Os jornais de hoje são um retrato do caos que tomou conta do tucanato e da mídia conservadora (ou seja, quase toda). O Estadão fala que uma “romaria a Minas tenta fazer de Aécio vice” , o que O Globo diz que terá seu ponto alto numa”festa em Minas para tentar criar fato novo em torno de Serra e Aécio” . Mas a Folha esfria o tacho, dizendo que Ciro e Lula (com Dilma) foram convidados para esta festa – o centenário de nascimento de Tancredo Neves – e isso deixou Serra e o tucanato rangendo os dentes de ódio. Não querem ir, mas podem faltar porque precisam manter Aécio Neves, ao menos pró-forma, na canoa serrista, que faz água.
O próprio Aécio, ontem, jogou um balde de gelo na fervura em torno da possibilidade de recuar e ser vice de Serra:
- Eu sou mestiço. Como vou participar de uma chapa “puro-sangue”?
Está evidente que Aécio Neves, com o devido decoro, não vai mover uma palha para socorrer Serra e, muito menos, se deixar puxar para o fundo pelo famoso “abraço do afogado”. Ao contrário, está diante da possibilidade de, mesmo antes das eleições, conseguir o impensável: transferir para si o centro político do PSDB.
Quem tiver um pouco de memória verá que Aécio sempre refugou, por natureza e raciocínio estratégico, a posição de anti-Lula. Dialogou com os partidos da base de apoio do Governo, como o PSB e o PDT, apostou sua carreira no exemplo que teve do avô, Tancredo, cujo conservadorismo jamais impediu a boa relação com a esquerda e a conversa com quem quer que fosse.
E vai colher os frutos deste comportamento no passo que definiu – a candidatura a Senador – para continuar a ser um pólo na política nacional. Quem quiser perder umas moedas, aposte que a base governista terá dois candidatos fortes ao Senado em Minas.
E depois, que razão pessoal teria Aécio para ter solidariedade pessoal a quem, segundo todos dizem, no mínimo estimulou todo o tipo de intrigas e boatos que o desqualificavam, até mesmo como ser humano? Não falo nenhuma novidade aqui ao diver que o Governador de São Paulo tem fama de possuir um caldeirão para cozinhar os que não aceitam seu poder imperial.
Aécio Neves pode – embora seja improbabilíssimo - até ver-se em situação de aceitar a vice, mas também isso representará uma humilhação a Serra, que teria de admitir-se publicamente fraco e dependente do Governador de Minas.
Então, folhear os jornais é quase ver que, com a paciência mineira, Aécio saboreia, sem lambuzar-se, o frio prato da vingança.E olhem já se não tem, lá em São Paulo, embora dependente de Serra, outro na fila do “bandejão”, o Geraldo Alckmin, de quem Serra tirou a prefeitura de São Paulo. A gente nunca sabe…não é?
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