quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Reino Unido quer Brasil no Conselho de Segurança

Chanceler destaca necessidade de reforma em órgão da ONU e de reforço na relação com América Latina

O GLOBO

LONDRES. Num discurso inteiramente dedicado à América Latina, o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, defendeu a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU como membro permanente e o fim da negligência nas relações de seu país com a América Latina. Numa palestra na Canning House, um centro especializado em América Latina, Hague disse que o governo britânico deseja abrir um novo capítulo na região, aumentando as relações políticas e comerciais entre os dois lados.

— Vamos continuar pedindo uma reforma da ONU, incluindo um Conselho de Segurança ampliado com o Brasil como membro permanente — disse Hague, na palestra de terça-feira, em Londres.

O Reino Unido defende a reforma do Conselho de Segurança com a inclusão de Brasil, Alemanha, Índia e Japão como membros permanentes.

Atualmente, o órgão é formado por Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia, que têm cadeiras permanentes e direito a veto, mais dez membros rotativos. A declaração de Hague veio um dia depois de o presidente americano, Barack Obama, defender uma vaga permanente para a Índia. Outro país apoiado pelos EUA é o Japão.

Segundo o chanceler, a expansão do conselho é uma questão de “legitimidade e equilíbrio”. A reforma, no entanto, não é uma questão de consenso. Outros países, como Itália e Espanha, defendem a ampliação das vagas rotativas, e o assunto ainda pode levar anos para ser resolvido.

Comércio exterior pode ajudar país a se recuperar

O novo governo britânico — há seis meses no poder — parece determinado a reforçar as ligações políticas e comerciais com potências emergentes, como Brasil, China e a região do Golfo. Desde que assumiu o cargo, o primeiro-ministro David Cameron já visitou a Índia e esta semana está na China. No próximo ano, o vice-premier Nick Clegg deve chefiar uma delegação à América Latina, informou o ministro. O governo espera que o comércio ajude o Reino Unido a se recuperar da recessão, ao mesmo tempo em que promove o corte de gastos para reduzir o déficit — o que pode diminuir a demanda interna.

— Vamos deter o declínio da presença diplomática britânica na América Latina. O recuo britânico na região acabou, é tempo de começar a avançar — disse Hague. — O Reino Unido tem um histórico de subestimar a América Latina e negligenciar suas oportunidades. É essa negligência que o atual governo está determinado a tratar.

O Reino Unido fechou quatro embaixadas na América Latina entre 2003 e 2005, justamente quando a região começou a se projetar mais, disse Hague. O ministro garantiu que diferenças, como a disputa com a Argentina pelas Ilhas Malvinas, não serão obstáculos. Hague ressaltou, no entanto, que o país não pretende mudar sua posição sobre as ilhas, que os britânicos chamam de Falklands.

O chanceler lembrou que um século atrás o Reino Unido estava entre os principais países que investiam e negociavam com a América Latina. Ele destacou que antes da Primeira Guerra Mundial, um quarto do comércio da região era realizado com o Reino Unido, mas que hoje o país “mal responde por 1% das exportações” à região.

— Nós exportamos três vezes mais para a Irlanda do que para toda a América Latina, uma região com 576 milhões de pessoas e 20 repúblicas soberanas — observou Hague.

Postado por Luis Favre
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Do Blog do Favre.

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