Amigos do Presidente - sábado, 13 de novembro de 2010
A reunião de cúpula do G20 (grupo das 20 principais economias do planeta), terminou nesta sexta-feira em Seul, na Coreia do Sul, com uma carta consensual de boas intenções, mas sem compromissos efetivos que resolvam a 'guerra cambial'.
Mesmo assim, o Brasil saiu vitorioso em quatro pontos:
1) obteve o reconhecimento ao direito dos países emergentes, como o Brasil, de adotar políticas emergenciais para mitigar os efeitos de desvalorizações nas moedas dos demais países (o que pode incluir aumento de taxações de importados até os limites da OMC, e/ou algum tipo de controle de capitais);
2) a posição brasileira na última negociação da rodada de Doha voltou a despertar interesse dos países ricos diante na conjuntura da crise internacional.
3) novamente o Basil demarcou posição de liderança em defesa dos países emergentes, que sofrem consequências, sobretudo diante da desvalorização do dólar.
4) continuou conquistando corações e mentes na opinião pública dos países ricos, ao defender que eles adotem políticas voltadas ao mercado interno e preservação de empregos, como fez o Brasil e outros países sul-americanos, diante da crise.
O acordo apresentado pelos líderes ao final do encontro de dois dias reconhece as disputas cambiais e pede que os países se abstenham de promover as chamadas "desvalorizações competitivas" (perda do valor da moeda para favorecer os produtos de exportação do país).
Acordo ignorado
O acordo final da cúpula de Seul não difere substancialmente da resolução adotada após a reunião entre ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20, no mês passado, também na Coreia do Sul.
Porém, o anúncio pelo FED (o banco central estadunidense) da injeção de US$ 600 bilhões para aquecer a economia dos EUA, vai na contra-mão da resolução tomada em Seul no mês passado, pois força a desvalorização do dólar em relação às demais moedas.
Com isso, os Estados Unidos ficaram na linha de tiro das críticas na guerra cambial, papel antes reservado à China, criticada por adotar uma política de câmbio controlado vinculado ao dólar.
Países como o Brasil criticam a decisão americana por entender que, sem uma política de investimentos e incentivo ao consumo interno, os US$ 600 bilhões levará ao aumento do fluxo de recursos para os países emergentes, que oferecem juros mais altos e rentabilidade maior nas bolsas, provocando pressões para a elevação do valor da moeda e da inflação.
Os emergentes, muitos dos quais possuem hoje grandes quantidades de reservas internacionais em dólar, reclamam também que uma desvalorização da moeda americana reduz por consequência o valor de suas reservas.
Fórmula brasileira contra crise
O Ministro da Fazenda Guido Mantega destacou como ponto positivo do documento assinado pelos líderes do G-20, o "Plano de Ação de Seul", uma série de sugestões de caminho para a retomada do crescimento da economia mundial.
Entre os pontos de ação sugeridos está o estímulo à demanda doméstica para o aumento do consumo interno.
A sugestão atende o desejo dos países emergentes, que argumentam terem conseguido resistir à crise global com essa receita e que mercados consumidores deprimidos nos países desenvolvidos podem levar a uma nova crise.
Rodada de Doha
Apesar do fracasso na questão cambial, houve mostras de consenso na cúpula sobre
Os líderes concordaram com a existência de uma "janela de oportunidade" para uma possível conclusão da rodada Doha para a liberalização do comércio internacional, paralisada desde 2008. O assunto passou a ser tratado como fator de superação da crise global por meio do aumento do comércio internacional.
O presidente Lula apontou que um acordo esteve muito próximo de ser fechado em 2008, mas acabou não acontecendo por causa das resistências da Índia e dos Estados Unidos.
Barack Obama afirmou que está pronto para fazer as concessões necessárias, que faltaram em 2008.
O premiê britânico, David Cameron, por sua vez, citou estudos que mostrariam um incremento anual de US$ 170 bilhões nas trocas internacionais com um possível acordo para afirmar que a rodada Doha deve ser concluída o quanto antes, se possível até mesmo antes do prazo colocado no comunicado do G20. (Com informações da BBC Brasil)
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