“Como a organização de Carlinhos Cachoeira
aproveitou-se do prestígio do senador Demóstenes Torres para tentar influenciar
decisões judiciais
Andrei Meireles, Murilo Ramos e Marcelo
Rocha / ÉPOCA
(...) O ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal, foi um dos magistrados que mantiveram relacionamento próximo
com Demóstenes. Eles se conheceram há cerca de dez anos. Gilmar e Demóstenes
discutiram várias vezes temas relacionados ao Judiciário. Um deles foi uma
Proposta de Emenda Constitucional para reforçar o papel da Corregedoria do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Encontraram-se algumas vezes também em
eventos sociais. “Até o dia em que vieram a público os fatos em torno do
senador Demóstenes, autoridades públicas se relacionavam com naturalidade com o
referido senador”, afirmou o ministro Gilmar Mendes em nota. “Até então o
senador era credor da respeitabilidade de que desfrutava”. Recentemente, antes
do conhecimento público dos relacionamentos paralelos de Demóstenes, o ministro
César Asfor Rocha, do STJ, foi homenageado num jantar na casa de Gilmar. Entre
os convidados de Asfor estava Demóstenes.
A boa fama e os relacionamentos de
Demóstenes com pessoas influentes no Judiciário, sabe-se agora, eram vistos
como um bem precioso por Cachoeira. Num diálogo de quatro minutos, no dia 16 de
agosto do ano passado, Cachoeira e Demóstenes falam sobre a queda de Wagner
Rossi (PMDB) do Ministério da Agricultura, sobre o ex-ministro José Dirceu
(PT), até chegar à Companhia Energética de Goiás (Celg). Na conversa,
Demóstenes comemora com Cachoeira uma decisão do ministro Gilmar Mendes,
considerada favorável à Celg. “Conseguimos puxar aqui para o Supremo uma ação
da Celg aí. Viu?”, diz Demóstenes. “O Gilmar mandou buscar, deu repercussão
geral pro trem aí.”
No dia anterior, o ministro Gilmar decidira
que o STF era o órgão competente para julgar uma disputa em que a Celg reclama
indenização de R$ 1,2 bilhão da União, da Eletrobras e da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel). O processo estava na Justiça Federal de Goiás, mas
advogados da Celg recorreram ao Supremo por entender que o tribunal era o foro
adequado. Gilmar aceitou os argumentos da Celg. “Há patente conflito
federativo”, afirma Gilmar em sua decisão. Ele afirmou a ÉPOCA que seguiu a
jurisprudência do Supremo e que não foi procurado por Demóstenes para tratar do
assunto. Não há sinais de que as investidas de Demóstenes nos tribunais
superiores tenham dado qualquer tipo de resultado. Mas a investigação da PF
deixa claro que ele tentava usar seu prestígio no Judiciário para tentar
favorecer os interesses da quadrilha de Cachoeira.”
Matéria Completa, ::Aqui::
Nenhum comentário:
Postar um comentário