Entre a pesquisa de 24 de julho e a de agora, um intervalo de 20 dias, o Datafolha tira 4 pontos de Serra e adiciona cinco pontos às intenções de voto em Dilma. O que se intui por esse ajuste sem pudor é que a situação de Serra pode ser até pior. Há muito, o esfarelamento de sua candidatura vem sendo constatado por praticamente todos os demais institutos. Só o Datafolha resistia. Ao jogar a toalha sangrando Serra em praça pública com um cavalo de pau de nove pontos, o instituto da família Frias envia uma mensagem devastadora, quase uma admissão pública de que 'não dá mais para segurar'. O recado pode desencadear um 'salve-se quem puder' na coalizão demotucana, multiplicando-se as defecções na base aliada às vésperas de iniciar o horário político eleitoral. Esse risco é reforçado por outro indicador indigesto revelado pela pesquisa, uma espécie de 'fuja dele se você for candidato' que parece dar razão às estratégias de campanha que já escondem o nome e o rosto de Serra em santinhos. O ex-governador de SP, com declinantes 33% de apoio, já se aproxima dos 30% de rejeição -- está com 28%, segundo o Datafolha. Confirma-se assim o que outros institutos vinham captando: o tucano se debate espetado em uma cruz feita de porcentuais quase idênticos, mas de sinais trocados, em que a linha da rejeição sobe e a das intenções de votos desaba. A cristianização de sua candidatura, a exemplo do que ocorreu com o presidenciável Cristiano Machado, nos anos 50, abandonado pelo próprio partido, o PSD, que apoiou Vargas, pode se tornar um fenômeno epidêmico nas campanhas demotucanas em todo o país.
(Carta Maior; 14-08)
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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