por Luiz Carlos Azenha
De toda a milícia que compõe hoje em dia as redações dos jornalões brasileiros, a de O Globo é certamente a que tem mais sangue nos olhos.
José Serra, o comandante da milícia, esteve lá.
Dilma Rousseff não foi à sabatina.
Neste sábado o jornal se dedica à vingança: uma página inteira, a 3, dedicada às perguntas que Dilma Rousseff não respondeu, como se isso significasse alguma coisa. O manchetão da capa diz: Serra: Lula ‘deixa roubar’e Dilma é ‘envelope fechado’.
Depois da dobra, O Globo faz plágio da capa de O Estado de S. Paulo e da Folha de S. Paulo, na véspera do primeiro turno de 2006, que tentava associar Lula, como meliante, ao dinheiro dos aloprados:
Nas internas, os colunistas se dedicam a replicar o que disse Serra, como se transformassem as ordens do comando em estratégias de combate.
As Organizações Globo se fecharam completamente dentro de seus próprios muros. Depois de um intenso bombardeio contra a candidata Dilma Rousseff, 24 horas por dia, esperavam que ela se prestasse a legitimar a ação miliciana do jornal.
Pobre leitor.
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Reproduzo, a partir do Tijolaço, o blog do deputado Brizola Neto, as perguntas que dois colunistas de O Globo fariam a Dilma Rousseff, se ela tivesse participado da sabatina:
Merval Pereira: Candidata, a senhora vem sofrendo uma transformação radical, à vista de todos, tanto na fisionomia quanto na ideologia. Qual é a verdadeira Dilma, a gerentona do governo, que já colocou muitos ministros a chorar depois de discussões, ou a mãe gentil do povo brasileiro? A que coloca o chapéu do MST e diz que não trata dos movimentos sociais na base da polícia, ou a que diz que não convém colocar o chapéu do MST e que não tolerará ilegalidades? A que se orgulha de ter participado da luta armada contra a ditadura e foi saudada por José Dirceu como “minha companheira em armas” ou a que nega ter pegado em armas contra a ditadura? A que classificou de “rudimentar” a proposta do então ministro Antônio Palocci de limitar os gastos do governo, ou a que defende o corte de gastos e tem o mesmo Antônio Palocci como coordenador de sua campanha?
Miriam Leitão: O governo tem banalizado o crime de quebra de sigilo fiscal dos líderes da oposição e familiares do candidato José Serra com frases espantosas. O ministro da Fazenda disse que vazamentos sempre acontecem; o presidente Lula perguntou num comício “cadê esse tal de sigilo?”; a senhora declarou que falar disso é desespero e jogo eleitoral da oposição. Tente imaginara situação inversa: os dados da sua filha sendo espionados no órgão que deve zelar pela proteção constitucional do sigilo. O que a senhora sentiria? A senhora considera normal que órgãos do Estado sejam usados para espionar adversários políticos?
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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