Mino Carta, CartaCapital
A lição paterna, de todo modo, influenciou bem mais meus comportamentos do que a de minha mãe, e assim esclareço por que meu propósito é tocar em assuntos a envolverem fé religiosa e atitudes eclesiásticas. Espanta-me, confesso, que ao cabo de oito anos de debates, o Supremo Tribunal Federal somente agora decida se grávidas de fetos sem cérebro podem abortar sem risco de acabarem presas. E falamos de seres destinados ao oblívio em vida.
Quando, candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff aventou a possibilidade da descriminalização do aborto, foi grita geral. A ex-guerrilheira ousava além da conta e a ideia foi rapidamente abortada. Há muito tempo o aborto deixou de ser crime nos países mais civilizados e democráticos do mundo. Na Itália, cujo Estado e cuja Justiça foram afrontados pelo governo brasileiro no Caso Battisti, o aborto foi descriminalizado na década de 70, na época em que, segundo o ex-ministro Tarso Genro e eminentes juristas nativos, a Península era dominada por um governo de extrema-direita contra quem se insurgiam heróis da resistência como Cesare Battisti. Diante disso, o arco da velha descoloriu.
Não sei o que se pode esperar do nosso
Supremo. Mas que aquela questão esteja em pauta, e em uma versão que não aceita
perplexidades, é de pasmar. Leio um pequeno livro que a Editora Einaudi acaba
de lançar na Itália, registra o diálogo entre o cardeal Carlo Maria Martini, figura
extraordinária que concorreu à vaga papal com o então cardeal Ratzinger no
Consistório de 2005, e o cientista Ignazio Marino. Observa Martini que a
postura negativa e apriorística da Igreja diante das mudanças provocadas pelo
progresso e pela técnica nunca foi bem-sucedida. Galileu docet, ensina,
acrescenta.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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