Casas e apartamentos construídos pelo programa com recursos do FGTS poderão custar R$ 170 mil em SP, no RJ e no DF
Não houve, porém, reajuste nos subsídios ou aumento da renda das famílias que podem se incluir no Minha Casa
SHEILA D’AMORIM – FOLHA SP
DE BRASÍLIA
Atendendo a uma reivindicação das construtoras, o governo aumentou os valores dos imóveis construídos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida e financiados com recursos do FGTS.
Com isso, nas regiões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e no Distrito Federal, as casas e apartamentos podem chegar a R$ 170 mil. Até agora, o valor máximo era de R$ 130 mil.
Nas demais capitais e cidades com mais de 1 milhão de habitantes, o valor passou de R$ 130 mil para R$ 150 mil. Nos municípios que têm entre 250 mil e 1 milhão de habitantes, passou de R$ 100 mil para R$ 130 mil, e, naqueles com população entre 50 mil e 250 mil habitantes, de R$ 80 mil para R$ 100 mil.
Nos restantes, o valor foi mantido em R$ 80 mil.
A correção desse teto, aprovada ontem em uma reunião extraordinária do Conselho Curador do FGTS, no entanto, não foi acompanhada de um reajuste nos subsídios bancados com dinheiro do fundo e também não houve aumento da renda das famílias que podem ser beneficiadas pelo programa.
IMÓVEIS MAIS CAROS
Na prática, a mudança fará com que a compra dos imóveis pese mais no bolso.
Isso porque, de um lado, o preço praticado no mercado tende a se ajustar aos tetos estabelecidos pelo governo, segundo especialistas na área. Do outro, a maior parte das famílias incluídas no programa não tem uma poupança para abater do total financiado na hora da compra.
Normalmente, elas contam apenas com o subsídio garantido pelo programa.
Assim, se antes um morador de São Paulo, por exemplo, comprava um imóvel de R$ 130 mil e obtinha o maior valor do subsídio, de R$ 23 mil, ele iria financiar no máximo, R$ 107 mil em 25 anos. Agora, o total financiado pode chegar a R$ 147 mil.
“As construtoras se sentem mais à vontade de colocar o valor do imóvel mais próximo do teto com a alegação de aquecimento do mercado”, critica Marcelo Tapai, advogado especializado em direito imobiliário.
Segundo a secretária de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, o governo estuda revisão dos subsídios, mas não haverá aumento do valor máximo.
A reavaliação, disse, poderá, por exemplo, redistribuir as faixas de subsídios segundo porte das cidades. “Temos a política de subsídios mais generosa. Em nenhum lugar do mundo, se dá quase um terço do valor do imóvel em subsídio”, defendeu.
MUDANÇAS NOS PREÇOS MÁXIMOS
COMO ERA
R$ 130 mil
(para regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal)
R$ 100 mil
(nas demais capitais)
R$ 80 mil
(municípios com mais de 250 mil habitantes ou integrantes de regiões metropolitanas)
COMO FICA
R$ 170 mil
(para regiões metropolitanas de SP, RJ e DF)
R$ 150 mil
(nas demais capitais)
R$ 130 mil
(municípios com mais de 250 mil habitantes ou integrantes de regiões metropolitanas)
Construtoras elogiam decisão do governo
DE SÃO PAULO
As construtoras elogiaram a decisão do governo de elevar o teto para enquadramento de unidades habitacionais no programa Minha Casa, Minha Vida.
Segundo Rodrigo Martins, diretor da Rossi, a construtora já preparava a redução de lançamentos para o mercado de baixa renda. “Isso ocorreria no segundo trimestre caso a elevação do valor não ocorresse”, afirmou.
Essa mudança, disse, afetaria a rentabilidade de investidores no segmento. “Fatalmente, as empresas começariam a deixar esse mercado”, afirmou.
Hoje, cerca de 35% dos lançamentos da Rossi são para o Minha Casa, Minha Vida. A MRV, outra gigante desse mercado, também elogiou a decisão do Conselho Curador do FGTS.
De acordo com Leonardo Corrêa, diretor-executivo financeiro da construtora, a decisão indica “percepção” do governo quanto à elevação dos custos da construção e dos valores de terrenos em regiões como Rio, São Paulo e Brasília.
Dos R$ 4,6 bilhões em lançamentos em 2010, 84% foram no Minha Casa, Minha Vida. Para 2011, a construtora acredita que o valor financeiro dos lançamentos irá subir, com a participação do segmento econômico no mesmo patamar.
Com operações em 90 cidades brasileiras, a MRV havia transferido lançamentos em mercados mais custosos, como São Paulo, Rio e Brasília, para municípios onde o enquadramento era possível. (AB)
Intenção de comprar imóvel quase dobra em 2 anos
MARIANA SALLOWICZ
DE SÃO PAULO
A demanda no país por imóveis quase dobrou em dois anos, puxada pelas classes C, D e E. Mais de 9,1 milhões de famílias brasileiras declararam intenção de comprar uma habitação em um prazo de até 12 meses no fim de 2010, o que representa 4,9 milhões a mais do que no último trimestre de 2008.
A constatação é baseada em pesquisa do Data Popular, obtida pela Folha, e feita com 3.005 brasileiros em 35 municípios. A projeção é realizada a partir das respostas dadas pelos entrevistados.
A economia aquecida e o programa Minha Casa, Minha Vida, lançado pelo governo federal em abril de 2009, são apontados por especialistas como os principais fatores para o impulso.
“Antes, o sonho da casa própria era distante. Com o aumento do crédito, da renda e as condições facilitadas do MCMV, mais brasileiros passaram a ter condições de comprar um imóvel e colocaram isso como uma meta”, diz Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.
Os benefícios do programa, destinado a famílias com renda de até R$ 4.900, vão de taxas de juros reduzidas a subsídios do governo.
Entre os que apontaram intenção em adquirir um imóvel, 83% estão nas classes C (com renda familiar de 3 a 10 salários mínimos), D (1 a 3) e E (até 1). Enquanto isso, 17% são da A e B (10 a 20).
Antes do MCMV, os consumidores de baixa renda tinham um peso menor nas estatísticas: eram 61%, enquanto os do topo da pirâmide somavam 39%. “A mudança no quadro mostra a consolidação das famílias da classe C e a chegada das classes D e E, que passam a ter condições de comprar.”
A pesquisa mostra ainda que 74% das famílias que pretendem adquirir uma habitação declaram ter algum medo relacionado à compra, como não receber o imóvel ou não conseguir quitá-lo.
Comentários Tags: governo Dilma, Habitação, Minha Casa-Minha Vida, moradia
Do Blog do Favre.
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