Estou impressionado com um caso relatado pelo amigo Arnóbio Rocha, tuiteiro com quem dividi os corredores do hospital em que minha filha Victória e Letícia, uma das filhas dele, estiveram internadas ao mesmo tempo há alguns meses.
Esse caso dá uma idéia das barbaridades que estão sendo praticados nesta campanha eleitoral, que pode passar à história como uma das mais sujas que este país já viu depois da redemocratização.
Vale relatar que tudo se deve ao candidato da mídia, bem como a própria, não estarem aceitando limites sobre o que usar para vencer a eleição presidencial.
Arnóbio relata, via Twitter, bullying que uma de suas filhas sofreu na escola em que estuda devido aos seus pais serem eleitores declarados de Dilma Rousseff.
O caso me parece extremamente grave. Inaceitável numa democracia. Este é o primeiro relato de dois que pretendo fazer hoje sobre o clima que o candidato José Serra, o jornal Folha de São Paulo, a Rede Globo, o Estadão e a revista Veja, entre outros, estão impondo ao país.
Arnóbio começa seu relato explicando o que é bullying: “Termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully – «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender”.
Segundo Arnóbio, sua filha de 9 anos estuda em uma escola cristã de classe média de São Paulo e foi vítima de “bulliyng pesado” por “defender Dilma”. Teria sido importunada por coleguinhas cujos pais votaram em Serra, que debochavam dela alegando que o tucano teria “vencido” o primeiro turno e Dilma, “perdido”.
A garota, segundo o relato, teria revidado dizendo que havia “mais eleição” pela frente – bela resposta para uma criança de nove anos. Todavia, naquele momento os coleguinhas começaram a gritar “Dilma Assassina”, e que ela “foi presa”, que “roubava” e que “mata crianças”.
Agora a parte mais revoltante e assustadora: a filha de Arnóbio diz ter sido caçada, encurralada e recebido socos e pontabés, além de os agressores terem pisado na mochila dela enquanto gritavam insultos e deboches.
Quando a mãe da menina foi buscá-la na escola, encontrou a filha aos prantos tentando relatar a agressão que sofrera.
Ainda segundo meu companheiro de hospital – alguém que tem a filha primogênita, de doze anos, sofrendo de leucemia -, este é o perfil dos pais dos alunos da tal escola: curso superior e salários, em média, de R$12 a 15 mil.
Arnóbio ainda assevera que “Nem em 1989 Collor ousou pregar o ódio de forma tão aberta” e que “Transformaram as eleições num inferno, em São Paulo”. E conclui dizendo que “não dá mais para ficar calado”.
Na classe da vítima dessa nova forma de bullying inventada pela campanha de Serra, o “bullying eleitoral”, dos 21 alunos 4 dizem que os pais votam em Dilma e todos estão sendo vítimas dos demais.
Arnóbio não quer revelar o nome da escola, no que julgo que está certo. Mas só até o ponto em que essa instituição tomar providências. Se tal não ocorrer, penso que ele deve tomar uma atitude. Não denunciar essa barbaridade equivale a aceitar ter a sua liberdade de expressão e de opinião desrespeitada.
Aguardemos…
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