Serra parecia tranquilo no posto de brasileiro mais antipático, até despontar Barbosa, o nosso Batman
Barbosa |
Não imaginei que Serra ganhasse concorrência relevante ao posto de brasileiro mais antipático, mas me equivoquei.
O julgamento do mensalão trouxe para o centro dos holofotes Joaquim
Barbosa, o Batman. Barbosa é uma espécie de alma gêmea de Serra: o mesmo
ar superior, a mesma empáfia, a mesma capacidade de se indispor com
seus pares, o mesmo apreço pelos holofotes e pela última palavra.
E acima de tudo: o mesmo fã clube.
Tenho para mim que você pode definir a estatura de um homem pelas
pessoas que a admiram e a louvam. Barbosa, como Serra, é ídolo do 1%,
aquele grupo que está na vanguarda do atraso nacional, as pessoas que se
agarram a seus privilégios como se estivessem na corte de Luís 16 em
Versalhes e dificultam que o Brasil se torne um país socialmente
desenvolvido.
Barbosa, se olharmos pelo lado positivo, deu agora ao país uma grande
contribuição: mostrou involuntariamente quanto o sistema judiciário
brasileiro é capenga. Sequer aplicar direito a agora célebre Teoria do
Domínio do Fato nosso STF conseguiu, a despeito de todo o palavrório
empolado e supostamente erudito.
Barbosa conseguiu o que parecia impossível: transferir uma enorme,
inédita carga de simpatia por Zé Dirceu, que com seu ar doutoral e
arrogante jamais foi benquisto para além das fronteiras do PT e do seu
próprio círculo de amizade.
Como Serra, Barbosa defende Versalhes e seu status quo – e isso os faz,
se é que é possível, ainda mais antipáticos do que naturalmente já
são.
Paulo NogueiraNo Diário do Centro do Mundo
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