“Em todo país verdadeiramente democrático os partidos de oposição ao governo ocupam um lugar significativo. São eles que, de certa maneira, contribuem para o equilíbrio político, evitando que os que governam se empolguem demasiadamente com o poder e se esqueçam de cumprir correta e honestamente a missão que lhes foi confiada pelos eleitores. Os avanços democráticos, conseguidos na segunda metade do século passado por países, sobretudo da Europa Ocidental, estão relacionados com o trabalho de uma oposição séria e competente.
Também na história do Brasil a atuação da oposição foi significativa para que o nosso país avançasse na conquista da democracia. Com uma história marcada por várias intervenções de regimes autoritários e ditatoriais, apoiados pelos militares, o Brasil dependeu sempre da ação enérgica de partidos de esquerda que estavam na oposição e, às vezes, na ilegalidade, para a retomada do processo democrático. O pouco de ar democrático que respiramos no momento atual não foi presente de ninguém, mas fruto de muita luta do povo brasileiro e de partidos de esquerda que chegaram mesmo ao martírio de seus membros para defender a liberdade e a justiça.
Porém, recentemente, sentimos a falta em nosso país de uma autêntica oposição. O que se tem visto e assistido é um festival de barulho, de escândalo por causa de "escândalos”, de discursos lacunares, sem efetivamente nenhuma proposta séria para o país. E isso se deve à falta de credibilidade dos partidos que estão na oposição.
O PSDB, por exemplo, já nasceu de forma duvidosa. De fato, como relata muito bem Frei Betto no seu livro A mosca azul (Rocco, 2006), o PSDB surge da traição de um pacto firmado entre vários militantes que, ao voltarem do exílio, se unem a outros que aqui estavam para formar um grande partido de esquerda e, assim, enfrentarem o regime militar que ainda governava o país. Portanto, este partido já nasceu traindo.”
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