Acordo de última hora é considerado "tímido" por maioria dos líderes mundiais
Copenhague foi desastre para pobres, diz Amigos da Terra Crédito: AFP |
O compromisso político obtido nesta sexta-feira pelos chefes de Estado em Copenhague foi "um desastre para os países mais pobres", afirmou a ONG Amigos da Terra. "Estamos enojados com a incapacidade dos países ricos de assumir compromissos sobre a redução das emissões, em particular com os Estados Unidos, que são, historicamente, o principal emissor mundial de gases do efeito estufa", afirmou o presidente da Amigos da Terra, Nnimmo Bassey.
Os líderes mundiais reunidos na Cúpula de Copenhague costuraram um acordo de última hora sobre como combater o aquecimento global, com um compromisso político tímido, que na opinião dos negociadores será "insuficiente" para deter de modo eficaz a mudança climática.O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, qualificou o compromisso de "significativo", mas "insuficiente" e legalmente não vinculante. "Não é suficiente para combater a ameaça da mudança climática, mas é um primeiro passo importante".
Segundo Obama, um acordo vinculante será "muito duro" e levará tempo para ser negociado.Um funcionário da comitiva de Obama revelou que o presidente americano conseguiu costurar o acordo em negociações com líderes dos emergentes Brasil, China, Índia e África do Sul, além das potências europeias.
De acordo com o funcionário, os países desenvolvidos e as importantes nações em desenvolvimento acertaram limitar o aquecimento global a 2°C, e também decidiram elaborar um mecanismo para que os países ricos financiem as nações em desenvolvimento para deter suas emissões de CO2 e para enfrentar o impacto do aquecimento.
Um rascunho do plano prevê uma contribuição de 3,6 bilhões de dólares dos Estados Unidos, entre 2010 e 2012, ao fundo de luta contra o aquecimento global. O Japão entrará com 11 bilhões de dólares ao longo dos três próximos anos, enquanto a União Europeia (UE) aportará 10,6 bilhões de dólares.As contribuições seriam feitas em esquema de "fast-track", para ajudar os países pobres a mudarem sua matriz energética poluidora e a se adaptarem às mudanças climáticas.
O texto do acordo também estabelece que os países deverão providenciar "informações nacionais" sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, através de "consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos".
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, estimou que a ausência de um objetivo para a redução em 50% das emissões de gases do efeito estufa até 2050, algo necessário para limitar a elevação da temperatura do planeta a 2°C, foi uma "decepção" em Copenhague.O líder francês disse que todos os países industrializados "aceitaram informar por escrito" seu compromisso com a redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa até 2020, e que a chanceler alemã, Angela Merkel, organizará negociações em Bonn, no prazo de "seis meses", para preparar a próxima conferência sobre o clima, no México, no final de 2010. Segundo um diplomata europeu, os países industrializados decidiram adiar, até janeiro de 2010, a adoção de seus compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa para 2020, com base no novo acordo.
Antes do anúncio do acordo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confessou sua frustração em relação às negociações e garantiu que o Brasil está disposto a fazer sacrifícios para financiar os países pobres a se adaptarem aos efeitos da mudança climática."Vou dizer isso com franqueza e em público, o que não disse ainda em meu próprio país, que sequer disse a minha equipe aqui, que não foi apresentado nem diante de meu Congresso. Se for necessário fazer mais sacrifícios, o Brasil está disposto a colocar dinheiro para ajudar os outros países".Lula condicionou a contribuição a um sucesso concreto em Copenhague: "Estamos dispostos a participar nos mecanismos financeiros se alcançarmos um acordo sobre uma proposta final nesta conferência".
Fonte: AFP
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