Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O conselheiro Luiz Moreira, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), está muito desconfiado de que o ex-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, atuava com parcialidade e cometia, reiteradamente, o crime de prevaricação. Luiz Moreira tem várias razões para considerar que as ações de Gurgel à frente da PGR não foram isentas e republicanas, bem como não primaram pelo sentimento de justiça, tão comum a qualquer cidadão que tenha discernimento sobre o que o rodeia para, enfim, formar opinião sobre os acontecimentos e as realidades que se apresentam.
O conselheiro Luiz Moreira, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), está muito desconfiado de que o ex-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, atuava com parcialidade e cometia, reiteradamente, o crime de prevaricação. Luiz Moreira tem várias razões para considerar que as ações de Gurgel à frente da PGR não foram isentas e republicanas, bem como não primaram pelo sentimento de justiça, tão comum a qualquer cidadão que tenha discernimento sobre o que o rodeia para, enfim, formar opinião sobre os acontecimentos e as realidades que se apresentam.
Luiz
Moreira tem consciência do que ocorreu na administração Roberto Gurgel
como chefe da PGR, mas como é um homem que ocupa cargo e executa função
em órgão tão importante como o CNMP, talvez ele não queira afirmar, por
exemplo, que o procurador-geral Gurgel cometeu prevaricações e
transformou a Procuradoria em um partido político de direita e voltado a
combater o Governo trabalhista do PT, bem como o ex-presidente Lula,
alvo constante de tal procurador, que teve suas intenções políticas
negadas pelos juízes do STF quanto a querer investigar desprovido de
quaisquer provas o presidente mais popular da história do Brasil.
Roberto
Gurgel continuou a caminhar por veredas tortuosas e acusou, sem dar
trégua, personalidades históricas do Partido dos Trabalhadores, a
exemplo de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, que estão a
cumprir penas em presídio, pois acusados de desviar dinheiro público
para o caixa dois do PT, além de serem considerados formadores de
quadrilha, o que nunca ocorreu, e por isto tal julgamento de caráter
midiático se transformou em um dos maiores absurdos jurídicos que se tem
notícia na historiografia do Ministério Público Federal e do STF.
Acusações
e, posteriormente, prisões sem provas contundentes, baseadas em "provas
tênues", como se referiu o próprio Roberto Gurgel no STF sobre a
culpabilidade de José Dirceu, além de o julgamento dos juízes
conservadores e políticos do Supremo ter sido uma farsa, porque
efetivado por intermédio da teoria do domínio do fato, desenvolvida pelo
jurista alemão Claus Roxin.
Roxin
argumentou que no caso de José Dirceu tal teoria é improcedente, porque
não ficou comprovado, de maneira nenhuma, que ocupar uma posição de
destaque ou de mando fundamente o domínio do fato, ou seja, que a
autoridade "tem de saber" ou "deveria saber" dos malfeitos e por isso
sua culpa é comprovada, pois responsável pelo dolo. Absurdo dos
absurdos, porque o cidadão que mora em um País que vive em pleno estado
democrático de direito para ser acusado, julgado e condenado tem de ser
comprovado que ele realmente cometeu crimes ou deu ordem a terceiros
para cometê-los, o que, sem sombra de dúvida, não é o caso de José
Dirceu e muito menos de José Genoíno.
Contudo, a
pressão das mídias corporativas controladas pelos magnatas bilionários
da imprensa de negócios privados mexeu com os egos de muitos dos juízes
do STF, que passaram a realizar um verdadeiro show, pois sabedores que
sites como o G1 (Globo) e o UOL (Folha), além de emissoras, a exemplo da
Globo News, estavam a repercutir ao vivo o julgamento do "mensalão", o
do PT, porque o do DEM e o do PSDB deverão ser julgados, pelo o andar da
carruagem, no Dia de São Nunca.
O STF e a
PGR são, antes de qualquer coisa, instituições políticas controladas
pelas oligarquias deste País. Atualmente, são os principais instrumentos
desse grupo dominante para fazerem oposição primeiramente ao Governo
Lula e agora ao Governo Dilma Rousseff. A burguesia foi derrotada três
vezes pelos trabalhistas e socialistas do PT e do PC do B, e,
consequentemente, o STF e a PGR passaram a ser considerados a salvação
da lavoura da direita brasileira, tanto a partidária retratada no PSDB e
no DEM quanto a midiática, propriedade de meia dúzia de famílias, que
tem as Organizações(?) Globo à frente de uma campanha sistemática contra
os governantes trabalhistas.
