terça-feira, 2 de março de 2010

O futuro do PSDB.



Reflexões sobre um eventual abandono da pré-candidatura de Serra.

Por Douglas Yamagata

O declínio de Serra nas últimas pesquisas o coloca em empate técnico com pré-candidata Dilma Rousseff à presidência, causando mais desespero aos tucanos que já não sentiam muita firmeza na pré-candidatura do atual governador paulista.

Como já se vem comentando, abandonar a pré-candidatura será como assinar uma carta de incompetência, desmoralizando totalmente o partido que governou o país por oito anos e há anos o estado de São Paulo.

Mais desmoralizado ainda sairá o próprio José Serra, devido a derrota na eleição para presidente em 2002, cuja atitude soará como um ato de covardia ou como oportunismo para se reeleger governador do estado de São Paulo (para manter-se na máquina e não ficar sem mandato).

Toda atitude dos governos FHC (1995-2002) não justificaram o rótulo Social-Democrata. Ao contrário, mostraram-se distantes de uma política de intervenção do Estado, fazendo Keynes ter calafrios “pós-mortem”, num show privatista e entreguista de dar inveja a Milton Friedman ou Hayek.

Durante décadas, o alto clero do tucanato não se renovou, e foi permeado por desgastes políticos e por um poder centralizador dos paulistas. Mário Covas, apesar de algumas vezes ter confrontado Serra, foi uma perda significativa. FHC não deixou heranças aproveitáveis e mostrou-se um dos presidentes mais rejeitados da história. Alckimin (que poderia ser uma renovação) não vingou e foi um candidato cômico em 2006 e mais cômico ainda em 2008 com a perda da prefeitura de São Paulo.

Para agravar, os tucanos contam também com mastodontes como Sérgio Guerra, cuja competência na presidência tucana é questionável. Sem contar com toda centralização dos políticos-tucanos no estado de São Paulo, que nunca abriram mão para uma candidatura de outro estado que não fosse de representantes do próprio estado – causa maior deste centralismo é a própria desistência da pré-candidatura de Aécio. Ou seja, José Serra e os tucanos velhos não criam novas referências nacionais – preferem aniquilá-los no ninho. Para se ter uma idéia, até Gabriel Chalita não suportou o centralismo do Serra e foi-se embora para o PSB.

Agravando ainda mais, os tucanos contam com governadores cambaleantes, como é o caso de Yeda Crusius. Para piorar o cenário, mantém em sua base aliada o nocauteado DEM. Desta forma, além de correrem o risco de perderem a presidência, correm o risco de perderem vários governos estaduais (inclusive o governo paulista).

Quem poderia ser o substituto de Serra na disputa pela presidência? O único que poderia fazer frente à candidatura petista seria Aécio. No entanto, este não parece estar muito disposto após todo desgaste feito por Serra. Disputará na certeza a candidatura ao Senado.

Ao que tudo indica, os tucanos terão que esperar mais quatro anos, com os petistas podendo chegar em 2014 com um mandato ainda mais fortalecido. Uma eventual derrota dos tucanos ao governo do Estado de São Paulo em 2010, abalará ainda mais o centro do poder do partido, podendo representar o quase fim dos tucanos, correndo o risco de cair no ostracismo.

Desta forma, o abandono de Serra da pré-candidatura à presidência, não significa apenas não correr risco de ser derrotado. Significa tentar assegurar que o projeto tucano continue a vigorar no estado mais rico do país e manter a sua referência nacional por mais algum tempo.

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