Estava desde sábado para comentar isso. O Globo abriu manchete para dizer que os candidatos “escorregaram” nos números no debate da Band e cita o exemplo do aumento do salário-mínimo, que teria sido de 53,6% no Governo Lula “e não de 74% como disse a candidata”, citando “dados oficiais do Dieese”. Não é, não. O Globo comparou aumento do salário mínimo, simplesmente, com o número de cestas-básicas que ele compra.
Vamos aos dados oficiais do Dieese, que estão neste Tabela do Salário Mínimo Real (arquivo Excel, zipado), atualizado até junho de 2010.
Em janeiro de 1995, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu, o valor real do salário mínimo, usando o ano de julho de 1940 como base 100 (depois falo da importância disso), era de 23,60 pontos; em dezembro de 2002, último mês de seu mandato, passou a 26,34. Aumento de 11,6% em oito anos.
Em janeiro de 2003, primeiro mês do mandato de Lula, o índice baixou para 25,67. No mês de junho passado, havia subido para 45,27. Aumento de 76,35.
A mesma conta pode ser feita com os valores reais. Fernando Henrique, em janeiro de 1995, em valor real, R$ 265,86 e, em dezembro de 2002, R$ 296,72. Lula: janeiro de 2003, R$ 289,14; junho de 2010, R$ 510. Vai dar os mesmo percentuais.
Dilma foi gentil ao dizer que, dependendo da data do reajuste, os índices poderiam variar. Mas O Globo não disse que critério usou e escondeu-se atrás dos números do Dieese, sem dizer que, considerados os valores do primeiro e último dia de mandato dos dois presidente, Dilma está certíssima.
Os números do Dieese estão aí, para quem quiser ver, com honestidade. E é importante que os números do Dieese se refiram a julho de 194o para que todos vejamos que, mesmo tendo avançado muito no Governo Lula, o salário mínimo tem muito atraso a tirar antes que possa cumprir, realmente, a finalidade constitucional de sustentar dignamente uma família.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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