terça-feira, 16 de março de 2010

[observatoriolatinoamericano] comemoracíon del cerco de Tupaj Katari y Bertolina Sisa (artigo para difundir)

Esclarecimento da colaboradora do Blog:
Recebi este texto de uma amiga com o seguinte comentário: Impressionante! Repasso a vocês perguntando: Alguém conhece? Me junto à sua surpresa fazendo o mesmo questionamento. Conheço um pouquinho da História da América Latina, através de livros e, jamais ouvi falar nisso. Ela, sim, conhece in loco muitos desses países


Em dom, 14/3/10, Yan Caramel <yancaramel@yahoo.com.br> escreveu:

Depois de haver viajado por nossa América, conhecida também como Abya Yala, pude ver de perto a realidade de vários países que são ignorados pela mídia capitalista y racista de nosso país. Quando voltei, depois de um ano de muita reflexão e emoção, tive contato com o pensamento de Mariátegui e, uma vez desperto para a questão éntica e de classe, optei por estudar o Movimento Katarista. Isso pra dizer como vim parar no encontro Indianista Katarista Ulaqa Sisa-Katari, realizado em El Alto, periferia de La Paz. Este se realizou nesta data em comemoração ao cerco a La Paz realizado pelos comandantes Tupaj Katari e Bertolina Sisa, em 1871, quando o povo indio campones se sublevaram contra o Estado colonial, na tentativa de recuperar o poder político e econômico do chamado Collasuyo.
Meu objetivo era encontrar como poderiam articular-se a teoria marxista com a subjetividade comunitarista, e cosmovisão andina, buscando elucidar quais foram os conflitos entre a chamada "isquierda criolla" e os Kataristas, e quais as os elementos culturais, ou énticos, poderiam fortaler a teoria e a prática marxista latino-americana. Desvendar as contradições do "Indianismo e marxismo: o desencontro de duas razões revolucionárias" (Garcia Linera). Porém, ao chegar a El Alto, encontrei algo que me fez despertar para um perigo eminente dentro do movimento Katarista, um indio que usava uma suastica nazista (dizendo ser um símbolo aymara, presente nas ruínas de Tiwanaku), e dizia pertencer a "raça pura aymara". De início me pereceu somente estranho, até que no dia seguinte ao iniciar o encontro, quando houve uma marcha saido de uma organização Katarista, voltei a ver este "tipo" e vi que conhecia a um dos "amautas" (sábios) extremamente respeitado nas cerimonias que se realizaram. Ao ver-me, perguntou ao amauta: "que hacen estos blacos aquí ?". Como se fosse pouco, participou da marcha, desde encima do carro que levava estatuas de Taupaj Katari e Bertolina Sisa, com sua jaqueta nazista e um cartaz com a suástica evolta em símbolos andinos, e até ao comprimento adotó. O que me incomodou mais foi o pouco caso que se fez com a presença tão simbólica deste, com a excessção de min, dois alemães, uma argentina e dois venezoelanos que estavam realizando uma brigada internacional de solidariedade. Quando gritei "abajo el nazismo carajo!", o amauta que mencionei logo acima saiu em defesa do elemento, dizendo que Hítler havia plageado aos aymaras quando utilizou a suástica, e que "estes extrenjeros", nós, estavamos tentando fazer com que mantivesse a situação de colonialidade. O "sábio" seguiu, e chegou a afirmar que quando Che esteve em Bolívia queria esterminar aos indios.
Está claro que houveram discriminações, por parte da chamada "isquierda criolla" e racista, que classificaram como pequeno-burgueses aos camponeses indígenas que detinham pequenas propriedades de terra durante o século XX. E que existem setores Kataristas que não aceitam que os classifique como esquerda e direita, e reivindicam- se enquanto conhecedores de uma visão "cósmica". Esta poderá existir, mas não posso omitir as diversas vezes que se manifestaram contra o marxismo, por ser proveniente do velho mundo, e algumas vezes que pareceram colocar-se como uma "raça superior", utilizando critérios boilógicos para determinar ideologia. A um antropólogo que exigiu explicações do "indio nazi", le ostilizaram, como a min, e este retirou-se. Posicionam-se, em alguns casos, como se todo elemento ocidental fosse "contanante" , ou colonizador, e como se pudessem eliminar toda influência ocidental que adquiriram. Dessa forma, alguns Kataristas, pouco valorizam, ou descartam a cultura letrada como instrumento para liberação dos povos originários. Contudo existem disputas políticas implícitas entre esquerdas e direitas, dentro desta ideologia, e ainda outros intelectuais e setores Kataristas que utilizam o arcabouço conceitual marxista, que não poderei relatar com detalhes, por não haverem participado deste evento.
Nestes momentos me lembrei do "Manifesto Antropófago", escrito por Oswald de Andrade, uma metodologia que poderia haver contribuído para uma criação teórica marxista, que fosse mais capaz de estabelecer a unidade entre estas duas razões revolucionárias. Cabe aos que buscamos a uma revolução socialista aprender com a história boliviana e conceitualizar o complexos processos de tranformação em nossa indo-afro-latino- america, Abya Yala.
Jallalla Bertolina Sisa
Jallalla Tupaj Katari
Socialismo o Muerte !
Yan - Estudante de Ciências Sociais
El Alto, Collasuyo (Bolívia).
14, de março, 2010

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