Por Altamiro Borges
A mídia nativa desembestou de vez. Após a frustração com os
resultados das eleições de outubro, em que o “show” do julgamento do
“mensalão” não produziu os efeitos desejados, ela decidiu partir para o
tudo ou
nada. Ela não está satisfeita com o “fuzilamento midiático” de Dirceu,
Genoino
e Delúbio. Ela quer a cabeça de Lula, pautando os seus jagunços do PPS e
do
PSDB. Mas o alvo maior, no sinal das contas, é o próprio governo Dilma.
Prova
disto é a série de “reporcagens” do jornal O Globo sobre o Programa
Bolsa
Família.
O triste nesta história toda é que a presidenta não toma
atitudes diante da ofensiva midiática. Ela se recusa a discutir com a sociedade
um projeto de democratização dos meios de comunicação, que garanta maior
diversidade e pluralidade informativas. Insiste em dizer que a melhor forma de
se contrapor às manipulações dos barões mídia é através do “controle remoto”. Ingenuidade ou
pusilanimidade? O que falta para o governo tomar uma atitude política neste
terreno estratégico?
Enquanto o governo federal não se mexe, a mídia hegemônica
rosna e morde. O único fato positivo nesta triste história é que mais setores
da sociedade estão denunciando as mentiras da velha imprensa e defendendo a urgência
de um novo marco regulatório para o setor. Neste sentido, vale elogiar a nota corajosa
publicada ontem pela assessoria de comunicação do PT no Senado, que desmascara
as distorções publicadas pelo jornal O Globo contra o Programa Bolsa Família.
Reproduzo-a na íntegra:
*****
Globo erra ao noticiar “fraudes” no Bolsa Família – e se recusa
a corrigir!
Desde domingo passado (04/11), o jornal O Globo vem
publicando uma série de reportagens sobre o Programa Bolsa Família. O primeiro
título, que ocupou a manchete principal, foi “Mercadores da Miséria”. O texto
anuncia que o programa, para o qual o governo Dilma Rousseff destina recursos
crescentes com o objetivo de erradicar a pobreza extrema no Brasil, vem sendo
alvo frequente de fraudes de “políticos e servidores que deveriam cuidar de
iniciativas voltadas para a população carente incluem parentes, amigos e até
gato entre os beneficiários”.
O alvo declarado da série é denunciar as irregularidades do
programa. A “reportagem” do jornal, entretanto, não investiu na apuração desses
desvios, conforme deixa a entender o texto de apresentação da primeira página
do jornal, ao indicar “revelações” de dois de seus repórteres. Nada mais
enganoso. Todas as irregularidades relatadas pelo jornal foram descobertas pelo
próprio Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome.
Tampouco se trata de uma enxurrada de irregularidades, como
a colagem de um caso a outro na série de reportagens pode induzir o leitor. Há
relatos de casos descobertos pelos mecanismos de controle do Governo Federal
desde 2004, não se tratando de “alvo frequente de fraudes”. Além do cumprimento
das obrigações exigidas pelo MDS – sem as quais os beneficiários perdem direito
ao auxílio - a CGU (Controladoria Geral da União) também fiscaliza a destinação
de parte desses recursos.
As reportagens trazem erros, mas eles não podem ser
corrigidos – segundo a resposta do jornal. Ou seja, o MDS não poderá apontar
que as “revelações”, na verdade, são um ajuntamento de casos detectados pelo
próprio ministério e que algumas delas desde 2009. Essa postura desmente o tão
propagado documento “Princípios Editoriais Das Organizações Globo”, que o grupo
empresarial que publica o jornal divulgou como normas para a prática de bom
jornalismo.
Um dos trechos da nota de esclarecimento que o jornal se
recusa a publicar, diz:
“As matérias trazem equívocos, como o fato de publicar casos
antigos para mostrar ‘deficiências’ e falta de controle das ações do Plano
Brasil Sem Miséria, que tem um ano. Um exemplo é o caso do gato Billy, fraude
detectada em 2009, e que só foi descoberta graças ao eficiente acompanhamento
do peso e saúde, uma das condicionalidades do Bolsa Família.
Quanto mais eficiente for o controle das ações, mais
transparência terão os resultados. Para o governo, as fiscalizações, denúncias
e controle social garantem que, hoje, o Bolsa Família seja reconhecido
internacionalmente como o programa que chega a quem mais precisa. Assim como a
punição àqueles que tentam fraudar o sistema em proveito próprio”.
Para o jornal, não é importante. A resposta dada foi de que,
por ser uma série de matérias, é política do jornal não publicar cartas com
resposta do envolvido na matéria, antes do final da série.
Ou seja, entope-se o leitor com inverdades e erros, para só
depois, ao final, reconhecer os erros.
Não custa lembrar que os “princípios” das Organizações Globo
dizem defender, na sua Seção I, que “os atributos da informação de qualidade
(...) estão na apuração, edição e publicação de uma reportagem, seja ela
factual ou analítica” e que “os diversos ângulos que cercam os acontecimentos
que ela busca retratar ou analisar devem ser abordados”.
Mais: diz ainda que “o contraditório deve ser sempre
acolhido, o que implica dizer que todos os diretamente envolvidos no assunto
têm direito à sua versão sobre os fatos, à expressão de seus pontos de vista ou
a dar as explicações que considerarem convenientes”.
Em outro tópico, propaga que “todo veículo jornalístico tem
uma responsabilidade social. Se é verdade que nenhum jornalista tem o condão
de, certeiramente, escolher que informações são ‘boas’ ou ‘más’, é legítima a
preocupação com os efeitos maléficos que uma informação possa causar à
sociedade. Esse é um tema complexo, e sempre dependente da análise do momento.
A regra de ouro é divulgar tudo, na suposição de que a sociedade é adulta e tem
o direito de ser informada. A crença de que os veículos jornalísticos, ao não
fazerem restrições a temas, estimulam comportamentos desviantes é apenas isso:
uma crença”.
Mais: “Os erros devem ser corrigidos, sem subterfúgios e com
destaque. Não há erro maior do que deixar os que ocorrem sem a devida
correção”;
A tentativa de se assemelhar à imprensa exercida em países
desenvolvidos, como se vê, fica no campo das intenções.
Tal postura em nada se parece com o modo como o Bolsa
Família foi noticiado pela mídia internacional, que reconhece o programa como
um dos mais eficientes programas de transferência de renda e de combate à
pobreza extrema atualmente existentes no mundo.
Não é só a mídia. Governos e entidades apartidárias também
reconhecem a excelência do Bolsa Família.
Tanto é assim que a ONU (Organização das Nações Unidas)
reconheceu sua excelência, adotando-o como referência mundial. Os mecanismos de
concessão de benefícios e fiscalização do Bolsa Família - criados nos governos
do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff - estão entre os
mais recomendados pela ONU para combater a fome e a miséria em países pobres.
Graças também à redução da miséria no Brasil, o ex-presidente Lula foi
homenageado por governos de outros países e instituições de seriedade
indiscutível, como, por exemplo:
- Prêmio Príncipe das Astúrias, do governo da Espanha,
concedido em 2003
- Prêmio L 'homme de l 'année (Homem do Ano), entregue pelo jornal
Le Monde (França), edição 2009
- Prêmio pela Paz Félix Houphouët-Boigny, da Unesco,
concedido em 2010;
- Prêmio das Quatro Liberdades, Holanda, 2012
- Prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos, Canadá -2012
– Toronto (Canadá)
- Prêmio Internacional da Catalunha, Espanha 2012
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