quarta-feira, 6 de julho de 2011

Oposição em decomposição

José Lisboa Moreira de Oliveira, Adital

“Em todo país verdadeiramente democrático os partidos de oposição ao governo ocupam um lugar significativo. São eles que, de certa maneira, contribuem para o equilíbrio político, evitando que os que governam se empolguem demasiadamente com o poder e se esqueçam de cumprir correta e honestamente a missão que lhes foi confiada pelos eleitores. Os avanços democráticos, conseguidos na segunda metade do século passado por países, sobretudo da Europa Ocidental, estão relacionados com o trabalho de uma oposição séria e competente.

Também na história do Brasil a atuação da oposição foi significativa para que o nosso país avançasse na conquista da democracia. Com uma história marcada por várias intervenções de regimes autoritários e ditatoriais, apoiados pelos militares, o Brasil dependeu sempre da ação enérgica de partidos de esquerda que estavam na oposição e, às vezes, na ilegalidade, para a retomada do processo democrático. O pouco de ar democrático que respiramos no momento atual não foi presente de ninguém, mas fruto de muita luta do povo brasileiro e de partidos de esquerda que chegaram mesmo ao martírio de seus membros para defender a liberdade e a justiça.

Porém, recentemente, sentimos a falta em nosso país de uma autêntica oposição. O que se tem visto e assistido é um festival de barulho, de escândalo por causa de "escândalos”, de discursos lacunares, sem efetivamente nenhuma proposta séria para o país. E isso se deve à falta de credibilidade dos partidos que estão na oposição.

O PSDB, por exemplo, já nasceu de forma duvidosa. De fato, como relata muito bem Frei Betto no seu livro A mosca azul (Rocco, 2006), o PSDB surge da traição de um pacto firmado entre vários militantes que, ao voltarem do exílio, se unem a outros que aqui estavam para formar um grande partido de esquerda e, assim, enfrentarem o regime militar que ainda governava o país. Portanto, este partido já nasceu traindo.”
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