sábado, 27 de agosto de 2011

Os métodos criminosos no jornalismo da Revista VEJA


Por LEN*

O político José Dirceu fez uma denúncia no seu blog em que acusa o jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro, que trabalha para a Revista VEJA, de tentativa de invasão de quarto em que ocupava no Naoum Plaza Hotel, na quarta-feira última, dia 24/08.

Segundo a denúncia de Dirceu, o jornalista se passou por hóspede do quarto dele para a camareira do hotel, com a intenção de invadir o seu quarto - intenções essas ainda não reveladas nem pelo repórter nem pela revista. O mesmo jornalista, que fugiu do hotel sem fazer “check out” e dando calote na sua diária após perceber que tinha sido descoberto, ainda tentou se passar por assessor da prefeitura de Varginha, para tentar novamente entrar no quarto de Dirceu, alegando que tinha que deixar lá dentro “documentos importantes”. O hotel registrou queixa no 5º distrito policial de Brasília.

Instada a se manifestar através da resposta de perguntas que esse blogueiro formulou e enviou à redação da revista, com o intuito de ceder à publicação espaço para o contraditório, a revista não respondeu até o fechamento dessa matéria as perguntas que reproduzo abaixo:

  1. O jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro estava a serviço da revista ao se hospedar no Naoum Plaza Hotel e tentar invadir ilegalmente o quarto de José Dirceu em duas oportunidades, conforme consta no boletim de ocorrência registrado no 5º distrito policial de Brasília?
  2. Em caso positivo para a primeira resposta, a revista tinha conhecimento das práticas criminosas utilizadas por um jornalista contratado para tentar investigar, ou seja lá o que queria o Gustavo quando tentou invadir o quarto?
  3. Em caso positivo para a segunda resposta, a revista incentiva a prática criminosa como parte da obtenção de insumos jornalísticos, como a invasão ilegal e falsidade ideológica?
  4. Tomando conhecimento do fato, qual vai ser a postura da revista em relação ao crime cometido pelo jornalista que emprega?
  5. A revista publicará uma explicação ou ignorará o ocorrido contando com a conivência de outros meios de comunicação?
A revista não se preocupou em responder ao blog, mas deve explicações à sociedade civil. São graves as acusações que pesam sobre o jornalista que estava a serviço da revista: tentativa de invasão e de privacidade, falsidade ideológica e fraude. Se calar e atacar seus acusadores, não vai arrefecer a exigência de explicações convincentes para a escandalosa ação que remete às práticas criminosas cometidas pelos jornais ingleses de Rudolf Murdoch, que recentemente assombrou o mundo inteiro.

Essa revelação chega ao mesmo tempo em que o Wikileaks revela que nem a diplomacia americana acreditou na matéria em que acusa, em 2006, o PT de ter relações com as FARC. A revista não conseguiu comprovar suas acusações.

A revista VEJA sofre anualmente com vários processos de calúnia e difamação em consequência de um jornalismo que preza pela tentativa de destruição de reputações, que se baseia em informações inventadas pela revista. A revista ainda é beneficiada pelo vácuo causado pela queda da lei de imprensa, o que dá argumento para alguns juízes - que temem por represálias da revista - alegarem que não existe regulamentação no setor. O que se comenta é que a revista possui verba reservada para pagamento de indenizações, incentivando a prática do jornalismo mentiroso e de calúnias pelos jornalistas que trabalham para a empresa.

É preocupante a revelação em relação à manutenção do estado democrático de direito. Lembramos que a revista publicou, em anos anteriores, uma transcrição da conversa entre um ministro do STF e um senador da República. Na época, a revista disse que a gravação foi obtida através de um agente da ABIN cuja identidade não foi revelada. Também não divulgou o áudio da gravação para ser periciado pela PF. Não seria demais concluir que diante das revelações das práticas criminosas da revista e pela confirmação dos envolvidos da autenticidade do diálogo, que a própria revista pode ter grampeado o telefone do senador e/ou do ministro e culpado a ABIN.

Com a palavra o Procurador-Geral da República porque o assunto é de extrema gravidade e merece respostas rápidas e duras das nossas instituições sob pena de retrocesso no processo democrático. Lugar de criminoso é na cadeia e por eventos semelhantes Murdoch teve que fechar seu jornal. É claro que não esperamos vergonha e decência dos proprietários da revista VEJA e do grupo Abril a ponto de fechar a revista, mas o ministério público e a polícia federal têm a obrigação de investigar e levar a denúncia aos tribunais. Chega de máfia travestida de veículo de comunicação, o jornalismo do país precisa de uma FAXINA ÉTICA urgente.

*LEN é editor-geral do Ponto & Contraponto e coeditor do Terra Brasilis

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