28.09.2010
Não é Nenê de Vila Matilde, nem Rosas de Ouro, Vai-Vai, Mocidade Alegre ou Unidos de Vila Maria. Não é nenhuma escola de samba, ou talvez sejam todas elas reunidas numa só – esta que desfila na noite de segunda-feira pelo Sambódromo de São Paulo e que tiraria nota 10 no quesito empolgação. Tem milhares de passistas, incontáveis porta-bandeiras esta escola de samba gigante que bem poderia se chamar Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos Jamais Seremos Vencidos.
Evolui com graça e garra e ocupa cada pedacinho de asfalto e toma as arquibancadas e não pára de chegar dos quatro cantos da cidade, do centro e da periferia, da capital e do interior. Mulheres e homens, jovens, velhos e crianças, muitas crianças. Gente de todas as cores e religiões, de tantos estados que formam este resumo de Brasil chamado São Paulo.
Corinthianos e palmeirenses, outrora inimigos mortais, hoje abraçados como se formassem uma única e grande torcida. Gente torcedora de todos os times, de todas as escolas de samba, de todos os ritmos. Gente embandeirada que já entra no Sambódromo sambando, hip-hopiando, funkeando, axezando, e que seguirá dançando a noite toda, porque a chuva é fria e porque na sola, no salto, na ponta dos pés o coração é quente. Gente contente, sorridente, brasileira.
Gente que desmente quem mente que política é prato amargo, azedo, temperado com ódio e servido a frio nos jornais, revistas, televisão. Gente que ama, espera e alcança; a mais perfeita tradução do que Dilma vem dizendo nesta reta final de campanha: “Assim como a esperança venceu o medo, a esperança e o amor vencerão o ódio”.
Gente que nem esse José Elineldo dos Santos, operador de injetora numa indústria de plásticos, que graças a Lula hoje pode convidar os amigos e os parentes para um churrasco sempre que der vontade, esse Elineldo que arranjou um banner da Dilma e recortou o rosto de sua candidata e colou num compensado e chega ao Sambódromo com o rosto gigante da Dilma, e a Dilma é tão grande que já ninguém sabe se Elineldo carrega a Dilma ou se a Dilma carrega o Elineldo, e pensando bem nem faz diferença.
Gente que nem esse Israel Cajé do Nascimento, dono de bar e lanchonete na periferia, que carrega nos ombros a neta Taynara, e diz que a vida melhorou porque quem diz que a vida melhorou é a boca do caixa, não só porque o faturamento é mais alto, mas porque sentado na boca do caixa Israel ouve as conversas de todo mundo, e o mundo parou de reclamar da vida, e todo mundo pensa e fala do futuro, quer voltar a estudar, quer fazer um curso de especialização, quer melhorar ainda mais de vida.
Gente que nem essa dona Margarida Arrais, que tem 70 anos e veio com a neta Kaylane, que tem 7, e dos 7 aos 70 essa é uma família feliz, como diz Tereza, filha de Margarida e mãe de Kaylane, feliz porque o Brasil é respeitado lá fora e porque aqui dentro a classe baixa hoje está mais alta, ela que mora na favela comprou um Celta 2003 e está comprando uma casa.
Gente que nem essa Cleone Santos, educadora, feminista, que carrega no peito a frase “A vez e a voz das mulheres”, que tem 52 anos, que já viu meio século passando ligeiro mas a danada dessa semaninha que falta não passa nunca, falta só uma semana para a realização do sonho de Cleone, “meu não, é o sonho das mulheres brasileiras”, ela corrige, e diz que não esperava ver em vida a luta de toda uma vida, que é votar e eleger uma presidenta do Brasil.
Gente que nem essa Maria Lúcia da Cunha, que veio com os filhos Raí e Leonardo, de 4 e 6 anos, que é faxineira e evangélica, adventista do sétimo dia, e faltam sete dias para a eleição e Maria Lúcia diz que a palavra de Deus vai se cumprir, Dilma vai ganhar porque tem amor, e Deus disse que é preciso amar, e o PT ama os pobres, quer repartir o pão e a terra, e o Brasil vai ser melhor, e pensando bem o nome desta que é a maior escola de samba do mundo, esta que nunca antes na história, bem que podia ser Unidos Por Um País Feliz.
Foto: Rossana Lana.
Acompanhe aqui a cobertura diária da campanha de Dilma pelo Twitter.
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Do Blog Presidente DILMA.
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