segunda-feira, 15 de março de 2010

Olho no olho, na frente do espelho.

Do Blog Almanaque Sr.Com.




Vamos ser sinceros e honestos com nós mesmos: na loteria do nascimento, podemos não ter tirado a sorte grande, mas também não podemos nos queixar. Se tivéssemos nascidos numa das milhares de favelas do Brasil, nossas vidas seriam bem mais difíceis de serem vividas.

Cresceríamos bem alimentados, com boas escolas, com todos os cuidados de saúde? Claro que não. Se sobrevivêssemos os primeiros anos e fôssemos crescendo, quais seriam as oportunidades para conquistar uma vida, digamos, normal?

Aos 18 anos, mais ou menos, nós começaríamos a pensar no presente e no futuro. É preciso comer, vestir-se, ter onde dormir, dinheiro para pegar ônibus... gostaríamos de conseguir um bom emprego, com um bom salário, mas nem nós mesmos (de hoje) daríamos emprego a um jovem mal vestido, mal tratado e sem qualificação.

Conseguir emprego honesto para nós seria algo quase impossível e o salário mal daria para pagar a condução e fazer um lanche. Mas existem nas favelas umas organizações que não fazem tantas exigências e pagam bem. Nós correríamos riscos de morte, mas talvez seja até melhor do que morrer de fome.

Diariamente, como nos últimos 40 anos, subiriam aos morros pelotões de elite. Matariam uns três de nós, mas mais uns dez de nós nasceríamos nesses mesmos dias. Essa gente da cidade não aprendeu aritmética até hoje...

Na realidade, a vida que nos permitiram viver, nos transformaria em feras. Ou queriam o que? Médicos, engenheiros, senadores, empresários? Os donos do circo teriam nos criados assim e é assim que ficaríamos e eles viveriam amedrontados e morando em casamatas. Colocando a culpa em nós. Ou não?

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