Andrea Jubé Vianna – O Estado de S.Paulo
A presidenciável do PT, Dilma Rousseff, abriu espaço em sua agenda, pautada nos últimos dias
pelos temas religiosos, para um roteiro à lá “ilha de Caras”, cheio de celebridades. Na próxima segunda-feira, Dilma aparecerá ao lado de Chico Buarque, num evento de apoio à sua candidatura que marca o retorno do compositor à cena política. Antes, nesta semana, a petista comparece a um jantar na casa do jogador Ronaldo, do Corinthians – encontro que causou saia-justa no comando da campanha.
Chico, que no passado se engajou nas campanhas de Lula, estava afastado da política. Em abril, sua declaração de apoio a Dilma não repercutiu, porque foi publicada em uma revista brasileira que circula apenas na França. À revista Brazuka, Chico afirmou que votaria em Dilma porque “é a candidata do Lula”. Mas ressalvou que não faria diferença se José Serra (PSDB) ganhasse a eleição.
Seis meses depois, entretanto, Chico ressurge como militante, liderando um grupo de artistas e intelectuais pró-Dilma. Num ato público convocado para o próximo dia 18, no Teatro Casa Grande, no Rio, o grupo entregará um manifesto de apoio à petista. Leonardo Boff, Emir Sader e Eric Nepomuceno dividem a cena com Chico.
“Nós, que no primeiro turno votamos em distintos candidatos e em diferentes partidos, nos unimos para apoiar Dilma Rousseff”, diz o documento, que circula na internet recolhendo assinaturas de simpatizantes.
“Bola fora”. O jantar com Ronaldo Fenômeno está programado para quinta-feira, na casa do jogador no bairro de Higienópolis, zona oeste de São Paulo. O evento, confirmado pela equipe do marqueteiro João Santana, dividiu a coordenação da campanha de Dilma Rousseff.
Para os contrários ao encontro com o craque, a agenda é “bola fora”. Acham que se houver repercussão, será negativa, porque Ronaldo não anda bem nem com a torcida. “Se ele ainda fizesse gol”, pondera um dos membros da campanha.
Além disso, os petistas ainda não apagaram da memória o mal-estar do jogador com o presidente Lula. Em 2006, durante a Copa do Mundo, Lula participou de uma videoconferência com jogadores da seleção. Perguntou ao técnico Carlos Alberto Parreira se Ronaldo estava gordo. Ausente no bate-papo, o craque reagiu, depois, com farpas: “Tanto é mentira que eu sou gordo como deve ser mentira que ele bebe pra caramba.”
No primeiro turno, Ronaldo ofereceu um jantar a José Serra, ao qual compareceu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros craques do Corinthians. No dia seguinte, Ronaldo escreveu em sua conta no microblog Twitter que o evento não significava apoio formal ao tucano e ressaltou que pretendia se encontrar com outros presidenciáveis. No entanto, o convite a Dilma só veio no segundo turno.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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