sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Lula em Berlim: “Quem tem moral para falar com o Irã é o Brasil”


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Lula em Berlim: “Quem tem moral para falar com o Irã é o Brasil
Durante entrevista coletiva conjunta com a chanceler alemã Ângela Merkel, o presidente brasileiro disse que se os Estados Unidos e a Rússia quiserem de fato pressionar um país já de “forte presença internacional” como o Irã, eles devem começar por diminuir de modo significativo os próprios arsenais nucleares. Já o Brasil, continuou o presidente, pode falar de cátedra, por ter na sua Carta Magna artigo que proíbe a construção de armas nucleares. O artigo é de Flávio Aguiar.
Flávio Aguiar - Cobertura compartilhada: Rede Brasil Atual/Revista do Brasil – Carta Maior
“Quem tem moral para falar com o Irã é o Brasil”: essa declaração do presidente Lula, em sua visita oficial a Berlim, contem algumas das palavras-chave de sua presença na capital alemã. Ela surgiu durante a entrevista coletiva que ele e a chanceler (equivalente ao cargo de primeiro-ministro) Ângela Merkel deram no prédio da chancelaria alemã, perante quase uma centena de jornalistas.A pergunta, feita por um jornalista alemão, teve uma resposta quase, eu diria, protocolar, por parte da chanceler alemã. Referiu-se às preocupações do bloco ocidental em relação ao programa nuclear iraniano, além de mencionar o cuidado com que se vê a receptividade do governo de Ahmadinejad em espaços políticos outros (como o Brasil). Já o comentário de Lula foi contundente, embora registrando também as dificuldades da posição brasileira. Disse que se os Estados Unidos e a Rússia quiserem de fato pressionar um país já de “forte presença internacional” como o Irã, eles devem começar por diminuir de modo significativo os próprios arsenais nucleares. Já o Brasil, continuou o presidente, pode falar de cátedra, por ter na sua Carta Magna artigo que proíbe – o presidente frisou – “PROÍBE” – a construção de armas nucleares. E completou com a observação de que o empenho no diálogo, por mais problemático que isso seja, é melhor e – também frisou, o que não é desprezível – “mais barato” para todo mundo. De sobremesa, serviu o prato de que, se o Brasil recebeu o presidente do Irã, no mesmo período recebeu também os presidentes de Israel e da Autoridade Palestina. Claro que isso expõe também o fato de que o Brasil não é uma presença militar maior nesta questão e em outras – o que pode ser visto como uma limitação e uma praga, ou como uma limitação e uma bênção (caso deste escriba). Freqüentemente o pensamento conservador brasileiro considera a política externa do governo Lula “megalomaníaca”, querendo assumir ares que o país não teria como oferecer. Tem sim, como neste caso. A aposta permanente do Brasil (que não foi invenção do governo Lula, mas sim potenciada por ele) em fóruns multilaterais e no campo das negociações diplomáticas credencia o país – de resto uma economia e uma nação do tamanho de metade da América do Sul – para isso.Mas na entrevista coletiva houve também outros temas abordados. Copenhague e a negociação climática: Lula e Merkel se mostraram, digamos, cautelosamente otimistas. Apostam que Copenhague não será um ponto de chegada, mas de partida, nos impasses mundiais sobre a questão. Lula ressaltou que é necessário prestar atenção às realidades de cada país, de cada continente (como a África, que necessita de linhas de investimento especiais para se desenvolver sem comprometimento meio-ambiental). Referiu-se à China e suas dificuldades internas, e também ao governo de Barack Obama e suas dificuldades domésticas. Fez um elogio indireto ao presidente norte-americano, ao ressaltar que tinha certeza de que, se dependesse só dele, Obama, os Estados Unidos teriam propostas mais ousadas no sentido da preservação planetária. Mas por outro lado, ressaltando a limitação do presidente mais poderoso da Terra, lembrou que ele precisa atender a compromissos internos.Rio de Janeiro e o tema Copa/OlimpíadasLula e Merkel ressaltaram a cooperação alemã (foi assinado um acordo específico sobre isso) no caso da segurança. Lula ressaltou mais o aspecto policial da questão, em relação à criminalidade e à possibilidade de violência, ressaltando que o Brasil está estudando as últimas copas e olimpíadas pelo mundo para fazer “uma média” de realizações e problemas. Já Ângela Merkel sublinhou que o acordo abre o caminho para uma série de temas, incluindo, por exemplo, o do relacionamento entre policias e torcedores, e que ele abre também a possibilidade da presença física de policiais de outros países no Brasil antes e durante os eventos esportivos.Essa entrevista coletiva foi até o momento o ponto culminante da visita oficial, de Estado, de presidente Lula à Alemanha, que começou na quarta-feira (2), a Berlim, provindo da Ucrânia, onde realizou conversações sobre, inclusive, lançamento de foguetes espaciais.Uma visita dessas é uma maratona, que exige e dá aos jornalistas um atestado de preparo físico e moral. Num clima nada acolhedor (não por parte dos organizadores, mas do clima mesmo), de um frio de um ou dois graus centígrados, deve-se correr de um lado para o outro, fotografar, ver, registrar, prestar atenção nos detalhes, etc. No decurso de uma manhã, até a hora do almoço, o presidente brasileiro visitou o palácio oficial do presidente alemão (Horst Köhler), passou em revista a tropa formada, depois de ouvir os respectivos hinos nacionais, assinou acordos (inclusive um que terá de ser definido em cada setor sobre reciprocidade na previdência social), conversou com escolares e assinou seus cadernos, visitou o Portão de Brandemburgo, colocou uma coroa de flores no Monumento às Vítimas da Tirania, e seguiu para a chancelaria, onde houve assinatura de novos acordos de cooperação e a referida entrevista coletiva. Ele trotando por tudo isso e nós, os jornalistas, a galope atrás.Um sucesso: assim pode ser descrita essa visita do presidente Lula a Berlim. Todos os jornais deram notas elogiosas sobre ele e o Brasil, sem desconhecer nossos problemas tradicionais. A manchete do dia ficou por conta do Süddeutsche Zeitung: “O presidente brasileiro na Alemanha: Lula superstar”. Nesta sexta-feira haverá uma excursão em trem-bala, especialmente fretado pelo governo alemão, a Hamburgo, onde ocorrerá um seminário sobre oportunidades de investimento no Brasil. Acompanham o presidente diversos ministros, entre eles a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e o Assessor Especial para Relações Internacionais, Marco Aurélio Garcia.Fotos: Flávio Aguiar
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