segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O dossiê Erenice preparado pela turma do Serra


"Ele [delegado Onésimo] disse que esse grupo do Itagiba, depois de vasculhar a vida do Aécio Neves e da Dilma e não ter encontrado nada contra, eles estavam desesperados. E disse que tem uns 500 dossiês..."
Amaury Ribeiro Júnior, em entrevista à Folha de São Paulo, 07/06/2010


Por que da madrugada do sábado até domingo surgiu uma avalanche de notícias que devassou a vida da família da Ministra Erenice Guerra?

Só pode ser DOSSIÊ previamente preparado por alguém MUITO ligado e MUITO interessado em eleger José Serra, porque a imprensa não teria tempo hábil para fazer essa devassa no fim de semana.

E este DOSSIÊ Erenice está sendo distribuído diluído em diversos órgãos de imprensa operando em estreita ligação com a campanha de Serra.


Se fosse um dossiê com denúncias consistentes, tudo bem, teria mais é que ser denunciado mesmo, mas até agora, não há nenhuma acusação que tenha consistência de fato. Tudo publicado até aqui contra ela são informações recheadas de mentiras, outras procurando confundir para levantar suspeitas e dúvidas sobre a conduta da ministra, sem uma apuração, sem tipificar se há de fato algum ilícito.

Na madrugada do sábado foi a "reporcagem" da revista Veja, com falso dono de empresa e falso contrato.

Na domingo "descobriram" a simples existência da abertura de uma microempresa familiar de 1997 (época em que FHC reinava), como se fosse uma "denúncia". O que essa empresa fez de errado? Ou pelo menos, o que ela fez de fato? A "reporcagem" não diz nada. Apenas diz que se é da família de Erenice, logo tem que ser suspeita.

Também "descobriram" que o filho de Erenice já trabalhou na ANAC, e depois disso, com sua experiência e conhecimentos profissionais na área, trabalhou em escritórios privados. Desde quando trabalhar é crime? Se houvesse denúncia de que foi funcionário fantasma, como no caso da filha de FHC, faria sentido. Se a notícia trouxesse comprovações de tráfico de influência faria sentido. Mas apenas o fato de trabalhar virar uma manchete "denunciando", chega a ser ridículo.

Se fosse assim todos os juízes e procuradores que abriram escritório de advocacia após se aposentarem, todos teriam que ser suspeitos de fazerem tráfico de influência nos tribunais em que trabalharam.

O mesmo ocorre com outros parentes da Ministra, alguns funcionários públicos ou ex-funcionários, outros profissionais liberais, como advogados que, se vivem e trabalham em Brasília, uma cidade repleta de órgãos públicos, é óbvio que em algum dia terão causas envolvendo estes órgãos. Onde está o ilícito? A imprensa não fala, apenas suspeita.

A imprensa pode suspeitar o que quiser de quem quiser, mas que apure estas suspeitas antes de publicar para ver se tem fundamento. Fazer falsas denúncias, sem apurar, apenas para depreciar a imagem das pessoas, é um jornalismo de calúnias (o que, aliás, virou regra nos manuais de redação do PIG em se tratando de gente ligada ao governo Lula).

É óbvio que o dossiê Erenice estava pronto, na gaveta. O dossiê não encontrou nada que rendesse um "bom escândalo", que justificasse ser divulgado antes.

Há 3 semanas das eleições, com a revista Carta Capital colocando a filha de Serra no olho do furacão do vazamento de sigilos bancários, sem nada melhor nas mãos, a turma dos dossiês de José Serra espalharam o dossiê Erenice, fraquinho mesmo, deixando por conta da criatividade dos editores do PIG carregarem nas tintas com ilações.

Deve ter outros dossiês na gaveta, vasculhando a vida de Dilma, da filha de Dilma, e provavelmente não encontraram nada de nada que rendesse um "bom" escândalo, senão já teria saído.

Se não podem desgastar frontalmente Dilma e Lula, o objetivo é desgastar pelas bordas, criando no imaginário popular um clima de suspeição sobre o governo Lula, preparando o terreno para o eleitor incauto suspeitar até de boatos às vésperas das eleições.

Se soltassem um dossiê falso contra Dilma agora, seria desmentido poucas horas pela internet e até as eleições o efeito seria bumerangue, voltando-se contra a candidatura de Serra.

O dossiê Erenice, é preparação de terreno, para soltar um dossiê falso contra Dilma na véspera das eleições, no estilo das fichas falsas que a Folha de São Paulo já publicou.

Tem que ser na véspera, para dar menos tempo de desmentir. O desmentido na internet virá a tempo, mas não chegará a todo mundo que assistirá o Jornal Nacional.

Junto com o dossiê falso contra Dilma e os boatos, virá o chavão em todos os editoriais e discursos, incluindo de candidaturas auxiliares como de Marina Silva: "É melhor levar a eleição para o segundo turno, para ter certeza se é só boato ou não".

Esse chavão já foi usado nas eleições de 2006.

É esse o golpe anunciado que está em curso.

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