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Lula: Quem tem moral para falar com o Irã é o Brasil
Blog do Anselmo Raposo“Quem tem moral para falar com o Irã é o Brasil”: essa declaração do presidente Lula, em sua visita oficial a Berlim, contem algumas das palavras-chave de sua presença na capital alemã. Ela surgiu durante a entrevista coletiva que ele e a chanceler (equivalente ao cargo de primeiro-ministro) Ângela Merkel deram no prédio da chancelaria alemã, perante quase uma centena de jornalistas.A pergunta, feita por um jornalista alemão, teve uma resposta quase, eu diria, protocolar, por parte da chanceler alemã. Referiu-se às preocupações do bloco ocidental em relação ao programa nuclear iraniano, além de mencionar o cuidado com que se vê a receptividade do governo de Ahmadinejad em espaços políticos outros (como o Brasil). Já o comentário de Lula foi contundente, embora registrando também as dificuldades da posição brasileira. Disse que se os Estados Unidos e a Rússia quiserem de fato pressionar um país já de “forte presença internacional” como o Irã, eles devem começar por diminuir de modo significativo os próprios arsenais nucleares.Já o Brasil, continuou o presidente, pode falar de cátedra, por ter na sua Carta Magna artigo que proíbe – o presidente frisou – “PROÍBE” – a construção de armas nucleares. E completou com a observação de que o empenho no diálogo, por mais problemático que isso seja, é melhor e – também frisou, o que não é desprezível – “mais barato” para todo mundo. De sobremesa, serviu o prato de que, se o Brasil recebeu o presidente do Irã, no mesmo período recebeu também os presidentes de Israel e da Autoridade Palestina.Claro que isso expõe também o fato de que o Brasil não é uma presença militar maior nesta questão e em outras – o que pode ser visto como uma limitação e uma praga, ou como uma limitação e uma bênção (caso deste escriba). Freqüentemente o pensamento conservador brasileiro considera a política externa do governo Lula “megalomaníaca”, querendo assumir ares que o país não teria como oferecer. Tem sim, como neste caso. A aposta permanente do Brasil (que não foi invenção do governo Lula, mas sim potenciada por ele) em fóruns multilaterais e no campo das negociações diplomáticas credencia o país – de resto uma economia e uma nação do tamanho de metade da América do Sul – para isso.Do Boletim Carta Maior
Postado por Anselmo Raposo às Sexta-feira, Dezembro 04, 2009 0 comentários Links para esta postagem
Marcadores: Lula
Blog do Anselmo Raposo“Quem tem moral para falar com o Irã é o Brasil”: essa declaração do presidente Lula, em sua visita oficial a Berlim, contem algumas das palavras-chave de sua presença na capital alemã. Ela surgiu durante a entrevista coletiva que ele e a chanceler (equivalente ao cargo de primeiro-ministro) Ângela Merkel deram no prédio da chancelaria alemã, perante quase uma centena de jornalistas.A pergunta, feita por um jornalista alemão, teve uma resposta quase, eu diria, protocolar, por parte da chanceler alemã. Referiu-se às preocupações do bloco ocidental em relação ao programa nuclear iraniano, além de mencionar o cuidado com que se vê a receptividade do governo de Ahmadinejad em espaços políticos outros (como o Brasil). Já o comentário de Lula foi contundente, embora registrando também as dificuldades da posição brasileira. Disse que se os Estados Unidos e a Rússia quiserem de fato pressionar um país já de “forte presença internacional” como o Irã, eles devem começar por diminuir de modo significativo os próprios arsenais nucleares.Já o Brasil, continuou o presidente, pode falar de cátedra, por ter na sua Carta Magna artigo que proíbe – o presidente frisou – “PROÍBE” – a construção de armas nucleares. E completou com a observação de que o empenho no diálogo, por mais problemático que isso seja, é melhor e – também frisou, o que não é desprezível – “mais barato” para todo mundo. De sobremesa, serviu o prato de que, se o Brasil recebeu o presidente do Irã, no mesmo período recebeu também os presidentes de Israel e da Autoridade Palestina.Claro que isso expõe também o fato de que o Brasil não é uma presença militar maior nesta questão e em outras – o que pode ser visto como uma limitação e uma praga, ou como uma limitação e uma bênção (caso deste escriba). Freqüentemente o pensamento conservador brasileiro considera a política externa do governo Lula “megalomaníaca”, querendo assumir ares que o país não teria como oferecer. Tem sim, como neste caso. A aposta permanente do Brasil (que não foi invenção do governo Lula, mas sim potenciada por ele) em fóruns multilaterais e no campo das negociações diplomáticas credencia o país – de resto uma economia e uma nação do tamanho de metade da América do Sul – para isso.Do Boletim Carta Maior
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