes de trabalhar, criar, produzir e progredir por nossas próprias pernas e em favor de nossas próprias vidas.
Gabrielli soube entender que ele não era o “pequeno imperador” de uma grande empresa. Poderia ter sido, facilmente, um Agnelli do petróleo, bajulado pela mídia, correndo para apresentar resultados expressivos na quantidade e vazios no conteúdo, porque obtidos em detrimento do desenvolvimento da indústria nacional, do emprego dos brasileiros, da criação de conhecimento e tecnologia que, ao contrário dos bolsões de petróleo, são inesgotáveis.
Soube associar, com Lula e Dilma. o futuro da Petrobras ao futuro do Brasil e dos brasileiros. A Petrobras voltou a ser amada, voltou a ser um ícone de nossos sonhos de futuros e, sobretudo, voltou a ser um instrumento de sua construção. Aos idiotas que querem tudo mais rápido, mais barato, mais lucrativo em instantes, a Petrobras respondeu com um sistema de compras consistente, que reativou e multiplicou o parque produtivo nacional, as oportunidades de trabalho, a formação de profissionais e, ainda por cima, nos devolveu, com a capitalização, uma fatia daquilo que Fernando Henrique havia, criminosamente, entregue à Bolsa de Nova York.
No último ano, soube ser paciente e conduzir com prudência o apoio que a empresa – tão apoiada pelo país – precisava devolver ao Brasil, contendo preços para livrar o Brasil do ataque especulativo que pressionava a inflação. Compreendeu que, tanto quanto plantas industriais e equipamentos, o apoio dos brasileiros é um grande capital daquela empresa.
Agora, passa a Graça Foster o comando da empresa.
Dizer que Graça é uma técnica é, igualmente, uma meia-verdade.
Ela sabe, em sua prória existência pessoal, o que a Petrobras pode fazer pela vida das pessoas e deste país. Sabe que, sem a paixão pelo Brasil a Petrobras não teria nascido e, muito menos, sobrevivido a todo o ódio que lhe votam aqueles que vêem no país apenas uma fonte de enriquecimento pesoal. Sabe que ela é capaz de tirar milhões da pobreza e que, por ser assim, não pode parar, transigir, vacilar e tremer diante dos desafios.
O seu desafio não é, como o de Gabrilli não foi, nada pequeno. Se as plantas da construção estão traçadas e seus alicerces bem fundados, o tamanho e a complexidade das estruturas que saião deles vai exigir, a toda hora, ajustes e correções. A “engenheira-chefe” desta obra não será nem poderia ser apenas uma planejadora ou gestora. Por mais que haja áreas específicas, entregues a comandos próprios e responsáveis, ela terá de percorrer e olhar por todas elas, todo o tempo.
Animando, desafiando, cobrando, exigindo e, sobretudo, decidindo, por vezes com alguns sacrifícios e prejuízos nada agradáveis dentro de uma corporação.
Uma missão de gerente? De certa forma, sim, como é de se esperar de quem tem essa responsabilidade funcional. Mas, também, uma missão fundamentalmente política, porque se a Petrobras é a edificação concreta do sonho dos brasileiros, este sonho também é matéria prima, tanto quanto o concreto e o ferro, desta construção nacional. E jamais pode se permitir que esta matéria-prima, a compreensão e o amor por esta grande empresa se perca no tecnicismo ou se abale com as campanhas, imensas e incansáveis, que se farão contra ela.
Os tolos, os céticos, os descrentes que se preparem. Os próximos anos vão tornar evidente o tamanho do gigante que está se erguendo e erguendo com ele, para o lugar que merece, o povo brasileiro.
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PITACO DO ContrapontoPIG
E pensar que no governo FHC a petrobras quase foi vendida...!
Como estaríamos agora?
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