sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A farsa pró-Serra do Jornal Nacional

Na imagem acima, quatro frames de dois vídeos – um do SBT e três da Globo. Nos dois primeiros, os momentos em que dois objetos distintos teriam atingido a cabeça de Serra. Clicando aqui, o leitor pode assistir ao vídeo do Jornal Nacional. E, aqui, ao do Jornal do SBT.
O Jornal Nacional contestou o vídeo do Jornal do SBT dizendo que Serra foi atingido duas vezes na cabeça por objetos atirados por militantes. Contudo, assistindo ao vídeo da Globo é possível ver que tanto em uma ocasião quanto na outra a reação de Serra é a mesma após o impacto do objeto.
Voltando à imagem acima, nos três frames do vídeo do Jornal Nacional, o primeiro mostra o objeto atingindo a cabeça de Serra e os dois seguintes mostram que, tanto quanto no vídeo do SBT, o tucano ficou impassível.
Segundo o telejornal da Globo, mesmo Serra tendo sido atingido uma segunda vez, o jornalista que a emissora diz ser da Folha de São Paulo e que teria filmado a cena com o seu “celular” desviou o aparelho de Serra para retornar quase um minuto depois, quando o candidato já interrompia a impassibilidade e levava as mãos à cabeça – depois do telefonema?
Não é preciso ser nenhum gênio da perícia científica para entender que qualquer um que seja atingido por um objeto contundente na cabeça não dá vários passos adiante impassivelmente. Um impacto que deixe alguém zonzo tem o poder de empurrar o alvo para baixo ou de desequilibrá-lo.
É um escândalo o que fez a Globo. Sobretudo porque em sua filiada à cabo, a Globo News, o comentarista Merval Pereira acusou o SBT de ter forjado a reportagem em que disse que Serra passou a simular dor depois de receber um telefonema.
Segundo a Globo, o telefonema que Serra recebeu foi após o primeiro e o segundo impacto. A suposição implícita na reportagem do SBT de que esse telefonema pode ter levado Serra a simular dor pode ser usada da mesma forma, tanto para antes quanto para depois do impacto.
O telefonema pode ter ocorrido depois do primeiro impacto, em uma versão, ou depois do segundo impacto em outra. Nada muda o fato de que a dor na cabeça de Serra passou a ser demonstrada, fazendo com que fosse embora, só depois dos dois impactos e do telefonema
Fica claro que em nenhum dos dois momentos Serra reagiu como quem tivesse sido atingido por um objeto suficientemente contundente para levá-lo a fazer uma tomografia. Não há marca, não há qualquer vestígio de um só arranhão.
A ciência explica um impacto que deixe alguém (mais) tonto não deixar absolutamente nenhuma marca?
Aliás, falando nisso, cadê a tomografia? Seria bom ela ser juntada aos elementos que já se tem, se é que existiu o exame. Não que sua eventual existência provasse alguma coisa, porque o médico tucano já disse que não encontrou nada na cabeça de Serra…
A Globo manipulou imagens que, a rigor, mostram exatamente o mesmo que as da emissora concorrente, ao menos em termos de impassibilidade de Serra depois de cada uma das vezes em que foi alvejado.
Como tem funcionário da Globo dizendo no ar que a matéria do SBT é uma fraude, e como o jornalista desta emissora que fez o vídeo da bolinha de papel acompanhou tudo, ele deve ter muito a dizer sobre a matéria de hoje no JN.
Agora, quem deve dizer muito mais é a campanha de Dilma. Deveria fazer uma crítica forte à conduta da Globo no programa da candidata na TV e no rádio. A matéria apresentada no Jornal Nacional de quinta-feira tenta fazer uma nação inteira de trouxa.
Dizer que não há pelo menos exagero em Serra ter ido fazer tomografia e depois anunciado que iria repousar por 24 horas – o que não ocorreu – é um escárnio, uma afronta à inteligência da população.
Mas o pior é que, até o momento, o lado do tumulto acusado pela Globo de ter promovido tudo simplesmente foi impedido pela emissora de dar a sua versão dos fatos, ainda que o que circule na internet seja a versão de que foram os tucanos que marcharam em direção aos petistas.
A hipótese de que os objetos foram atirados contra Serra por petistas é tão boa quanto a de que tudo foi uma armação do PSDB, do seu candidato e da Globo. Uma investigação deveria ser aberta pela polícia, aliás.
Mas de uma coisa eu não tenho dúvida nenhuma: qualquer pessoa que tenha visto qualquer um dos vídeos constatou que a cabeça do Serra saiu do tumulto tão incólume quanto entrou, e que ele, no mínimo, demorou na reação ao impacto de um dos objetos e exagerou escandalosamente nessa reação.
Se diante dessa atitude escandalosa da Globo o programa da Dilma e/ou o próprio presidente Lula não fizerem uma crítica severa e pública à emissora, estarão enviando ao eleitorado uma mensagem subliminar que, aí sim, pode gerar prejuízo político à candidata do PT à Presidência.
Espero que o PT, o presidente Lula e a ministra Dilma já tenham entendido, definitivamente, que o dito popular de que “Quem cala, consente” anda mais em vigor do que nunca, neste país. Não dá mais, a esta altura, para receber ataques como esse sem rebater à altura.

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