Copiado do Blog CIDADANIA.COM, do Eduardo Guimarães, que está em Minhas Notícias e em Meus Favoritos.
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Saraiva
Crônica política
São Paulo em transe
Em 2 de fevereiro deste ano, a policia militar paulista reprimiu duramente protesto feito por moradores da favela de Paraisópolis (zona oeste de São Paulo) por conta de um morador local ter sido morto por policiais que o consideraram “suspeito”. A favela permaneceu ocupada pela polícia por meses, fazendo ainda mais dura a vida da comunidade.
No mês passado, a mesma polícia militar jogou no olho da rua cerca de 800 pessoas que viviam em barracos em um terreno na região do Capão Redondo, zona sul da capital paulista. A operação teve como objetivo devolver o terreno à empresa de ônibus Viação Campo Limpo. Até agora, as famílias estão vivendo pelas ruas da cidade.
Nesta terça-feira, 1º de setembro, moradores da favela de Heliópolis, na zona Sul de São Paulo, protestaram contra a morte de uma estudante de 17 anos, morta pela polícia na noite anterior. O protesto teve inicio por volta das 19h. O grupo queimou ônibus e carros, bloqueou acessos à favela e continua sendo reprimido pela Polícia.
Dos 14 índices de criminalidade medidos pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, 10 cresceram A Secretaria registrou aumento expressivo nos casos de roubo, estupro, latrocínio (roubo seguido de morte) e homicídio em todo o Estado.
Segundo dados divulgados na semana passada, somente na capital foi contabilizado um aumento de 80% nos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), quando comparado com o primeiro trimestre de 2008.
Em qualquer área social de São Paulo, os números são catastróficos. Saúde, Educação, Saneamento Básico, Segurança Pública... Os salários de professores, policiais, médicos, estão entre os piores do país. A mendicância só faz aumentar em todo Estado, bem como a favelização.
No mês passado, porém, o instituto de pesquisas Datafolha detectou que o governador José Serra é aprovado por 57% dos paulistas. A taxa dos que consideram a gestão de Serra ótima ou boa tem apresentado evolução constante. Era de 39% em março de 2007, subiu para 49% em novembro do mesmo ano e foi a 53% em março de 2009.
Qual é a explicação para esse fenômeno? Por que os paulistas e, sobretudo, os paulistanos (como são chamados os paulistas da capital), que vivem cada vez pior, não associam seus problemas ao governo do Estado, que tem atuado tão mal?
O que ocorre em meu Estado é que desde que Mario Covas se elegeu governador, em 1994, a imprensa paulista simplesmente acoberta todo e qualquer problema relativo ao Estado. E quando não há como esconder, atribui ao governo federal a responsabilidade que é do governo do Estado.
Foi assim, por exemplo, em 2006, quando a facção criminosa PCC pôs São Paulo de joelhos, decretando toque de recolher por todo Estado. Globos, Folhas, Vejas e Estadões, entre outros, conseguiram convencer a população local de que a responsabilidade pela Segurança paulista era do governo Lula.
Os dois grandes jornais paulistas simplesmente não cobrem o governo do Estado e bloqueiam a quase totalidade das críticas ao governador. As tevês, idem.
O escândalo das propinas pagas pela multinacional Alstom a membros das administrações tucanas de São Paulo praticamente não aparece na mídia, e, quando aparece, poupa nomes e a sigla PSDB.
Quando os paulistas vêem as pesquisas de opinião mostrando a popularidade de Lula, o crescimento de Dilma e a queda nacional das intenções de voto em Serra, ficam perplexos ou dizem que as pesquisas são falsas, porque o povo de meu Estado não fica sabendo quem é o responsável por a vida aqui estar cada vez pior e, no resto do país, cada vez melhor.
Até o Rio Grande do Sul, que nesta década havia se convertido em curral eleitoral tucano, acordou. Mas São Paulo, com todas as suas tragédias, segue acreditando que vive na Suíça – ou “chuíça”, como diz o jornalista Paulo Henrique Amorim.
A situação social em São Paulo, como mostram os levantes sociais cada vez mais freqüentes por todo o Estado, está explodindo. O sofrimento dos mais pobres é cada vez mais intenso.
E até os mais ricos estão sofrendo. Em média, são registrados 20 assaltos por mês aos condomínios de luxo em São Paulo. Segundo as estatísticas, em 90% dos casos os ladrões entram pelo portão principal.
São Paulo está em chamas, afundando numa gestão incompetente e autoritária, mas os paulistas são distraídos por leis que criminalizam fumantes de tabaco, vendidas pela mídia como o supra sumo da modernidade. Enquanto isso, no centro velho da capital paulista fuma-se crack em qualquer esquina e sob as barbas da polícia.
Ao conversar sobre política com um paulistano de qualquer classe social, nota-se que ele atribui todos esses problemas ao governo federal. A grande maioria dos paulistas de todas as classes sociais não faz a menor idéia sobre para que serve o governo do Estado.
Existe, entre a grande maioria do povo de São Paulo, uma fé quase religiosa na grande imprensa. O paulista reproduz como papagaio cada chavão político anti-Lula da mídia e, sobretudo, os bordões de novelas e programas humorísticos.
As expressões indianas da novela global das oito, por exemplo, viraram uma praga. Não se consegue passar 10 minutos sem ouvir alguém proferi-las como se aquela fosse a tirada de maior inteligência e originalidade que já se viu e de um bom humor único.
