domingo, 29 de abril de 2012

Eliane Cantanhêde, a repórter que não sabia de nada

OPERAÇÃO MONTE CARLO »
Jantares seguidos com o governador
Investigação e gravações telefônicas da Polícia Federal apontam indícios da marcação de 11 encontros de Perillo com o grupo de Carlinhos Cachoeira

» Vinicius Sassine
» Erich Decat



Perillo será convocado para depor na CPI do Cachoeira, no Congresso  (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 27/4/11)
Perillo será convocado para depor na CPI do Cachoeira, no Congresso
Integrantes do grupo criminoso do bicheiro Carlinhos Cachoeira fizeram 35 menções a jantares, reuniões e encontros com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), como apontam as conversas telefônicas que embasam a investigação aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Perillo deve ser convocado para depor na CPI mista do Cachoeira e investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), com um subsequente pedido de abertura de inquérito no STF. O próprio governador pediu para falar na CPI e para ser investigado pela PGR, a partir das evidências de proximidade ao grupo de Cachoeira. O tucano voltou definitivamente ao foco com a divulgação de trecho de conversas telefônicas que apontam uma suposta entrega de dinheiro na sede do governo de Goiás, onde Perillo despacha.

Uma análise dos diálogos telefônicos usados pela Polícia Federal (PF) para a Operação Monte Carlo mostra uma proximidade — inclusive física, com encontros presenciais — bem superior à admitida pelo governador até agora. Das 35 menções a encontros com o tucano, 11 podem ter ocorrido, com base nas datas das conversas e nas menções feitas também por Demóstenes e pelo então presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Goiás, Edivaldo Cardoso, que perdeu o cargo após a revelação do envolvimento com Cachoeira. Um dos jantares ocorreu na casa do senador, como conclui a PF. Estavam presentes Demóstenes, Perillo, Cachoeira e Edivaldo, um dos principais interlocutores do governador com o bicheiro. A indicação para o Detran partiu de Cachoeira, como mostram as investigações.

A provável data do jantar foi 5 de maio de 2011. Dois dias antes, Perillo ligou a Cachoeira para parabenizá-lo pelo aniversário. Na ligação, o governador confirma a data do encontro. “Já tá marcado quinta-feira?”, pergunta. “É, quinta-feira. O senador me ligou, tá? Obrigado pela lembrança”, responde o bicheiro.No dia, Demóstenes e Cachoeira falaram do jantar e citaram a presença de Perillo. O encontro teria tratado dos contratos da Delta Construções com o governo de Goiás e de outras questões de interesse do grupo no estado. Cachoeira comemorou com Demóstenes, no dia seguinte, o interesse do governador em saber se o bicheiro “tinha gostado” do encontro.

No mês seguinte, o bicheiro pergunta a Edivaldo se ele chamou Perillo para mais um jantar e diz que poderá levar “a superintendente da Caixa” para o evento. “Se você quiser um contato com a superintendente da Caixa, eu posso levá-la. Ela queria um contato com o Demóstenes”, diz Cachoeira ao então presidente do Detran de Goiás. A assessoria do governador de Goiás não deu retorno aos pedidos de entrevista.

Interceptações


O senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira conversaram em 6 de maio de 2011 sobre jantar com o governador de Goiás, Marconi Perillo, na noite anterior. Veja a transcrição feita pela Polícia Federal, em que os dois conversam sobre uma suposta ligação de Perillo ao então diretor do Detran-GO:

Demóstenes: Cachaçada boa ontem, né?
Cachoeira: Uai, bom demais, ligou sete e vinte pro Edivaldo (Cardoso,
ex-presidente do Detran-GO), pra saber se tinha gostado e tal.
Demóstenes: Uai, bom demais, tá tranquilo. Ele tá realmente preocupado aí, mas foi bom que deixou claro a coisa, né. Agora tem que arrumar um meio, um modo de você entrar em contato com o rapaz lá, né?

Patrimônio Multiplicado


Dono de um patrimônio de R$ 374 mil até as eleições de 2010, o senador Demóstenes Torres quadruplicou os bens quatro meses depois. Segundo o jornal Estado de S.Paulo, o senador comprou um apartamento no valor R$ 1,2 milhão em área nobre da cidade de Goiânia. Na declaração apresentada ao TSE em outubro de 2010, não constava nenhum imóvel. No próximo dia 8, o Conselho de Ética do Senado decide se abre processo por quebra do decoro parlamentar contra Demóstenes.

Um comentário:

Sara disse...

Se o governo sabe que um funcionário é corrupto tem que demitir ou fazer um julgamento. Estou pensando em comprar imoveis em ilha do governador e quer ter as garantias de que este país é um sério, as pessoas responsáveis. Espero que isso seja resolvido.