Viajar para fora do Brasil é voltar a ler boas notícias sobre o Brasil.
Aqui, o Brasil afunda com a circulação do PiG (*) e a credibilidade da Globo.
Recomenda-se esta semana, por exemplo, ler a respeitada revista conservadora inglesa, The Economist, pág. 37.
Ali, as economias da América Latina – o Brasil à frente – “se vira ” – “balancing act” – em plena crise mundial.
A região vai enfrentar um crescimento menor, mas, não, o desastre anunciado pela urubóloga três vezes ao dia.
O que reforça a posição da América Latina, segundo a Economist, são os preços altos das commodities, a política economia austera, a expansão do crédito doméstico e, claro, o influxo de capital estrangeiro.
A Economist lembra que, desde a crise de 2008, que, segundo a urubóloga ia afundar o Nunca Dantes, desde então as reservas brasileiras passaram de US$ 200 bilhoes para US $ 350 bilhões.
Um horror !
Outra leitura horrorosa é o artigo do excelente Rogério Cohen, no International Heráld. Tribune, na pág. 6 deste fim de semana.
Cohen lembra que o desemprego na Espanha é de 45%; 38% na Grécia.
Um em cada cinco jovens inglês ou americano não tem emprego.
Só quem se deu bem com a crise – segundo Cohen – são os que provocaram a crise : os banqueiros e os pilantras que administram os fundos de derivativos.
A ausência de Justiça e punição os inflama, diz o articulista do New York Times.
Tem saída ?
Tem, ele diz: vá para o Sul !
O crescimento, emprego, expansão, entusiasmo – e, sim, a expectativa de progredir – estão no grande arco não-ocidental que vai da China, através da Índia, em direção à África do Sul e ao Brasil – diz Cohen.
(Onde os urubólogos do neoliberalismo brasileiro vão beber sabedoria nesse novo arco não-ocidental ? Oh, Chicago Boys, onde estão que não respondem ?)
Este ansioso blogueiro se divertiu muito ao ler as profecias apocalíticas de Jeremy Grantham, o inglês que dirige um fundo de investimentos em Boston, nos Estados Unidos.
Em reportagem no Int’l Herald Tribune deste fim de semana – “Ele não é um profeta da catástrofe como os outros” -, Grantham informa que ainda há tempo para evitar a catástrofe da escassez de recursos.
Ele é um militante do ambientalismo e prevê um acelerado esgotamento dos recursos, com a explosão da natalidade.
Malthus não errou, ele diz.
Apenas, foi um profeta antes da hora.
Só que ao contrário dos verdes bláblaristas brasileiros, ele não acredita que o capitalismo seja capaz de proteger o meio ambiente.
Sem a mão forte do Estado, o meio ambiente vai para o beleleu.
(A urubóloga não concorda !)
Grantham previu que a bolha da internet ia explodir e que a bolha das hipotecas e derivativos também ia explodir.
Agora, ele diz que, como o petróleo, que, desde 1974, mudou definitivamente de patamar, as commodities também mudaram.
Subiram e vai ficar lá em cima.
Porque aumentou a demanda irreversivelmente.
O preço das matérias primas mudou de paradigma, ele diz.
Assim, o preço da soja, do milho, do algodão, do açúcar – tudo isso vai ficar mais caro.
Por muito e muito tempo.
Como se sabe, para a urubóloga, tudo o que é bom para o Brasil é uma bolha que vai explodir em breve.
Em matéria de profeta da catástrofe, ela prefere o Nouriel Roubini, para quem não há salvação.
Lamentavelmente, existe a possibilidade de a profecia de Grantham se confirmar.
A menos que a China e a Índia parem de comer.
Que horror !
Paulo Henrique Amorim
(*)
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Do Blog CONVERSA AFIADA.
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