A guerra que não terminou
Por Maria Lucia Andrade Pinto
Tivemos uma campanha eleitoral nos moldes das campanhas estadunidenses. Acumularam-se os crimes contra a honra, o assédio moral e o bullying em relação à então candidata Dilma Rousseff. Mentiras e calúnias foram repetidas de muitas formas: emails apócrifos que invadiam as caixas de entrada, telemarketing, panfletos distribuídos nas ruas, nas portas das igrejas ou colocados nas caixas de cartas, matérias e reportagens mentirosas e tendenciosa na mídia.
Não me consta que se tenha ingressado com alguma ação em Juízo contra essa violenta campanha difamatória. Ou que algum órgão da Justiça Eleitoral tenha visto nesses fatos um gravíssimo crime eleitoral - já que por meio da propaganda, evidentemente financiada por grupos políticos, se alterava a percepção do eleitorado - e agido para coibir o crime.
Em todo o país foi sentida uma escalada de violência em decorrência desses fatos. No Ceará, houve o assassinato de um rapaz que fazia a campanha da Dilma. Houve o relato de uma criança agredida por coleguinhas numa escola particular em São Paulo. A partir daí, aos sussurros, ouvia-se falar em clima conflituado, especialmente entre crianças e jovens, em função do que ouviam em casa dos pais, contrários à eleição de Dilma.
É ilusão pensar que a campanha difamatória terminou. Prosseguem os emails apócrifos, as ações de grupos e instituições de direita e os ataques pela mídia. Os episódios estão se seguindo. Até o momento, não se sabe de qualquer processo ou decisão de órgãos do Judiciário a respeito. E está havendo uma forte pressão na mídia em geral e nos comentários em blogs para se considerar que punir crimes na web é atentar contra a liberdade de expressão. A Deusa Liberdade de Expressão está com mais IBOPE que o Estado de Direito. À essa Deusa tudo é permitido e tolerado. Até o dia em que o feitiço se vire contra o feiticeiro e contra todo o país.
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