Peço ao leitor que envie este texto a quem achar que precisa lê-lo. Imprima ou envie por e-mail. E sugiro que use o título acima. Contudo, se achar outro título melhor, fique à vontade. Só não deixe de dar estas informações a todo aquele que se enquadra no tipo de eleitor que o texto descreve. Mas faça isso já, porque a eleição é neste domingo.
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Você pode nunca ter percebido, mas passou a vida reclamando de alguma coisa que tem relação com o ato de votar. E pode não ter percebido isso ainda porque, em um país como o Brasil, desde a infância recebemos estímulos a não prestar atenção na política e a vermos “os políticos” como “coisas” das quais temos que manter distância.
Estou escrevendo este texto, portanto, para convencê-lo a escolher candidatos a todos os cargos para os quais será possível votar no próximo domingo, dia 3 de outubro de 2010. E faço isso porque, quando tais cargos forem ocupados por aquele em quem a maioria vier a votar, quem ocupá-los terá como interferir nas nossas vidas – e muito.
Por exemplo:
Quando você reclama do atendimento no hospital, seja ele público ou particular, está reclamando do governo. Não necessariamente daquele governo que está no poder no momento, a depender do tempo em que um presidente, por exemplo, estiver governando.
O mau atendimento no hospital naquele momento em que você mais precisa de apoio pode ter sido ruim e te feito sofrer – ou a alguém que você ama – mais do que seria inevitável se quem o atendeu, seja médico ou enfermeira, tivesse tido condições físicas ou psicológicas de cuidar dos seus pacientes da melhor forma possível.
Você poderia ter dado condições de trabalho àquele médico ou àquela enfermeira, eleitor, se tivesse escolhido melhor o seu candidato.
E, mesmo que tenha votado em outro candidato que não aquele que não cuidou para que hospitais públicos ou particulares sejam obrigados a dar o melhor atendimento – ou que tenham meios de dar tal atendimento –, você poderia ter trabalhado para eleger o candidato que agora você confirma que sabia que ele poderia ter sido a melhor alternativa.
O patrão faz com você o que quer e você não pode reclamar? É injusto o seu salário? Você acha que é explorado? Bem, você pode ser culpado por não ter votado em políticos que não apenas disseram que iriam melhorar a vida de quem tem que trabalhar para sobreviver, mas que tinham currículos que revelavam de que lado ficaram na hora de propor ou votar leis que poderiam proteger o trabalhador.
E não se esqueça de que trabalhador não é só aquele operário, aquele peão, mas também você que trabalha em escritórios, em lojas etc. Quando você vê gente dizendo que não dá pra fazer esta ou aquela lei que propõe tornar mais fácil a sua sempre dura vida de empregado, abra o olho.
Recentemente, um telejornal apresentou uma notícia sobre proposta de acabar com direitos trabalhistas como 13º salário, férias etc. para tornar mais “barato” para os patrões contratarem seus empregados, pois assim eles contratariam mais gente. O comentarista da emissora de televisão opinava que essa proposta seria melhor para quem trabalha.
Será que essa proposta é para o seu bem mesmo, eleitor? Onde está a prova de que isso é verdade. Você aceitará só a palavra do comentarista da televisão ou do jornal? Não acha que é pouco? Que tal ouvir uma opinião diferente e comparar as duas versões? Se o jornal ou a televisão ou a rádio não derem opinião diferente, desconfie.
Depois, para escolher o seu candidato, procure saber se ele defendeu uma idéia dessas, de reduzir os benefícios que sua empresa está obrigada a lhe pagar. E se não tiver ouvido falar do assunto, dessa proposta de diminuir direitos, procure se informar. De preferência com pessoas ou meios de comunicação que defendem cada um dos candidatos a presidente,e não só neste caso de leis trabalhistas.
