Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou os jornais durante a abertura da 2ª Conferência Nacional de Cultura, no Teatro Nacional, em Brasília. Lula afirmou que esses textos são escritos "por falsos democratas".
"Vocês prestem atenção, se vocês são como eu que não gostam de ler notícia ruim, vocês prestem atenção no noticiário, porque política e eleição também são cultura. Sobretudo o resultado. Prestem muita atenção daqui para frente. Leiam os editoriais dos jornais, que a gente pensa que só o dono lê. De vez em quando, é bom ler para a gente ver o comportamento de alguns falsos democratas, que dizem que são democratas, mas que agem querendo que o editorial deles fosse a única voz pensante no mundo", afirmou Lula.
O presidente citou os editoriais da época da criação da Petrobras, que eram contrários à exploração de petróleo no Brasil. "É que no Brasil a gente tem mania de pequenez. É sempre aquela coisa de segunda classe".
Lula também fez críticas à programação da TV a cabo e disse que elas só colocam programas "enlatados" no ar. Segundo ele, alguns filmes são repetidos tantas vezes que o telespectador fica íntimo dos atores estrangeiros. E afirmou, em tom de brincadeira, que de tanto assistir determinado filme já decorou as expressões labiais dos atores.
O orçamento de US$ 400 milhões do filme "Avatar" foi comparado ao "Lula, o filho do Brasil", pelo presidente. "Coitado do [Fábio] Barreto [diretor de "Lula"], quase teve que pedir desculpas no começo do filme, dizendo que não houve participação de empresa pública."
Em discurso, o presidente falou sobre o programa de banda larga e disse que o governo vai continuar priorizando investimentos em estados que não têm tantas fontes para captação de recursos.
"Imaginem o quanto o Gilberto Gil e o Juca Ferreira apanharam quando decidiram priorizar os estados que não têm dinheiro", disse Lula. "Nós descobrimos que onde há dinheiro, há muita cultura, mas que também há muita cultura onde não há dinheiro".
Lula brincou com os conferencistas que reivindicavam o aumento do percentual de recursos para a cultura, insinuando que a decisão sobre a assunto passará a depender da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
"O pessoal da PEC 150 poderia ter levantado a faixa quando a Dilma estava falando. É importante atentar para o momento certo de levantar as faixas. Isso também é cultura", disse Lula, referindo-se à proposta de emenda à Constituição que vincula 2% das receitas da União, 1,5% das receitas estaduais e 1% das receitas dos municípios para investimentos em cultura.
PEC 150
A abertura da II Conferência Nacional de Cultura virou palco de pedidos de aprovação da PEC 150. O Ministério da Cultura apoia a PEC, mas, segundo o ministro Juca Ferreira (Cultura), ainda está tratando com a área econômica do governo, que resiste à vinculação.
"Conversei com o ministro [Guido] Mantega e ele me perguntou se a gente podia deixar de lado a vinculação. Disse para ele que nós, da cultura, não temos nenhum amor às vinculações, o que nós precisamos é do dinheiro", disse Ferreira, durante a abertura da conferência, que contou com shows de Antônio de Nóbrega, Chico Cesar, performances circenses, congo e o Hino Nacional cantado por Célia Porto.
Ferreira reclamou dos que criticam a política cultural do governo, acusando o ministério de promover "dirigismo cultural". "Fico triste quando ouço dizer que estamos nos conduzindo para o dirigismo estatal. Quando ouço isso, pergunto: dirigir pra onde? Hoje o que caracteriza a política desse governo é o anseio de ver que toda forma de cultura vale a pena".
O ministro ainda reclamou das acusações de controle social. "Se o mercado não gosta do controle social sobre ele, precisamos do controle social para que sejamos democráticos", disse.
Ontem (10), um grupo de músicos e produtores musicais visitou o Congresso Nacional. Eles reclamaram para os senadores e deputados que não foram convidados para a conferência. O músico Danilo Caymi criticou a conferência por não contemplar os artistas e produtores que fazem a indústria cultura no país.
"Não fomos chamados a opinar. Nós que representamos a indústria cultural estamos fora dessa discussão", disse Caymmi, que estava acompanhado de Jair Rodrigues e outros artistas na visita ao Senado.
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