O jornal Folha de S. Paulo sofreu nesta sexta-feira (19) sua segunda e mais vergonhosa derrota em torno do episódio da liberação dos documentos militares sobre a atuação de Dilma Rousseff na resistência à ditadura. Primeiro, o jornal foi derrotado em sua intenção declarada de utilizar os documentos militares como arma eleitoral para prejudicar Dilma. Os documentos só foram liberados depois que a petista já havia sido eleita presidente. Agora, o jornal foi furado pela concorrência. Apesar de ter obtido os papéis com antecedência, a Folha viu o Globo revelar em primeira mão informações contidas na papelada produzida pela ditadura.
Segundo o Globo, os documentos secretos da ditadura militar qualificam a presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, como a "Joana d'Arc da subversão". Os arquivos, que foram mantidos em sigilo por mais de quatro décadas, foram publicados nesta sexta-feira pelo jornal O Globo.
Vale lembrar que nenhuma informação contida nos documentos merece credibilidade, pois foram produzidas durante um regime autoritário que taxava qualquer um que se manifestasse contra a ditadura como "subversivo" e "terrorista". Além disso, a maior parte das "confissões" contidas nos documentos foram obtidas através de tortura e não há nada que possa provar a veracidade das informações, já que elas são unilaterais, contam a história a partir da ótica exclusiva dos militares.
Segundo os arquivos, Dilma integrou os grupos guerrilheiros Colina e VAR-Palmares, através dos quais dirigiu greves, assessorou assaltos a bancos e delegou funções, embora não se pôde comprovar que tenha participado diretamente em nenhuma ação armada.
Nos documentos constam algumas passagens de sua declaração perante a Justiça Militar após sua captura, nos quais se manifestou "marxista-leninista". No interrogatório, Dilma explicou ao juiz porque aderiu à luta armada. O trecho do depoimento é este: "Que se declara marxista-leninista e, por isto mesmo, em função de uma análise da realidade brasileira, na qual constatou a existência de desequilíbrios regionais de renda, o que provoca a crescente miséria da maioria da população, ao lado da magnitude riqueza de uns poucos que detém o poder e impedem, através da repressão policial, da qual hoje a interroganda é vítima, todas as lutas de libertação e emancipação do povo brasileira. Dessa ditadura institucionalizada optou pelo caminho socialista".
Ainda segundo os documentos, Dilma teria admitido que o grupo Colina participou de três assaltos a bancos e foi responsável por dois atentados com bombas, sem vítimas registradas. "É uma figura feminina de expressão tristemente notável, mas com uma dotação intelectual bastante apreciável", dizem os arquivos a que O Globo teve acesso.
Os arquivos ainda apontam que Dilma Rousseff "assessorou" grupos guerrilheiros durante a ditadura militar, que governou o País entre 1964 e 1985. No entanto, os grupos de inteligência das Forças Armadas não confirmaram sua participação direta em nenhuma ação armada, de acordo com os arquivos do Ministério Público Militar.
A abertura desses arquivos foi solicitada à Justiça Militar pelo jornal Folha de São Paulo, mas foi O Globo que publicou nesta sexta-feira as primeiras informações dos documentos, que pouco falam sobre os vínculos de Dilma às guerrilhas urbanas contra a ditadura.
A atual presidente eleita foi detida em 1970, quando tinha 23 anos, acusada de pertencer a "grupos subversivos", e permaneceu presa durante quase três anos, nos quais foi submetida a "bárbaras torturas".
A última vez que Dilma falou publicamente sobre os episódios foi em 2008, durante uma reunião no Congresso, quando respondeu ao senador Agripino Maia (DEM-RN) e afirmou que mentiu nos interrogatórios à Justiça Militar. "Eu me orgulho muito por ter mentido, senador, porque mentir sob tortura não é fácil. Na democracia se fala a verdade, na tortura, quem tem coragem e dignidade fala mentira", declarou a presidente eleita, que no dia 1º de janeiro sucederá Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência do Brasil.
A francesa Joana d'Arc foi heroína da Guerra dos Cem Anos, na primeira metade do século XIV. Foi queimada viva em 1431, aos 19 anos, executada pelo governo. Reconhecida por sua bravura, foi canonizada em 1920 e se tornou padroeira da França. Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário