A indagação predileta do colunismo brasileiro desapareceu diante dos motins que abalaram as cidades britânicas. Governo fraco, polícia incompetente e brutalizada (a mesma que assassinou Jean Charles de Menezes), crise econômica, preconceito, desigualdade social, gangues de criminosos – todos os piores ingredientes do imaginário autodepreciativo das repúblicas bananeiras reúnem-se para desintegrar as ilusões do paraíso civilizatório europeu. De novo, e sem as desculpas fáceis de uma psicose individual.
Depois nós é que não merecemos abrigar efemérides internacionais. E somos nós, pasmem os senhores, que desprezamos nossas prioridades administrativas.
Enquanto os gênios colonizados tentam culpar os vilões de sempre (minorias étnicas e imigrantes), os analistas locais derrubam a teoria e acusam justamente as milícias brancas xenófobas pela exacerbação dos conflitos. Sobra até para o otimismo revolucionário de parte da esquerda, às vezes condescendente com certas pautas vazias das protestações contemporâneas, e que agora precisa engolir sua vanguarda jovem espalhando badernas como uma súcia de vikings embriagados.
E é importante salientar que, mesmo cercada pela selvageria, a combativa imprensa do Reino Unido jamais ousou condenar a realização dos Jogos Olímpicos ou questionar a capacidade do país para sediá-los.
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