O Estado de São Paulo deverá se tornar objeto de estudos sociológicos revolucionários, que mostrarão como meia dúzia de empresários da comunicação conseguiu hipnotizar dezenas de milhões de pessoas de forma a fazê-las obedecerem cegamente os seus menores caprichos. Escrito por Eduardo Guimarães às 11h48
Crônica política
São Paulo em transe
Em 2 de fevereiro deste ano, a policia militar paulista reprimiu duramente protesto feito por moradores da favela de Paraisópolis (zona oeste de São Paulo) por conta de um morador local ter sido morto por policiais que o consideraram “suspeito”. A favela permaneceu ocupada pela polícia por meses, fazendo ainda mais dura a vida da comunidade.
No mês passado, a mesma polícia militar jogou no olho da rua cerca de 800 pessoas que viviam em barracos em um terreno na região do Capão Redondo, zona sul da capital paulista. A operação teve como objetivo devolver o terreno à empresa de ônibus Viação Campo Limpo. Até agora, as famílias estão vivendo pelas ruas da cidade.
Nesta terça-feira, 1º de setembro, moradores da favela de Heliópolis, na zona Sul de São Paulo, protestaram contra a morte de uma estudante de 17 anos, morta pela polícia na noite anterior. O protesto teve inicio por volta das 19h. O grupo queimou ônibus e carros, bloqueou acessos à favela e continua sendo reprimido pela Polícia.
Dos 14 índices de criminalidade medidos pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, 10 cresceram A Secretaria registrou aumento expressivo nos casos de roubo, estupro, latrocínio (roubo seguido de morte) e homicídio em todo o Estado.
Segundo dados divulgados na semana passada, somente na capital foi contabilizado um aumento de 80% nos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), quando comparado com o primeiro trimestre de 2008.
Em qualquer área social de São Paulo, os números são catastróficos. Saúde, Educação, Saneamento Básico, Segurança Pública... Os salários de professores, policiais, médicos, estão entre os piores do país. A mendicância só faz aumentar em todo Estado, bem como a favelização.
No mês passado, porém, o instituto de pesquisas Datafolha detectou que o governador José Serra é aprovado por 57% dos paulistas. A taxa dos que consideram a gestão de Serra ótima ou boa tem apresentado evolução constante. Era de 39% em março de 2007, subiu para 49% em novembro do mesmo ano e foi a 53% em março de 2009.
Qual é a explicação para esse fenômeno? Por que os paulistas e, sobretudo, os paulistanos (como são chamados os paulistas da capital), que vivem cada vez pior, não associam seus problemas ao governo do Estado, que tem atuado tão mal?
O que ocorre em meu Estado é que desde que Mario Covas se elegeu governador, em 1994, a imprensa paulista simplesmente acoberta todo e qualquer problema relativo ao Estado. E quando não há como esconder, atribui ao governo federal a responsabilidade que é do governo do Estado.
Foi assim, por exemplo, em 2006, quando a facção criminosa PCC pôs São Paulo de joelhos, decretando toque de recolher por todo Estado. Globos, Folhas, Vejas e Estadões, entre outros, conseguiram convencer a população local de que a responsabilidade pela Segurança paulista era do governo Lula.
Os dois grandes jornais paulistas simplesmente não cobrem o governo do Estado e bloqueiam a quase totalidade das críticas ao governador. As tevês, idem.
O escândalo das propinas pagas pela multinacional Alstom a membros das administrações tucanas de São Paulo praticamente não aparece na mídia, e, quando aparece, poupa nomes e a sigla PSDB.
Quando os paulistas vêem as pesquisas de opinião mostrando a popularidade de Lula, o crescimento de Dilma e a queda nacional das intenções de voto em Serra, ficam perplexos ou dizem que as pesquisas são falsas, porque o povo de meu Estado não fica sabendo quem é o responsável por a vida aqui estar cada vez pior e, no resto do país, cada vez melhor.
Até o Rio Grande do Sul, que nesta década havia se convertido em curral eleitoral tucano, acordou. Mas São Paulo, com todas as suas tragédias, segue acreditando que vive na Suíça – ou “chuíça”, como diz o jornalista Paulo Henrique Amorim.
A situação social em São Paulo, como mostram os levantes sociais cada vez mais freqüentes por todo o Estado, está explodindo. O sofrimento dos mais pobres é cada vez mais intenso.
E até os mais ricos estão sofrendo. Em média, são registrados 20 assaltos por mês aos condomínios de luxo em São Paulo. Segundo as estatísticas, em 90% dos casos os ladrões entram pelo portão principal.
São Paulo está em chamas, afundando numa gestão incompetente e autoritária, mas os paulistas são distraídos por leis que criminalizam fumantes de tabaco, vendidas pela mídia como o supra sumo da modernidade. Enquanto isso, no centro velho da capital paulista fuma-se crack em qualquer esquina e sob as barbas da polícia.
Ao conversar sobre política com um paulistano de qualquer classe social, nota-se que ele atribui todos esses problemas ao governo federal. A grande maioria dos paulistas de todas as classes sociais não faz a menor idéia sobre para que serve o governo do Estado.
Existe, entre a grande maioria do povo de São Paulo, uma fé quase religiosa na grande imprensa. O paulista reproduz como papagaio cada chavão político anti-Lula da mídia e, sobretudo, os bordões de novelas e programas humorísticos.
As expressões indianas da novela global das oito, por exemplo, viraram uma praga. Não se consegue passar 10 minutos sem ouvir alguém proferi-las como se aquela fosse a tirada de maior inteligência e originalidade que já se viu e de um bom humor único.
O Estado de São Paulo deverá se tornar objeto de estudos sociológicos revolucionários, que mostrarão como meia dúzia de empresários da comunicação conseguiu hipnotizar dezenas de milhões de pessoas de forma a fazê-las obedecerem cegamente os seus menores caprichos. Escrito por Eduardo Guimarães às 11h48
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