quinta-feira, 1 de julho de 2010

3 minutos por um vice

Na impossibilidade de ser candidato sem vice (e sem o “DEM 3 minutos”), o escolhido foi Indio da Costa.

Serra conheceu seu vice ontem, do qual até então não tinha ouvido falar, e os jornais apresentam o jovem como aportando sua idade e seu Estado, como dote de casamento. Os padrinhos Maias, sorridentes, assumem felizes o desenlace e posam de vitoriosos na queda de braço com o PSDB e Jefferson.

Porém, os Maias vitoriosos da novela que podia levar como título: “Desesperadamente procurando um vice” (relembrando o Desperately Seeking Susan, filme com Madona), não consideravam o afilhado, prometido a belo futuro.

Quando da escolha de seu sucessor, Cesar Maia preferiu Solange Amaral. Temia talvez a juventude impetuosa de Indio ou sua exposição negativa na CPI da Merenda, que acrescentada da própria em relação a Cidade da Música, daria um barulho ensurdecedor a uma eleição, que acabou perdida mesmo assim.

Segundo relato do Globo “Indio foi nomeado secretário municipal de Administração, função que desempenhou entre 2001 e 2006. Na cadeira de secretário, foi alvo de CPI. Na comissão em que a vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) foi relatora, ficou concluído que a licitação para a compra de R$ 75 milhões em merenda, entre julho de 2005 e junho de 2006, causou prejuízo aos cofres públicos.

A CPI calculou que 99% das compras, feitas pela Secretaria municipal de Administração e de Educação, estavam concentradas sempre na mesma empresa, a Comercial Milano.

Entretanto, desde 2006 ele se afasta, aos poucos, de Maia: vaidoso, Indio queria ser o escolhido pelo prefeito para sucedê-lo, mas Cesar preferiu Solange Amaral. O mesmo Cesar que não quis Indio para ser seu candidato a prefeito, agora foi um dos principais patrocinadores da escolha dele para vice na chapa presidencial de Serra.

Indio namorou por cerca de um ano a filha do polêmico banqueiro Salvatore Cacciolla, hoje preso em Bangu 8. Também teve uma relação com a filha do líder, o então prefeito Cesar Maia. Em 2004, teve uma filha com uma espanhola — que hoje mora com a mãe no país europeu.

Um ano antes da paternidade, em 2003, viveu um dos momentos mais tensos de sua vida: uma operação para retirar um aneurisma cerebral.

Foi eleito deputado federal em 2006, com uma campanha que custou R$ 838 mil. Teve cerca de 91 mil votos. De acordo com o site Transparência Brasil, cada voto de Indio da Costa custou R$ 9,16. A média para quem se elegeu no Rio naquele ano foi de R$ 4.”

Nessas condições não é difícil entender o pouco entusiasmo que gerou no PSDB o escolhido para vice de Serra. Esse desenlace da designação do vice é o retrato mais apurado do impasse da campanha da oposição, enfraquecida e em crise. Sem ideias, sem programa e desgarrada entre seus diferentes componentes e seus diversos subgrupos.

O artigo a seguir, do jornal O Globo, retrata o efeito Indio nos caciques tucanos. Resignação perante a falta de opção e a péssima condução de todo o processo por parte de José Serra.

Luis Favre

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Nome do vice não entusiasma tucanos

Em público, ordem é não reclamar da escolha e evitar nova crise com o DEM

Adriana Vasconcelos – O GLOBO

BRASÍLIA. No PSDB, a notícia da indicação do deputado Indio da Costa (DEM-RJ) foi recebida sem entusiasmo, e até com certa preocupação nos bastidores. Mas de público ninguém ousou reclamar da escolha, justamente para não realimentar a crise que se arrastava há seis dias entre os dois partidos.

A avaliação interna, porém, é a de que a escolha de um deputado federal de primeiro mandato, sem maior projeção eleitoral e praticamente desconhecido nacionalmente, evidenciou a falta de opções da oposição — além de expor a má condução das negociações sobre o companheiro de chapa do candidato tucano à Presidência, José Serra.

Publicamente, porém, os tucanos elogiaram a escolha, seguindo rigorosamente a orientação da cúpula de encerrar de uma vez por toda a novela do vice. Reservadamente muitos tucanos afirmaram nem conhecer o deputado fluminense, que está em seu primeiro mandato na Câmara.

O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, o vice que Serra tanto queria, atuou nas últimas horas da negociação com o DEM e elogiou a escolha: — É o nome escolhido. É uma cara nova do Rio de Janeiro.

Agora, o principal é trabalharmos para virar a página de vice e seguir em frente.

— Indio é um bom deputado.

Atuante e com muita sensibilidade.

Participou ativamente de CPIs e foi relator da Lei da Ficha Limpa — afirmou o líder do PSDB, deputado João Almeida (BA).

Apesar dos esforços para mostrar que está tudo resolvido, o próprio presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), elogiou a escolha de Indio, mas, perguntado, admitiu que preferia Álvaro Dias.

— É um nome de bastante respeito, é um jovem líder, com grande capacidade de comunicação.

Mas continuo achando que o Álvaro Dias seria o melhor candidato de todos — afirmou Sergio Guerra

Postado por Luis Favre
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Do Blog do Favre.

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