sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Uma proposta para Gaza.


Assim encerro hoje as publicações do Blog CIDADANIA.COM, do Eduardo Guimarães, que está em Meus Favoritos.

Espero de cumprido a promessa Amiga Leda Ribeiro.
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09/01/2009
Análise política internacional

Uma proposta para Gaza

Segundo informações oficiais fornecidas pela agência EFE, em 14 dias de conflito na faixa de Gaza morreram 770 palestinos e 14 israelenses. Por esse cálculo, a cada dia 56 vidas humanas foram ceifadas, em média.
Não se sabe se a virulência do conflito irá diminuir ou aumentar. Se se mantiver no patamar atual, qualquer proposta que fosse pensada para ser analisada daqui a dois dias custaria mais de uma centena de vidas, entre as quais as de um número expressivo de crianças.
A Resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo levou dias a fio para sair e foi rejeitada pelos governos do Kadima, através do primeiro-ministro Ehud Olmert, e do Hamas, por meio do alto funcionário do grupo Ayman Taha.
Segundo Israel, a resolução não será aceita porque, só como exemplo, o Hamas teria disparado 20 foguetes sobre seu território apenas nesta sexta-feira. A agência EFE não publicou nenhum desmentido do Hamas. E este, afirmou que não aceita a Resolução da ONU porque não foi consultado sobre ela, que inclusive não contemplaria as “aspirações” de seu povo.
Por outro lado, a agência EFE relata que Israel está sendo acusado por vários crimes de guerra e que a ONU pretende votar moções condenatórias contra esse país. Não há, porém, nenhuma proposta prática de retaliação. E Israel já afirma que irá ignorar qualquer Resolução para que pare de bombardear a faixa de Gaza ou para que de lá retire suas tropas.
Não se tem previsão nenhuma de interrupção do conflito. Não há, na prática, nenhuma resolução de quem quer que seja que impedirá Israel de prosseguir. E o Hamas não demonstra intenção de interromper o disparo de foguetes, rojões, seja lá do que for que esteja atirando sobre o território inimigo.
A única possibilidade que vejo para um possível cessar-fogo pode estar na manifestação do Hamas de que não foi consultado. Só resta a convocação imediata de uma reunião de cúpula entre um negociador de Israel e outro da Palestina, que falem em nome de suas forças militares com os negociadores dos EUA, da ONU ou qualquer outro.
O convite poderia ser levado ao Hamas e a Israel por países considerados seus amigos e distantes da área do conflito. O negociador inicial com os palestinos poderia ser o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, bastante respeitado na região, mas, pelo lado americano, a única solução que vejo é a de se esperar a posse de Barack Obama.
A Resolução da ONU constituirá amparo legal para que Obama trabalhe mais à vontade. E as acusações de crimes de guerra contra Israel lhe darão base legal para falar mais duro com os israelenses.
É a disposição do novo presidente americano o que importará. E mesmo que ninguém queira conceder-lhe qualquer mérito moral, uma iniciativa forte como a que proponho aqui, se bem sucedida, render-lhe-ia enormes dividendos políticos.
Há um único problema em toda a minha proposta: os tais 56 seres humanos que morrerão por dia, em média, até que a tal reunião aconteça, a usarmos a média matemática supra calculada. Até que algo nesse sentido que propus possa acontecer, terão passado pelo menos uns 20 dias. Ou seja: mais de mil homens, mulheres, crianças e idosos serão exterminados.
E o pior é que essa é uma estimativa conservadora, porque com a incursão de Israel nas cidades é possível que o número de mortos passe a aumentar em progressão matemática e até geométrica. E dos dois lados, agora.
Essa contabilidade da morte é útil para fazer as pessoas se lembrarem de que todas as medidas protocolares, por si só de efeito demorado e duvidoso, se não forem acompanhadas de ações práticas não passarão de mera ilusão de que alguém está fazendo alguma coisa para acabar com aquele horror.
Por isso, insisto que alguma medida desesperada e urgente precisa ser tomada já. E a primeira de todas, parece-me que é pedir que algum negociador se reúna com o Hamas urgentemente. Já, se possível. Algum negociador que estiver mais próximo de não ser repudiado por algum dos dois lados.
Quem pudesse sugerir esse nome, daria enorme contribuição para a solução do impasse. Provavelmente os organismos internacionais, a diplomacia, podem chegar a essa pessoa. O que se faz necessário, porém, é fazer esta idéia prosperar, se é que ninguém a teve ou está tendo.
De qualquer maneira, se as pessoas começarem a pensar de forma lógica e prática, esse sentimento pode ser mais útil às vítimas de Gaza do que as execrações e convocações via internet de manifestos, petições e assemelhados, os quais jamais chegarão a lugar algum ou terão qualquer efeito prático.
Gaza precisa de propostas. Mas propostas de verdade. E rápido. O tempo está passando e as pessoas estão morrendo. Escrito por Eduardo Guimarães às 14h50[(6) Opiniões - clique aqui para opinar] [envie esta mensagem]


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