domingo, 11 de julho de 2010

Ecos do encontro com Dilma em casa de Lily Marinho

O encontro de Dilma Rousseff com damas da alta sociedade carioca, na casa de um dos nomes mais poderosos da aristocracia brasileira, Lily Marinho, rendeu uma excelente mídia para a petista. Alguns poucos torceram o nariz, mas por uma visão, me desculpem, um pouco mesquinha, algo rancorosa, de política. Eu continuo achando que o fato teve um significado extraordinário para quebrar preconceitos contra a candidata e o PT, opinião compartilhada pelo jornalista Luis Nassif. Aos poucos, surgem relatos mais consistentes sobre o encontro. Reúno os principais abaixo:

- Mônica Bergamo, na Folha.
- Hildegard Angel, no JB.
- Flavia Salme, no IG.
- Cassio Bruno, no Globo.

A matéria do Globo foi lacônica, fria, árida, constrangida. Por que será?

Destaco alguns trechos das matérias linkadas acima que me chamaram atenção:

Na matéria do IG:
“Ela é muito mais bonita pessoalmente”

De Carmem Mayrink Veiga, passando por Flávia Sampaio, namorada do empresário Eike Batista, à anfitriã Lily Marinho, Dilma foi elogiada pela aparência. “Não a conhecia, ela é muito agradável e bonita, muito melhor pessoalmente do que em fotografia”, disse dona Lily. “Ela é uma política e tanto, tudo que ela falou está certo. Ela está preparada para governar o Brasil”, acrescentou.

(...)A pedido dos jornalistas para que emitisse sua opinião a respeito do presidente Lula, dona Lily não economizou: “Ele é muito inteligente. Ele conseguiu nesses anos se fazer apreciar na Europa, nos Estados Unidos, é um encanto. Não o conheço pessoalmente, mas acho ele fantástico”.

(...)Ainda sentada à mesa, Alcione recebeu a atenção de Dilma e de dona Lily. Em troca, cantou, à capela, duas canções de Cartola – “As rosas não falam”, a pedido da presidenciável. “Sempre gostei da Dilma, é uma mulher fantástica, um exemplo para todas nós. Vai ser a nossa presidente da República”, falou a Marrom.

Quem também declarou voto na petista foi Ruth Niskier, mulher do ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Arnaldo Niskier. “Já conhecia a Dilma. E gostei muito do programa dela para a cultura e a educação. Já defini meu voto, é na Dilma”, anunciou, antes de, ao lado das amigas, deixar o local.
Na matéria da Hildegard, no JB:
Ao fim de seu almoço para Dilma Rousseff, cercada pela imprensa por todos os lados, Lily Marinho respondeu ao repórter que lhe perguntou se também fará almoços para os demais candidatos: "Não, só para ela!". Naquele momento, tive a certeza de que Dilma havia conquistado mais um voto.
(...)Dilma, em seu discurso de improviso, após a fala de Lily, foi uma grata revelação, para comentário geral. Falou com domínio dos assuntos, segura de si e das palavras, com simpatia e sorrisos, porém sem perder a firmeza que a caracteriza.

(...)"Ela fez um progresso extraordinário", comentou uma de nossa mesa. Fiquei na dúvida se Dilma realmente fez progressos ou se éramos nós que, até então, desconhecíamos seus talentos de sedução e de oratória.
Na matéria da Bergamo, na Folha:
A candidata se foi e as amigas formaram roda para comentar. "Ela está segura, senhora de si", dizia Andrea Agnelli, mulher do presidente da Vale, Roger Agnelli. "Achei importante ela falar de educação", disse Beth Floris, dona da editora Ediouro. Dona Lily gostou. "Vou fazer 90 anos. Sou velha para votar. Mas acho que, se votasse, seria na Dilma."
Agora a grande pergunta que não quer calar.

ONDE ESTÁ A CANDIDATA SEM CARISMA?????

Pelo jeito, os analistas políticos adotaram a teoria do "poste" e da candidata "sem carisma", que os eleitores teriam dificuldade de engolir, com demasiada afobação. Diria até com leviandade. Dilma não tem a cancha de sindicalista do Lula, acostumado a falar sem microfone para milhares de operários; nem a veia humorística do presidente, que, segundo relato de Silvio Tendler, acordava todo dia com idéias mirabolantes para gozar alguém. Dilma tem o carisma que pode ter uma senhora culta, oriunda da classe média alta de Belo Horizonte, com o charme algo subversivo que a participação na luta contra a ditadura lhe conferiu temperado com décadas de trabalho duro em áreas centrais de administrações importantes do Rio Grande do Sul, primeiro, e depois no governo Lula.

Amigas minhas, com idade entre 40 e 50 anos, com quem evito aliás falar de política, tem demonstrado um incrível preconceito contra Dilma. É uma coisa de louco. Elas afirmam não votar em Dilma por razões confessadamente emocionais: dizem que Dilma é antipática. E só. Esse almoço da candidata com a nata da elite feminina carioca (e não me refiro apenas à elite financeira, mas também intelecutal, visto que Nélida Piñon, grande escritora e membro da ABL, e Ruth Niskier, mulher do ex-presidente da ABL, Arnaldo Niskier, também estavam presentes) terá grande impacto nas rodas de mulheres do Brasil inteiro. As imagens de Dilma com as Vips circularão por sites e revistas com enorme capilaridade país afora, sobretudo em salões de beleza, consultórios, etc.

Esses elogios que a petista vem recebendo dos símbolos máximos de finesse, elegância, riqueza e cultura femininas deverão constituir um sólido capital eleitoral, sobretudo junto as mulheres, cujo voto tem sido mais crítico e mais difícil de analisar. Dilma lidera isoladíssima entre os homens; se conseguir ampliar seu eleitorado feminino, consolidará de maneira definitiva sua vitória no primeiro turno.


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