Em
frente à sede tucana em Brasília, manifestantes gritam contra violência
policial no despejo no Pinheirinho e cobram punição de responsáveis.
Para eles, governador Geraldo Alckmin e prefeito Eduardo Cury, ambos do
PSDB, são culpados. Rua próxima foi interditada por cerca de 200
pessoas. Também houve protestos em São José dos Campos. Nesta sexta (3),
haverá no Rio.
Brasília –
A sede nacional do PSDB, em Brasília, foi alvo de um protesto nesta
quinta-feira (2) por parte de manifestantes que condenam a violência da
ação policial que despejou 1,6 mil famílias de sem-teto da região
conhecida como Pinheirinho. O partido foi atacado porque, para os
manifestantes, o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, e o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ambos tucanos, seriam os
responsáveis máximos pela desocupação.
Durante
uma hora e meia, os participantes gritaram palavras de ordem contra a
remoção e pediram a punição dos responsáveis. Nenhum membro do partido
saiu da sede para dialogar com os manifestantes. Após deixarem o local,
fecharam por meia-hora uma rua próxima. Segundo os organizadores, havia
250 pessoas. Já a Polícia Militar (PM) diz que eram 200.
“Nós
queremos dizer para o PSDB que não é assim que se faz remoção, que não é
assim que se trata trabalhador. Exigimos a punição do governador, que
autorizou a ação da Polícia Militar, e do prefeito, que determinou que a
Guarda Municipal auxiliasse esta ação desumana”, afirmou Edson
Francisco da Silva, membro da coordenação nacional do Movimento dos
Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
“Até
mesmo o juiz estadual Rodrigo Capez, que endossou a violência cometida
em Pinheirinho, acompanhando a ação diretamente no local, tem ligações
diretas com o partido. Ele é irmão do deputado estadual paulista
Fernando Capez, também filiado ao PSDB”, disse o coordenador da Central
Sindical e Popular (CSP-Conlutas) no Distrito Federal, Robson da Silva.
Para
ele, a desocupação de Pinheirinho foi um ato violento e desumano, que
não pode ser esquecido até que os culpados sejam punidos e os
desabrigados, consigam novo teto. “Aquelas famílias viviam ali há sete
anos e não representavam problema para ninguém, a não ser para os
especuladores imobiliários”, disse.
A
área, de 1,43 milhões de metros quadrados, pertence à massa falida de
uma empresa do megaespeculador Naji Nahas, que deve cerca de R$ 12
milhões em impostos federais e R$ 14 milhões, em municipais. “O governo
federal também precisa se posicionar de forma mais efetiva sobre o
assunto e tomar medidas concretas para ajudar as famílias removidas”,
disse Edson Francisco.
Para ele, é
importante lembrar que a operação de remoção contou com dois mil PMs,
dezenas de carros e dois helicópteros. E que resultou em, pelo menos, um
trabalhador baleado, centenas de feridos, mais de 30 lideranças presas e
sete pessoas desaparecidas.
“As
autoridades não permitem a saída dos moradores e nem mesmo a entrada das
lideranças populares ou da imprensa. É mais um crime cometido pelo
PSDB: a implantação de campos de concentração no Brasil”, acrescentou
Robson da Silva.
Mobilização nacional
O
protesto em Brasília fez parte de um conjunto de atos realizados
simultaneamente em várias cidades do país. Em São José dos Campos, cerca
de cinco mil pessoas, de acordo com os organizadores, que percorreram
as principais ruas do centro da cidade.
"Foi
o maior ato público da história do município, com a presença de
militantes de nove estados da federação”, disse o secretário-geral do
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e membro da executiva
nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha.
Segundo
ele, o ato percorreu as principais ruas do centro e se concentrou em
frente à Prefeitura Municipal. “Nós protestamos não só contra a
desocupação de Pinheirinho, mas também contra a onda de criminalização
de lideranças sindicais e populares promovida pela administração
municipal”, afirmou.
Amanhã, o
Rio de Janeiro é que será palco de um ato pró-Pinheirinho. “Não vamos
deixar que o desabamento de prédios no centro do Rio e nem mesmo o
carnaval nos façam esquecer daquela verdadeira tragédia. Continuaremos
cobrando providências”, acrescentou Robson.
Nesta
semana, a desocupação de Pinheirinho foi denunciada à Organização das
Nações Unidas (ONU) por entidades de defesa dos direitos humanos. A
Assembleia Legislativa de São Paulo também informou que preparou um
dossiê para enviar ao órgão e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O
deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que acompanha as negociações de
Pinheirinho desde o início, informou que a Câmara dos Deputados também
irá instaurar uma comissão para apurar o caso.
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