Se você for autônomo, se for patrão ou mesmo se não precisa trabalhar, enfim, se você tiver uma vida mais confortável, dinheiro, saúde etc., lembre-se de que quando todo mundo está em dificuldade há mais pessoas que perdem o controle ou se desesperam a ponto de pensarem em cometer um crime para ter como sobreviver com mais conforto, com menos dificuldades.
As pessoas muito pobres estão sempre muito próximas de cometerem o ato de desespero de tirar alguma coisa de que precisam daquelas pessoas que têm de sobra o que lhes falta. Em geral, é dinheiro. E, quase sempre, conforme o grau de desespero que leva alguém a cometer um crime para obter aquilo de que precisa, a violência acaba sendo o caminho.
Claro que há aqueles que cometem os crimes porque são malvados. São pessoas que já vivem com dignidade, mas querem luxo. Essas precisam de outra providência dos que governam para impedir que façam mal às pessoas roubando ou até agredindo. Para essas pessoas, a solução é uma polícia que proteja a você e a todos nós.
Neste ponto, lembre-se de que uma boa polícia não é só aquela que tem carros e armas, mas uma polícia que queira ajudá-lo, protegê-lo. E para querer fazer isso o policial tem que ser não apenas bem escolhido, mas tem que ser pago de forma que esteja estimulado a se dedicar ao seu trabalho.
Quem escolhe o governo que paga o salário do policial, por exemplo, também é você, eleitor. Quando não vota ou prega que votar não adianta, você está trabalhando para que o malvado ou o desesperado que decidam tirar dos outros, por meio da violência, aquilo que querem ou que precisam, não sejam contidos pela polícia.
Esse princípio vale para tudo. A escola pública ruim, a escola particular que você paga para si ou para os seus filhos dentro dos seus padrões de renda e que não oferece ensino como o das escolas mais caras…
Tudo que não está bem, está desse jeito devido à escolha dos candidatos que poderiam mudar essa situação, sejam candidatos a vereador, a deputado, a senador, a prefeito, a governador, a senador ou a presidente.
Mas se as coisas estão indo bem para você e para os seus, não se esqueça de que isso pode ter muita relação com o voto que você deu. Se não tivesse dado aquele voto em uma época em que as coisas estavam ruins, talvez não tivessem melhorado.
Enfim, não tome uma decisão sobre esse fato só com base no que ouve dizer. Ouça ou leia várias opiniões, de quem pensa de um jeito ou de outro. Jamais as de um só lado.
Aliás, sempre que você tiver dificuldade em ler ou ouvir quem pensa diferente, desconfie. Se o jornal ou a televisão ou o rádio ou a internet dizem sempre a mesma coisa sobre este ou sobre aquele político ou partido, procure saber o que dizem os que pensam diferente. Jornalista não é Deus.
Ninguém tem a última palavra quando o assunto é política, quando o assunto é o SEU voto, que só pertence a você. Jamais dê bola quando alguém lhe disser que não deve nem prestar atenção ao que diz um dos lados em uma disputa entre políticos por cargos como presidente, deputado, governador etc.
E não pense só em você quando for escolher seu candidato. Lembre-se de que o que você acha que pode ser melhor para você, se não for melhor para todos você também poderá vir a ter problemas, pois em um país em que há muita gente sofrendo o ambiente se torna mais propício a que as pessoas façam loucuras, cometam desatinos que podem atingir a qualquer um, por mais rico ou satisfeito em suas necessidades que possa estar.
Se não foi assim que fez no passado, saiba que muito do que lhe aconteceu de bom e de mau pode ter acontecido apesar de você não ter votado bem ou por ter votado mal. E mesmo que tenha votado com a cabeça, se o seu voto não tiver funcionado isso pode ter acontecido porque você não tentou convencer outros a votarem direito.
Só não faça uma coisa, eleitor: não deixe de escolher com a cabeça e com cuidado os seus candidatos na eleição deste ano. Faça isso em benefício do seu futuro e do futuro daqueles que você ama. E não dê ouvidos a quem prega que não adianta votar porque “todos são iguais”. Essa pessoa está prejudicando a si mesma e a todos nós.
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