terça-feira, 23 de março de 2010

Serra, quem vive de bônus é vendedor; profissional da educação merece é salário e aposentadoria digna!

Do Blog Festival de Besteiras na Imprensa.

Como mostramos anteriormente (clique aqui), os tucanos que governam São Paulo há 15 anos aumentaram muito a receita em 2006, sem o correspondente aumento nas despesas com educação.

Se o percentual do aumento significativo da Receita fosse aplicado à Educação os salários desses profissionais seriam dignos das suas responsabilidades, já que há uma unanimidade de que a Educação é a prioridade das prioridades.

Enquanto a Receita do Governo do Estado de São Paulo cresceu 82%, entre 2002 e 2010, a Despesa na Educação cresceu míseros 1,3%, sendo que em 2006 e 2007 caiu 14%, em relação a 2002, como mostra a tabela abaixo (dados extraídos das Leis Orçamentárias do período), com valores atualizados para 2010 pelo IPCA. Orçamento em R$ bilhões e crescimento em %.


2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Orçamento Educação atualizado pelo IPCA (2010) 16,081 15,580 15,465 16,240 13,766 13,849 14,860 16,183 16,293
Crescimento Orçamento Educação em relação a 2002 0,0 -3,1 -3,8 1,0 -14,4 -13,9 -7,6 0,6 1,3

[Alguém já viu essa informações publicadas nos veículos das Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão e Veja, entre outros)?]

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Como se sabe, a principal despesa na educação não é a de construção de escolas, mas sim salários dignos para os profissionais da educação, à altura das suas responsabilidades de atuar numa área ultra-prioritária.

O que fez, então, o Serra? Inventou um bônus por desempenho, a ser pago anualmente a esses profissionais: o “Bônus do Serra” (clique aqui para ler matéria a respeito no G1).

Ele deve ter se inspirado nos vendedores, cuja principal componente das suas rendas é o bônus por desempenho. Sem desmerecer o segmento dos vendedores mas apenas retratando uma situação histórica, já assimilada na cultura brasileira e mundial.

O tal do “Bônus”, para o Serra, tem a vantagem de não se incorporar ao salário. Assim, quando o profissional da educação se aposentar não levará o maldito bônus para comprar o leite de soja das crianças (netos à essa altura). A filosofia do Serra é a de que aposentado tem mais é que ganhar pouco, já que é improdutivo econômicamente.

O “Bônus do Serra”, conhecido como “bicho” no futebol, ao contrário deste não é pago a todos os jogadores se a equipe vencer (o que é um absurdo porque jogador de futebol recebe salário para vencer).

O “Bônus do Serra” não é pago em função do desempenho geral da Educação em São Paulo, mas sim àqueles(as) profissionais cuja equipe (escola) conseguir atingir as metas estabelecidas.

As escolas que, por qualquer motivo, não consigam atingir as metas, ainda que os profissionais que lá trabalhem tenham se empenhado ao máximo, ainda que tenham se esfalfado, serão punidas. Pune-se a escola e, com ela, todos(as) os(as) profissionais que lá trabalham. Vocês conhecem alguma coisa mais estúpida que essa?

Assim, os profissionais das escolas que forem punidas receberão apenas o seu minguado salário. Se reclamar ouvirão do Governo de São Paulo: “quem mandou querer ser professor?”

Se fizerem greve, receberão o desprezo do Governador e uma ação mais enérgica da polícia em suas manifestações públicas.

Além disso, se o “Bônus do Serra” pode ir e vir, independentemente do trabalho de cada profissional, não dá para considerar como algo permanente na sua renda. O que fazer então com o bônus, caso seja contemplado? Comprar ações da Petrobras? Colocar embaixo do colchão?

E se o governo seguinte resolver revogar essa lei?

Tudo isso nos leva a afirmar o que está no título do post:

“Serra, quem vive de bônus é vendedor; profissional da educação merece é salário e aposentadoria digna”

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O gráfico no topo deste post, com dados extraídos das Leis Orçamentárias do Governo do Estado de São Paulo, mostra a disparidade entre o crescimento real da Receita e o crescimento real das dotações para a Educação, atualizados para 2010 pelo IPCA.

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