Palmério Doria, Brasil 247
Tem dias que o medo vira pânico. Tem dias que a raiva vira ódio. Não dá para saber direito quando Chico Buarque começou a despertar o ódio que acaba de descobrir, estupefato, em mensagens e comentários na internet -- logo ele, que a esmagadora maioria imaginava uma quase unanimidade.
Pode ser desde o momento em que percebeu que tinha lado. Pode ser ao deixar de gravar coisas fofas como A Banda. Pode ser ao passar a gravar hinos nacionais como Roda Viva e Vai Passar. Mas também pode ser ao dar um golpe definitivo na onda de baixo astral que varria o país, dia 18 de outubro, uma noite de segunda-feira, quando o Rio voltou a ser a capital cultural do Brasil, em pleno segundo turno da campanha eleitoral.
Milhares de pessoas, boa parte artistas e intelectuais, lotam o teatro Casa Grande, no Leblon, em ato pró-Dilma, recebida aos gritos de “olê, olê, olê, olá! Dilma, Dilma!”, relembrando o jingle pró-Lula. O arquiteto Oscar Niemeyer, aos 102 anos, é ovacionado de pé ao chegar em cadeira de rodas. Discursa o teólogo Leonardo Boff – cassado pelo Vaticano –, principal formulador da Teologia da Libertação, que empolgou a América Latina nas décadas de 1970-80 ao defender o engajamento de religiosos em movimentos sociais. Boff, que, junto com o sociólogo Emir Sader, organizou o evento Brasil Sem Ódio, emociona:
“Hoje cedo, pedi em minhas orações: Pai, me dê um sinal claro da vitória de Dilma. E o faça através da presença de Oscar Niemeyer. Se ele for ao encontro, é a confirmação de que venceremos!
A massa vibra.
Ao mesmo tempo, ao vivo, na blogosfera, Veja Online vê outra coisa: “Dilma travestida de Lula por uma noite”, diz o título. Para Veja tudo o que se vê aqui é apenas uma “noite tipicamente petista, cheia de jargões esquerdistas”. O discurso de Dilma, contando sua trajetória política, leva gente às lágrimas e aplausos a interrompem, “aplausos fanáticos” para Veja. A menção ao fato de Lula ter recebido o país com inflação elevada e de joelhos perante o Fundo Monetário Internacional? Receita, segundo Veja, para fazer sucesso entre militantes da esquerda. Dilma dá o recado principal, sobre o ódio religioso, que vinha sendo incitado pela grande imprensa.”
Artigo Completo, ::Aqui::
Nenhum comentário:
Postar um comentário