A função do Ombudsman seria, em tese, defender o ponto-de-vista do leitor e criticar o jornal. Por outro lado, eu sempre achei que não faz sentido o Ombudsman ser empregado do próprio jornal onde trabalha, pois isso cria uma situação constrangedora para todos, para o Ombudsman, para seus colegas e para o patrão. Minha idéia era que ele fosse um servidor público, não ligado ao governo, mas pertencendo a uma autarquia independente. Não teria nenhum poder de censura, claro, seria apenas uma opinião livre a defender os leitores, sem o constrangimento de ter seu almoço e jantar pagos pela empresa que ele deve criticar.
O que não pode acontecer é o que vemos na coluna de Suzana Singer deste domingo, um exemplo de manipulação midiática e partidarismo tosco.
Ao abordar o assunto "sigilo violado", ela começa jogando a culpa no PT e fazendo aquele pout-pourri básico da mídia antipetista:
Ou seja, ela disvirtua sua função para fazer um editorialzinho tucano meiaboca, contendo ainda uma barriga, pois hoje se sabe que o tal Artella não teve nenhuma vida partidária. Foi apenas mais um dos milhares que assinaram fichas de inscrição ao PT num momento de empolgação, após a vitória de Lula em 2003. No caso dele, o cadastramento sequer se efetivou.
O mais grave, porém, vem na conclusão do texto:
Porque essa ansiedade para achar o vilão antes do dia 3 de outubro? É para influenciar o voto? Se o próprio Tribunal Superior Eleitoral já descartou qualquer indício de crime eleitoral, e, mais que isso, o bom senso, se há algum entre os jornalistas, vocifera no ouvido de todos que tal vazamento apenas prejudica Dilma. Só haveria crime eleitoral se a campanha petista patrocinasse algum ato que beneficiasse Dilma. De resto, é crime comum.
Singer não faz a pergunta mais óbvia: quem está interessado uma reviravolta eleitoral?
Sei que diante deste argumento alguns comentaristas de jornal tem lembrado que há um ano Serra liderava as pesquisas e, portanto, haveria interesse petista em amealhar notícias contra o tucano. Ora, mesmo aceitado a hipótese de que petistas violaram o segredo da filha de Serra, isso constitui um crime comum, um crime gravíssimo, mas comum, não-eleitoral.
Seria crime eleitoral se o tucano revelasse agora que tem sido chantageado desde o início da campanha e que fez todas as burrices que fez por ordem de Dilma, com a arma do sigilo da filha apontada para sua cabeça.
Serra não disse isso. A campanha petista não usou dados sigilosos de Verônica Serra em sua campanha. Ninguém recebeu email com isso. Ninguém viu nada na TV. Os dados que apareceram na blogosfera não eram dados sigilosos e sim documentos públicos que circulavam na internet.
Então porque esse desespero em encontrar um "vilão" antes do dia 3 de outubro? A resposta, naturlamente, é o desejo de influenciar o pleito. Isso sim é crime eleitoral. Singer, numa inversão estapafúrdia de seu papel de defender o leitor, torna-se, portanto, ela sim, uma vilã do leitor, alguém que está contra o leitor, e que na maior cara de pau anuncia a intenção do jornal em encontrar um fato que possa interferir no direito do leitor de escolher um candidato a partir de sua própria consciência, sem influências de manipulações midiáticas.
A senhora Suzana Singer deu uma de Raskólnikov, personagem principal de Crime e Castigo, em Dostoiévski, e defendeu o direito ao assassinato, desde que por uma boa causa - no caso, derrotar Lula e Dilma Rousseff.
É bom lembrar a Singer, porém, que no romance russo, Raskólnikov se dá conta do erro cometido e se entrega à polícia. E na vida real do Brasil, Dilma Rousseff vai ganhar e nós, seus eleitores, iremos cobrar a conta por todas essas falcatruas cometidas pela mídia contra a nossa candidata.
O que não pode acontecer é o que vemos na coluna de Suzana Singer deste domingo, um exemplo de manipulação midiática e partidarismo tosco.
Ao abordar o assunto "sigilo violado", ela começa jogando a culpa no PT e fazendo aquele pout-pourri básico da mídia antipetista:
As suspeitas recaem sobre o PT. Primeiro, pelo histórico: a espiada na conta bancária do caseiro Francenildo (2006), os "aloprados" com dinheiro vivo (2006), o levantamento de gastos pessoais de Ruth Cardoso (2008) e a recente descoberta, de junho, de que havia um dossiê com dados sigilosos de pessoas do PSDB nas mãos de um grupo da pré-campanha de Dilma Rousseff. Outro agravante contra o partido do governo é a revelação de que o contador que entregou a procuração falsa de Verônica Serra era filiado ao PT, como revelou o "Jornal Nacional" de sexta-feira.
Ou seja, ela disvirtua sua função para fazer um editorialzinho tucano meiaboca, contendo ainda uma barriga, pois hoje se sabe que o tal Artella não teve nenhuma vida partidária. Foi apenas mais um dos milhares que assinaram fichas de inscrição ao PT num momento de empolgação, após a vitória de Lula em 2003. No caso dele, o cadastramento sequer se efetivou.
O mais grave, porém, vem na conclusão do texto:
Sem por a mão no bolso e sem esperar revelações dos candidatos, a Folha está diante do desafio de achar o vilão desse enredo antes de 3 de outubro.
Porque essa ansiedade para achar o vilão antes do dia 3 de outubro? É para influenciar o voto? Se o próprio Tribunal Superior Eleitoral já descartou qualquer indício de crime eleitoral, e, mais que isso, o bom senso, se há algum entre os jornalistas, vocifera no ouvido de todos que tal vazamento apenas prejudica Dilma. Só haveria crime eleitoral se a campanha petista patrocinasse algum ato que beneficiasse Dilma. De resto, é crime comum.
Singer não faz a pergunta mais óbvia: quem está interessado uma reviravolta eleitoral?
Sei que diante deste argumento alguns comentaristas de jornal tem lembrado que há um ano Serra liderava as pesquisas e, portanto, haveria interesse petista em amealhar notícias contra o tucano. Ora, mesmo aceitado a hipótese de que petistas violaram o segredo da filha de Serra, isso constitui um crime comum, um crime gravíssimo, mas comum, não-eleitoral.
Seria crime eleitoral se o tucano revelasse agora que tem sido chantageado desde o início da campanha e que fez todas as burrices que fez por ordem de Dilma, com a arma do sigilo da filha apontada para sua cabeça.
Serra não disse isso. A campanha petista não usou dados sigilosos de Verônica Serra em sua campanha. Ninguém recebeu email com isso. Ninguém viu nada na TV. Os dados que apareceram na blogosfera não eram dados sigilosos e sim documentos públicos que circulavam na internet.
Então porque esse desespero em encontrar um "vilão" antes do dia 3 de outubro? A resposta, naturlamente, é o desejo de influenciar o pleito. Isso sim é crime eleitoral. Singer, numa inversão estapafúrdia de seu papel de defender o leitor, torna-se, portanto, ela sim, uma vilã do leitor, alguém que está contra o leitor, e que na maior cara de pau anuncia a intenção do jornal em encontrar um fato que possa interferir no direito do leitor de escolher um candidato a partir de sua própria consciência, sem influências de manipulações midiáticas.
A senhora Suzana Singer deu uma de Raskólnikov, personagem principal de Crime e Castigo, em Dostoiévski, e defendeu o direito ao assassinato, desde que por uma boa causa - no caso, derrotar Lula e Dilma Rousseff.
É bom lembrar a Singer, porém, que no romance russo, Raskólnikov se dá conta do erro cometido e se entrega à polícia. E na vida real do Brasil, Dilma Rousseff vai ganhar e nós, seus eleitores, iremos cobrar a conta por todas essas falcatruas cometidas pela mídia contra a nossa candidata.
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