De São Paulo – VALOR
Com a adesão das usinas de álcool e açúcar ao Protocolo Agroambiental, que prevê o fim da colheita manual e a erradicação das queimadas em território paulista até 2017, a maior quantidade de palha gerada no campo começa a ser recolhida para produzir energia elétrica. Na última safra, foram aproveitadas até 2,3 milhões de toneladas de palha na geração energética, significando quase 2 milhões de toneladas de carbono que deixaram de ser emitidas na atmosfera por conta da economia no consumo da rede elétrica.
No total, 171 usinas (90% do total) são signatárias do acordo. “Com progressivo crescimento da mecanização, hoje em 54%, a tendência é a quantidade de palha aumentar de 6% para 40% nos próximos anos, o que começa a se tornar viável mediante o uso de novas tecnologias para separar esse resíduo”, calcula Daniel Lobo, assessor de responsabilidade ambiental da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica).
“A expectativa é a palha contribuir para novo salto na geração de eletricidade pelo setor”, completa Zilmar de Souza, assessor de bioeletricidade da Unica. Hoje, a biomassa da cana, sobretudo o bagaço, produz 4,4 mil GWh de energia. Isso equivale a 5% da matriz energética brasileira. A meta do setor sulcroalcooleiro é atingir 14% em dez anos, gerando potência equivalente a uma Usina de Itaipu. “Mas há muito que evoluir para atingir esses níveis”, admite Souza, citando barreiras que precisam ser vencidas, como as dificuldades do sistema de comercialização.
“Pleiteamos que o governo promova leilões contínuos – e não esporádicos – para atender o mercado das distribuidoras de energia”, afirma Souza. Após um leilão isolado em 2008, um outro está previsto para o primeiro semestre deste ano, envolvendo bioeletriciadade e também geração eólica e pequenas centras hidrelétricas.
A indústria reivindica uma política setorial que reduza os custos de conexão da energia de biomassa na rede elétrica e reconheça os seus benefícios como fonte complementar à matriz hidrelétrica. “Além do balanço de carbono favorável, cada 1 mil MW médio investido na geração pelas usinas de cana poupa 4% de água dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste”, justifica Souza. Ele conclui: “Por ser descentralizada, a energia da biomassa garante o abastecimento de consumidores locais no caso de apagão do sistema em diferentes regiões”.
Das 434 usinas brasileiras, 88 vendem energia para a rede elétrica. O crédito de carbono, segundo Souza, é uma importante receita não operacional. Proporcionou às usinas um faturamento adicional de US$ 3,5 milhões, em 2008. O setor tem 29 projetos registrados junto ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), vinculado ao Protocolo de Kyoto. O bagaço de cana representa 30% da capacidade instalada referente às iniciativas de MDL na área energética no Brasil, com potência de 1211 MW.
“Trata-se de um mercado de ótimos negócios”, atesta Marcus Frank, diretor da McKinsey. “Além de substituir combustível fóssil, biomassa poupa matéria prima de ambientes naturais.” (S.A.)
Postado por Luis FavreComentários Tags: bagaço de cana, biocombustivel, bioeletricidade, biomassa, cana de açúcar, energia, energia limpa, Etanol, lavouras, mecanização, Protocolo Agroambiental Voltar para o início
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