A direita
percebeu que derrotar a presidenta Dilma Rousseff nas próximas eleições
vai ser quase impossível, porque os magnatas bilionários da imprensa e
seus bate-paus de penas alugadas, mas vazios de compreensão sobre as
mudanças acontecidas no Brasil ao tempo de 11 anos, perceberam que a
velha mídia de caráter venal não é mais, e há muito tempo, formadora de
opinião. Até porque milhões de brasileiros têm a perfeita compreensão e
conhecimento de que existem outras fontes de informação mais fidedignas e
que mostram, sem quaisquer resquícios de medos, quem são os donos da
imprensa burguesa e quais são seus verdadeiros interesses políticos e
econômicos. Ponto.
As
oligarquias brasileiras inquilinas da Casa Grande não conseguem conviver
com a democracia e a consciência do povo brasileiro sobre seus
direitos. Os avanços nos governos trabalhistas de Lula e de Dilma são
gigantescos e quando esse tempo passar essas administrações vão ser
estudadas isentas de paixões e rivalidades, como o fazem os jornais e as
revistas da imprensa de mercado, que manipulam a verdade e distorcem as
realidades quando não apelam para a mentira, o que, sobremaneira, é uma
conduta infame, porque alienadora, criminosa e que visa favorecer
grupos econômicos e políticos ligados à burguesia deste País.
Voltemos
ao conselheiro Luiz Moreira, do CNMP. Ele "desconfia" das ações de
Roberto Gurgel, pessoa a qual considero figura nefasta aos direitos
civis e à Constituição, bem como foi o procurador-geral que, de forma
inadvertida e inconseqüente, transformou a PGR em um instrumento
político e partidário de combate aos governantes trabalhistas, ao
programa e projeto de País do PT e de seus aliados aprovados pelo povo
brasileiro nas últimas três eleições presidenciais, além de prevaricar
em vários casos em que empresários e políticos oposicionistas estiveram
envolvidos, mas que Gurgel, um homem de direita e da direita, segurou,
engavetou e deixou mofar os processos que poderiam prejudicar seus
aliados ideológicos, políticos e partidários.
Roberto
Gurgel, dentre todos os procuradores que chefiaram a PGR, foi o mais
emblemático no que é relativo a fazer política e a combater seus
adversários ideológicos. Só que ele não tinha um único voto popular para
atuar dessa maneira irresponsável, pois servidor público de carreira,
nomeado e, por seu turno, devedor de suas obrigações que é defender os
interesses do povo brasileiro e não fazer política rasteira,
conservadora e a prevaricar, porque engavetou durante anos processos da
importância do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que atingiu seu aliado do
DEM, o senador cassado, Demóstenes Torres.
Gurgel
foi além dos seus limites. Provocou o Congresso e tentou desestabilizar o
Governo Federal, porque montou armadilhas contra aqueles que ele
considerava seus adversários políticos, bem como opositores aos tucanos e
aos políticos do DEM, o pior partido do mundo e legítimo herdeiro da
escravidão e da ditadura militar. Tentou em vão prender José Dirceu no
fim de 2012, antes do Natal, mas não teve o apoio do juiz Joaquim
Barbosa, relator do "mensalão" do PT, que não quis assumir sozinho a
prisão do político petista. A verdade é que o dinheiro da Visanet (atual
Cielo), uma empresa privada, era legal, com dinheiro transferido
mediante à comprovação de recibos e, por sua vez, isento de quaisquer
ilegalidades.
Somente
juízes com os perfis políticos e ideológicos conservadores de Joaquim
Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello e, não podemos esquecer
de Rosa Weber, dentre outros, para comentar negativamente sobre pessoas
que seriam ainda julgadas e suas vidas para sempre mudadas, a ter como
princípio o sofrimento e a humilhação pública, como são os casos de José
Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, que, em momento algum, mesmo
quando presos, foram poupados por uma imprensa corrupta, golpista,
devedora do Erário Público, vocacionada ao show e que deveria há muito
tempo ter seus donos julgados duramente, a começar pelo apoio à ditadura
militar, que perseguiu, prendeu, torturou, exilou e matou seus
adversários políticos.
A juíza
Rosa Weber disse ao votar: "Não tenho prova cabal contra Dirceu, mas vou
condená-lo porque a literatura jurídica me permite". Assombrosa a
assertiva de Vossa Excelência, não? São notáveis os nossos notáveis
magistrados a serviço das oligarquias — da Casa Grande. Juízes têm lado,
classe social, ideologia, preferências partidárias e, sobretudo, juízes
neste País são geralmente burgueses e como tais se comportam e se
conduzem.
Novamente
volto a afirmar: o Judiciário e a PGR, entre outros setores do Estado
Nacional, são as últimas cidadelas das oligarquias brasileiras, que com o
tempo e o fortalecimento da democracia do Brasil vão ter de se
democratizar e passar a trabalhar para toda a sociedade e não mais para
os grupos políticos e empresariais de direita, como sempre o fizeram
através dos séculos.
