Indústria do Rio cresce acima da média nacional, emprego bate recorde e arrecadação avança 18%
Cássia Almeida e Danielle Nogueira – O GLOBO
A produção industrial do Estado do Rio cresceu 5,5% em novembro, enquanto na média nacional houve recuo de 0,1% no mesmo mês, informou ontem o IBGE. Esse é apenas mais um sinal da retomada da economia fluminense, que vinha andando atrás do resto do Brasil. Ser escolhida a sede das Olimpíadas de 2016 e uma das capitais brasileiras que receberão a Copa de 2014 colocou o Rio sob o holofote mundial. Junte-se a isso uma redução da violência urbana e uma melhora no ambiente de negócios que, segundo especialistas e empresários, garantem à economia fluminense um desempenho acima da média nacional.
Prova disso é o aumento da arrecadação de impostos. O recolhimento de ICMS cresceu 18,8% no ano passado, alcançando R$ 22,134 bilhões, no quarto maior avanço entre os estados do país e num desempenho superior ao de São Paulo, onde a arrecadação de ICMS cresceu 14,4%. — Há um trabalho forte de fiscalização. Investimos R$ 5 bilhões em 2010, e vamos investir mais para fazer frente aos compromissos assumidos com a Copa e as Olimpíadas — afirmou o secretário estadual de Fazenda, Renato Villela.
Assim, a economia fluminense vai recuperando o terreno perdido. Segundo levantamento do economista Mauro Osório, da UFRJ, de 2000 a 2009, a produção da indústria de transformação (quando se exclui a extrativa-mineral, no caso do Rio, basicamente petróleo) caiu 1,9% no estado, contra uma alta de 17,7% no Brasil. Porém, nos últimos 12 meses, terminados em novembro, o movimento se inverteu. No Brasil, a expansão foi de 11,6% e a indústria de transformação do Rio avançou 12,7%: — Conseguimos encostar no Brasil. Vínhamos como um ponto fora da curva. Precisamos investir em infraestrutura para permitir o crescimento das pequenas empresas, que não estão se expandindo na mesma proporção.
Maior avanço entre metrópoles globais
● O avanço do emprego com carteira assinada no Estado do Rio — cuja economia sempre foi marcada pela informalidade — também ganhou força. Em novembro, foram criadas 31.965 vagas, no melhor resultado desde 1995 e, no ano, já são 200.783 empregos com carteira. Isso mudou a estrutura do mercado de trabalho do Rio: em novembro de 2002, 45% dos trabalhadores empregados tinham carteira assinada. Em novembro do ano passado, essa parcela subiu para 51%.
A melhora no mercado de trabalho fluminense ficou claro na pesquisa recente Global Metro Monitor (publicação da London School of Economics e do Brookings Institution). Segundo o presidente do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets), o economista André Urani, na comparação entre o dinamismo econômico (medido por emprego e renda) das 150 maiores metrópoles do mundo no período anterior à crise (1993-2007) com o posterior (2008-2010), o Rio foi a
região com o maior avanço: saiu da 100ª posição para a décima.
Para Urani, a pacificação da cidade foi fundamental com a queda no número de homicídios (foram 317 em outubro de 2010 contra 454 dois anos antes), com uma maior parceria entre governos federal, estadual e municipal. “É muito cedo para cantar vitória, mas as perspectivas são boas. A organização de eventos internacionais, o dinamismo de grandes indústrias siderúrgicas, petroquímicas e navais, a logística, o mercado imobiliário, e até mesmo os serviços financeiros
sofisticados deverão proporcionar inúmeras oportunidades aos jovens cariocas que entrarão no mercado de trabalho nos próximos anos, pondo fim a um longo período de estagnação econômica e de imobilidade social”, diz Urani em artigo publicado recentemente.
‘Calcanhar de Aquiles está na educação’
● Mas ele chama a atenção para a questão da educação: — O principal calcanhar de Aquiles do Rio está na educação.
Um dos setores em que o ritmo de contratações tem sido intenso é o hoteleiro. Cerca de 1.500 empregos diretos devem ser criados este ano com a oferta de mais dois mil quartos na cidade, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio (ABIH-RJ). Com os eventos esportivos, a oferta de quartos deverá atingir 50 mil unidades, consumindo R$ 1 bilhão em investimentos até 2016.
O recém-lançado Windsor Atlântica (antigo Méridien), no Leme, é um dos que vem ajudando a ampliar a oferta de emprego. Além dos 280 funcionários, outros 120 estão sendo treinados. E há mais 200 vagas abertas. Após três anos trabalhando com informática, o recepcionista Jerônimo Pena foi recentemente contratado no hotel:
— Aqui ganho o dobro e voltei a trabalhar com que gosto. A expectativa de elevadas taxas de ocupação dos hotéis — 95% ante 78% no verão de 2010, segundo a ABIH-RJ — revela o bom momento da economia carioca.
Segundo Lopes, empresas do setor naval e de petróleo têm ampliado atuação no Rio de olho no pré-sal: — Muitas empresas estão trazendo engenheiros e técnicos para o Rio, para projetos como a Transcarioca ou para obras como a do metrô da Barra.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), as missões empresariais de estrangeiros somaram 60, com quase mil participantes em 2010, contra 43 missões com 769 integrantes em 2009: — A virada começou em 2007, principalmente pelo alinhamento entre as três esferas de governo. Os
investimentos públicos saíram do papel. Além, é claro do novo quadro de segurança — diz Luciana de Sá, diretora de Desenvolvimento Econômico
da entidade. ■
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