Em 2006, Aécio Neves, Tasso Jereissati e FHC jantaram com Serra para discutir sucessão presidencial, mas não chamaram Alckmin, que acabou sendo o candidato |
O ex-governador José Serra
(PSDB) já começou a discutir com antigos colaboradores pesquisas para
avaliar a viabilidade de sua candidatura à Prefeitura de São Paulo nas
eleições deste ano.
Com base em pesquisas
qualitativas feitas com pequenos grupos de eleitores, assessores de
Serra disseram que é possível reduzir os altos índices de rejeição do
eleitorado que ele enfrenta hoje.
Mas isso vai depender de quanto
tempo ele terá para fazer propaganda na televisão, e, portanto, da
capacidade que os tucanos terão de atrair outros partidos para a
campanha do ex-governador.
Segundo a sondagem mais recente
do Datafolha, concluída em janeiro, 33% dos eleitores de São Paulo dizem
que não votariam de jeito nenhum em Serra. No cenário mais favorável
para sua candidatura, ele tinha 21% das intenções de voto em janeiro.
Serra está sob forte pressão do
PSDB para concorrer à prefeitura, mas ainda condiciona o lançamento de
seu nome à construção de um cenário que lhe dê conforto para lidar com
os riscos que a eleição deste ano oferece para sua carreira política.
Colaboradores do ex-governador
sugeriram que ele acompanhasse a evolução das pesquisas por mais tempo
antes de tomar uma decisão. Até lá, ele tentaria manter seu nome em
evidência, como favorito do PSDB, para começar a aplacar a avaliação
negativa do eleitorado.
Mas os tucanos temem perder o
apoio do prefeito Gilberto Kassab (PSD) se Serra demorar muito para se
definir, o que romperia a coalizão que controla a capital desde que
Serra se elegeu prefeito com Kassab como vice, em 2004.
A indefinição dos tucanos levou
Kassab a abrir negociações com o PT no início deste ano para apoiar o
ex-ministro da Educação Fernando Haddad, mas as conversas foram
interrompidas nos últimos dias, depois que Serra indicou que estava
reconsiderando sua candidatura.
Apesar do esforço do governador
Geraldo Alckmin para manter seus tradicionais aliados, a costura da
coligação que poderia sustentar Serra não está alinhavada.
Serra teme a repetição de
problemas ocorridos na eleição de 2008, quando o PSDB se dividiu em dois
grupos. Uma ala aderiu à campanha de Kassab à reeleição e outra apoiou o
lançamento de Alckmin como candidato.
Alckmin não conseguiu nem chegar
ao segundo turno, e agora Serra teme que algo parecido ocorra com ele.
"Serra quer a garantia de que não será abandonado pelo PSDB. Ele não
vai. É o nosso candidato", afirma o presidente nacional da sigla, Sérgio
Guerra.
Serra espera que Alckmin
encontre uma solução para evitar que o desfecho das prévias para
escolher o candidato a prefeito não vire um obstáculo a sua candidatura.
Quatro pré-candidatos se
inscreveram para as prévias, que estão marcadas para o dia 4 de março.
Quando elas foram convocadas, Serra dizia que não tinha interesse na
eleição, e por isso outros candidatos se apresentaram.
HESITAÇÃO
O lançamento da candidatura de
Serra ainda divide seus principais aliados. Uns defendem que ele
concorra mesmo se houver risco de derrota, com o argumento de que ele
manterá assim seu nome em evidência.
Outros acham que Serra só
deveria concorrer se as condições forem favoráveis. Para outros, ele
deveria se preservar para a eleição presidencial de 2014, quando poderia
concorrer pelo PPS se o PSDB preferir lançar o senador Aécio Neves
(MG).
Hoje, a maior pressão pela
candidatura de Serra parte do Palácio dos Bandeirantes. Uma vitória do
PT pode comprometer os planos de Alckmin para se reeleger governador nas
eleições de 2014.
Para tucanos, a discussão
pública da candidatura de Serra serviu para atrair aliados e impedir que
avançasse o namoro de Kassab com os petistas. Mas a volta de Serra ao
palco acabou valorizando o passe de Kassab para Haddad e o PT.Na Folha
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