Desde ontem, a
grande imprensa começou a tornar evidente aquela
“Operação Abafa” sobre o caso Demóstenes-Cachoeira.
Primeiro, o
Estadão, com
áudios absolutamente vazios
de supostas conversas entre o deputado Protógenes Queiroz e o agente
“Dadá”, que -ao que parece – arapongava para meio mundo. Protógenes, um
delegado de polícia, não tem nenhum diálogo comprometedor com o agente
e, se teve, nada melhor que esclarecer isso numa CPI. Aliás, é estranho
que seis telefonemas vazios de Protógenes a alguém que, oficialmente,
pertencia à um órgâo de investigação sejam notícia e não o sejam os 200
telefonemas entre o próprio Cachoeira e o editor da revista veja,
Policarpo Júnior, numa parceria “pelo bem do Brasil” que já durava oito
anos.
Mas hoje
O Globo deixa mais claro o jogo, servindo-se de uma
declaração do presidente do PT, Rui Falcão, que liga o caso Cachoeira a
possíveis montagens contra o Governo Lula feitas com a ajuda da
conexão Cachoeira-Veja, que parece continua a ser um tabu para a mídia.
Logo, em nome do esclarecimento do dito “mensalão”, abafe-se a Cachoeira…
A democracia não pode conviver com a divulgação seletiva de
irregularidades. É preciso que o inacreditável poder de um bicheiro
sobre a mais altas figuras da política e da imprensa não fique sendo
demonstrado aos pedaços, contra aqueles a que “interessa” desmoralizar,
mas encobrindo as figuras que o conservadorismo e a mídia tem no seu
altar.
Corrupção não é assunto que requeira “segredo de justiça” em sua
apuração, salvo em ocasiões especialíssimas, no curso de investigações. E
são a mídia e a Polícia Federal, apenas, quem está escolhendo o que
deve ser divulgado, a conta-gotas.
O povo brasileiro e a própria credibilidade da democracia brasileira exigem que tudo venha à tona.
Se Carlos Cachoeira tem ligações com a investigação sobre o
“mensalão”, que elas apareçam. Se tem ligação com as denúncias que, onda
após onda, a Veja apresentava, servindo-se de escutas e filmagens
providenciadas pelo bicheiro, que se apure. Existem pessoasdo esquema
Cachoeira que o afirmam expressamente.
O que não se pode é fazer da divulgação parcial e seletiva de
gravações, escolhendo os personagens e os contextos “que interessam”,
uma “verdade” conveniente, que determina quem deve ser execrado e quem
deve ser preservado.
Do contrário, seria melhor que se desistisse de uma CPI e se deixasse
o próprio STM – Supremo Tribunal da Mídia, a mais alta corte política
do Brasil – decidisse – como decide há anos – quem deve ser
impiedosamente decapitado e quem vai, como fez Demóstenes Torres durante
muitos anos, posar de paladino da moralidade, embora enterrado até o
pescoço no pântano das cumplicidades escusas.
Do Blog
TIJOLAÇO.COM
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