A pouca experiência que tenho com eleições presidenciais – em cinqüenta anos, só pude escolher cinco vezes meu candidato – me ensinou que, depois da redemocratização, na maioria das vezes escolhemos aquele que nos fizeram crer que era o “menos pior”.
Esse método de escolha foi usado em três das cinco eleições presidenciais que o Brasil teve desde 1989. A maioria que efetivamente elege só votou em quem achava melhor em 1994 e em 2006, respectivamente em FHC e em Lula.
Em 1989, o país escolheu Collor com medo de Lula;
Em 1994, FHC ganhou por ter parecido o melhor, isto é, por ter sido o executor do plano econômico adotado por Itamar Franco;
Em 1998, já com o Brasil quebrado, estagnado e com o desemprego e a inflação explodindo, votou-se de novo por exclusão, pois, apesar de FHC ser o responsável pela situação de penúria, convenceram-nos de que Lula faria ainda pior;
Em 2002, Lula se elegeu porque não restava opção, sobretudo depois do racionamento draconiano de energia elétrica que aumentou a quebradeira e o desemprego e tungou os nossos bolsos.
Em 2006, votamos em Lula convictos de que era a melhor opção, apesar de aqueles jornais, revistas, tevês e rádios que nos induziram a votar em Collor e em FHC tentarem nos convencer de que Alckmin seria “menos pior” do que Lula.
Em 2010, tentam fazer o país votar novamente por exclusão. Se quando abrimos um jornal ou sintonizamos um telejornal vemos essas críticas seriíssimas a Dilma Rousseff e a Ciro Gomes, restam-nos só duas opções.
Tais opções são José Serra, cujo único defeito seria hesitar em nos fazer o favor de ser candidato, e Marina Silva, cujo único defeito seria não ter um partido forte pelo qual disputar a eleição.
Logo, porém, esses impérios de comunicação não terão mais defeitos para debitar a pelo menos um dos candidatos. Marina continuará sendo quase perfeita, pois continuará não tendo um partido forte por trás de si, mas Serra deixará de hesitar e, assim, tornar-se-á totalmente perfeito.
Falta convencer o eleitorado de que, apesar de o país estar indo bem, deve votar novamente por exclusão, ou seja, para evitar que uma “terrorista” se eleja logo depois do desatino que nos dizem ter sido elegermos, duas vezes, um “apedeuta”.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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