quinta-feira, 15 de julho de 2010

A instável situação de Serra no RS

O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, não goza de uma situação confortável no Rio Grande do Sul. É o que se pode depreender de pesquisa Ibope no estado divulgada há poucos dias. Os pesquisadores foram a campo nos dias 6 a 8 de julho. O Óleo analisa, em primeira mão, os dados presentes na íntegra do relatório do Ibope para o RS. Acho importante ficarmos de olho bem aberto ao que acontece no Sul porque é a única região do país onde o tucano tem se mantido, de maneira incontestável, à frente nas pesquisas.


Ou seja, num dos estados em que registra seu melhor índice de intenção de voto, Serra terá o palanque de uma governadora impopularíssima e que sequer deverá chegar ao segundo turno.

Num eventual (e improvável) segundo turno com Yeda, o candidato do PT, Tarso Genro, teria 59% das intenções de voto, contra 24%. Esses dados mostram que os índices eleitorais de Serra no RS são, no mínimo, instáveis.


A tabela acima contém uma particularidade que me chamou a atenção. Yeda é fraca entre as mulheres e, neste caso, não se pode atribuir ao baixo grau de informação, visto que a governadora é naturalmente conhecida pela totalidade dos gaúchos. Essa debilidade entre as mulheres é outro fato que prejudicará Serra, pois o tucano apenas tem evitado uma derrocada muito grande nas pesquisas através da vantagem que mantém sobre sua adversária entre o eleitorado feminino.

Num mais provável segundo turno contra Fogaça, o petista mantém uma vantagem (menos) folgada. Fogaça (PMDB) será tentado a dar palanque à Serra, mas ficará numa saia justa perante o apoio oficial de seu próprio partido à Dilma Rousseff. Tarso Genro, ao contrário, terá a vantagem múltipla de sair na frente, ser opositor de Yeda Crusius (já o PMDB gaúcho era aliado de Yeda) e pertencer ao mesmo partido que Lula e Dilma.



E agora compare a popularidade de Yeda Crusius e Lula no Rio Grande do Sul.

Quando começar a campanha e os eleitores gaúchos forem lembrados diariamente que Serra é do PSDB, o mesmo partido da governadora Yeda Crusius, não me parece que isto deverá beneficiar o tucano.

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Outras tabelas desta última pesquisa Ibope apontam mais fragilidades eleitorais de Serra no Rio Grande do Sul. Confiram a espontânea, por exemplo.

P.04) Pensando na eleição para Presidente da República, em quem o(a) sr(a) votaria para Presidente da República se a eleição fosse hoje? (Espontânea)



Observem (acima) que Dilma e Serra estão empatados tecnicamente na espontânea. Na tabela abaixo, que traz a pesquisa estimulada, note que os dois principais candidatos empatam tecnicamente entre os homens. A mesma coisa acontece na espontânea.

A diferença maior de Serra sobre Dilma está entre as mulheres. Agora observe os números relativos à escolaridade (tabela acima). A vantagem do tucano se concentra entre as pessoas com apenas o ensino fundamental. Ou seja, com menor informação sobre os candidatos. Entre as pessoas com ensino superior, Dilma tem uma vantagem de seis pontos na espontânea, 32% contra 26% de Serra. Isso confirma a tendência de crescimento da petista na medida em que aumenta o grau de conhecimento do eleitorado sobre ela.

P.10) Se a eleição para Presidente da República fosse hoje e os candidatos fossem estes, em quem o(a) sr(a) votaria?

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Para o Senado, os tucanos não tem ninguém da base aliada para lhes puxar votos no Rio Grande do Sul. Deverão se aliar a Germano Rigotto, que lhes é simpático, mas o PMDB, lembrando, coligou-se oficialmente com Dilma... Por este e por mil outros motivos, Rigotto deverá focar sua campanha em si mesmo, não em Serra. O PP de Ana Amélia Lemos (também bem colocada nas pesquisas) acaba de emitir comunicado nacional de que, apesar de não coligado oficialmente, participará em favor de Dilma Rousseff.

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Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

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