quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A ética capenga da grande imprensa

08
Sep

O professor de ética e filosofia política da USP, Renato Janine Ribeiro, publicou um artigo hoje na Folha de S.Paulo, em que condena o comportamento da imprensa e da oposição no caso do acesso a dados fiscais da Receita. Ele lembra uma cena de Alice no País das Maravilhas, onde a rainha não cessa de gritar: cortem-lhe a cabeça, cortem-lhe a cabeça

Janine Ribeiro questiona por que, mesmo diante das evidências de falta de seriedade do personagem que retirou a declaração da filha de Serra, os jornalistas acreditam especificamente em uma afirmação dele: a de que o episódio visaria a prejudicar José Serra, quando se há alguém poderia ser prejudicado é Dilma Rousseff.

Para o professor de ética, a resposta estaria no fato de a imprensa não cobrir as eleições a sério. “A cobertura eleitoral é em função dos institutos de pesquisa, dos escândalos e, bem pouco, do trabalho dos repórteres. Isso augura mal para o futuro de uma profissão que um dia quis exercer”, afirma Janine Ribeiro, revelando sua frustração.

A meu ver, o professor vai no cerne da questão. A imprensa não faz o seu papel porque não está aí para reportar e sim para colaborar com um determinado candidato, apoiado pelos donos dos meios de comunicação. Colunistas e repórteres fomentam falsos debates, como este dos sigilos fiscais da Receita, distorcendo o que seria a cobertura jornalística desejável no momento de um decisão crucial para a nação.

Assim como critica a imprensa, Janine Ribeiro também repreende a oposição por se valer de um delito – cuja ligação com a campanha de Dilma não pode provar – para tentar anular na Justiça os votos dela.

“Se for jogo de cena para levar ao segundo turno, não é bonito, mas vá lá. Se for uma tentativa de anular 60% dos votos válidos e empossar um presidente votado por 25% dos eleitores, será um golpe fatal na nossa democracia”, adverte.

O professor afirma que a “oposição e a imprensa que a apóia” precisam aceitar que “nas eleições se perde e se ganha, que elas não são uma guerra em que se mata o inimigo, mas uma competição em que o povo escolhe o preferido para cada cargo.”

Até porque, observa ele, a tarefa de construir o país é de todos, e é melhor evitar atos que tornem difícil a colaboração “pelo menos entre quem gosta do Brasil”.

Mas tem gente que não gosta, professor. Não gosta do Brasil, se não tiver o poder, nem da vontade dos brasileiros, se esta não lhe for favorável.











Postado por Brizola Neto

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

Nenhum comentário: