A violação do sigilo fiscal de qualquer cidadão brasileiro, um direito constitucional garantido desde 1988, é crime exceto se motivada por interesse público, judicialmente definido. Dito isso, porém, é inevitável ponderar que a energia crítica da mídia na abordagem maciça e articulada do obscuro episódio de vazamernto dos dados fiscais de Verônica Serra, filha do presidenciável, omite um ponto crucial do ponto de vista do rigoroso manejo da carpintaria jornalística. Sua elisão beneficia os que enxergam na sofreguidão do atual bombardeio interesses eleitorais --e por que não dizer, um certo desespero, do tipo 'tudo ou nada'-- superiores à disposição de informar, esclarecer e defender a cidadania. A questão espetacularmente ausente das toneladas de papel, tinta e megatempo de exposição em rádio e tevê que o assunto tem merecido --em desfrutável e sugestiva interação com a propaganda política do ex-governador de SP-- pulsa limpidamente na cabeça de qualquer eleitor medianamente curioso: afinal, o que teria de tão altamente comprometedor na declaração de renda da filha de José Serra --e de amigos do peito do presidenciável-- a ponto de, como se insinua, motivar adversários políticos, não necessariamente externos ao seu partido [leia a coluna 'Pó pará, Serra!',nesta pag] ou quadrilhas de chantagistas a violarem seu sigilo fiscal? E, mais que isso, conforme informa hoje o diário e isento jornal da família Frias, ter motivado o ex-governador a --diz a Folha-- comentar o problema já em janeiro, com o próprio chefe do governo que agora acusa de cúmplice?
(Carta Maior; 03-09)
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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