Roberto
Gurgel tem de ser questionado e investigado pelo CNMP. Ele atuou durante
anos à frente da PGR como político, porta-voz e executor dos interesses
da Casa Grande. Mais do que isto: exerceu sua função como capitão do
mato e, o pior de tudo, mostrou-se injusto, direito este que um
procurador-geral da República não tem, não deve ter e se tiver tem de
ser duramente questionado por causa da importância de seu cargo e da
notoriedade que as ações executadas por tal autoridade têm perante o
público.
Um
procurador que abusa do poder é mais perigoso do que qualquer criminoso
que, porventura, cometa suas delinquências, pois coloca em xeque o
estado democrático de direito. Gurgel prevaricou! Ponto. O conselheiro
Luiz Moreira só não vocaliza tal frase porque está a investigar e por
causa disso não pode, por enquanto, fazer tais afirmativas ou juízo de
valor, como sempre fizeram, mesmo a julgar pessoas ainda não
penitenciadas, o ex-procurador Gurgel e os juízes Luiz Fux, Marco
Aurélio de Mello, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. É verdade ou não é?
Basta o leitor pensar para ponderar.
Ives
Gandra Martins, jurista de posições conservadoras e conhecido
oposicionista ideológico ao PT afirmou à igualmente direitista Folha de
S. Paulo: "José Dirceu foi condenado sem provas, e que a adoção de tal
teoria cria uma insegurança jurídica monumental no ordenamento jurídico
brasileiro". Algo similar afirmou o ex-governador de São Paulo, Cláudio
Lembo, politicamente conservador e advogado de renome: "Alteraram-se
visões jurisprudenciais remansosas e de longa maturação. Não houve
preservação da imagem de nenhum denunciado. Como nos antigos juízos
medievais, foram expostos à execração pública. O silêncio a respeito foi
unânime. O princípio da publicidade foi levado ao extremo. Esta
transparência permitiu, inclusive, a captação de conflitos verbais entre
magistrados".
Enquanto
isso a imprensa alienígena e historicamente golpista fazia seu show e,
por intermédio de uma enorme mentira, considerava o "mensalão", somente o
do PT, o maior escândalo da história do Brasil, sendo que apenas uma
sonegação da Rede Globo, no que é relativo à Copa do Mundo de 2002,
conforme a Receita Federal, supera a quantia "incontável" do R$ 1
bilhão, acrescidos de juros e correção monetária. Lembro ainda os casos
Alstom e Siemens, que superam também o R$ 1 bilhão e que estão
envolvidos os tucanos de alta penugem de São Paulo, a começar pelos
governadores Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Vinte anos de
corrupção e até hoje essas pessoas do PSDB não foram julgadas.
É assim
que a banda toca no Judiciário e na PGR até o mandato de Roberto Gurgel,
o mais político dos procuradores-gerais. Gurgel é acusado de prevaricar
mais uma vez, no que tange à denúncia contra a governadora do Rio
Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, e ao presidente do DEM, Agripino
Maia, primo do ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. Eles são
acusados de financiamento ilegal de campanha política. Só não sei se a
Globo e a Globo News vão dizer, aos quatro cantos, se tal escândalo é o
maior do mundo ou do Brasil, bem como se vão se calar quando são
tratados os malfeitos de seus aliados.
A
denúncia chegou à PGR em 2009 e enquanto Roberto Gurgel esteve no
comando da Procuradoria o caso nunca saiu das gavetas da instituição que
deveria ser republicana, porque a lei, segunda a Constituição, serve
para todos os cidadãos. Talvez alguns juízes e procuradores não
reconheçam essa realidade e por isso vedam os olhos, calam a boca e
tapam os ouvidos. E assim são feitas as coisas por esses pagos. Nem
sempre pau que bate em Chico bate também em Francisco quando a PGR e o
STF são compostos por alguns membros que não consideram o
republicanismo.
Citei
apenas dois casos neste artigo, o do bicheiro Carlinhos Cachoeira,
sócio, editor e pauteiro da Veja e da Época, e do Agripino Maia e
Rosalba Ciarlini. Todavia, Roberto Gurgel engavetou inúmeros casos em
que empresários, autoridades públicas e servidores estão envolvidos. Em
contrapartida, soltou seus pit bulls contra os políticos e militantes do
PT, que se devem à sociedade têm de pagar pelos seus erros. Sem sombra
de dúvida.
Entretanto,
as culpas dos petistas não foram até hoje comprovadas, conforme rezam
os autos dos processos e as provas de que o "mensalão" de Roberto
Gurgel, de Joaquim Barbosa e da imprensa de mercado, propriedade dos
magnatas bilionários foi e é a maior farsa e fraude da história da
República e do Brasil. Gurgel tem de se reportar ao CNMP. Só não sei se a
Globo vai concordar. É isso aí.
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